Dupla no cume. (foto: Arquivo Roberta Nunes)
O cinema no Brasil tem ganhado destaque no cenário do montanhismo mundial graças a documentários bem produzidos, como Extremo Sul. Mas participações ativas como a da paranaense Roberta Nunes no espanhol Hidrofilia diversificam ainda mais o cenário de filmes. Hidrofilia retrata a escalada realizada por ela e pela espanhola Cecília Buil na Groenlândia, em agosto de 2003.
Dirigido por Jesus Bosque, o documentário tem duração de pouco mais de uma hora e conta a aventura das duas alpinistas na bem-sucedida escalada da maior via em granito aberta por mulheres na história da escalada mundial.
Título do filme, Hidrofilia foi como a via acabou batizada. O reconhecimento da qualidade do material apresentado na produção vem se dando em vários concursos. No espanhol Torello (www.torellomountainfilm.com), o filme foi o vencedor, assim como em um realizado na França (www.festival-autrans.com).
O Hidrofilia conseguiu ainda entrar para o circuito internacional de 2005, graças ao BANFF (www.banffcentre.ca/mountainculture/festivals/schedule/highlights), do Canadá, e está sendo apresentado em diversos países. O documentário também foi selecionado para a mostra na Inglaterra (www.mountainfilm.co.uk) e na Itália (www.mountainfilm.com/de/2004).
Roberta Nunes e Cecília Buil concluíram a escalada na Groenlândia em 10 de agosto de 2003, depois de abrirem via na parede de granito Thumbnail. As alpinistas ainda conseguiram a proeza de alcançar o cume da montanha, localizada 150 metros acima da Thumbnail.
Chamada de Hidrofilia, a via aberta tem no total 1.620 metros, inteiramente em rocha. A dificuldade varia e alcança, em determinados trechos, graduações como 6C+ e 7ª, que corresponde à penúltima parte da rota.
Para cumprirem o objetivo, Roberta e Cecília precisaram de cinco dias. O clima era perfeito e os nervos não nos deixaram dormir muito, lembra o brasileira. Às 4 horas do dia 10 nós acordamos motivadas e ansiosas para escalar. E desfrutamos de um dia perfeito, acrescenta.
A dupla só chegou à base da torre por volta das 16h30. A última parte foi a mais difícil e uma das mais bonitas: 50 metros muito verticais e com fissuras paralelas ao estilo do Yosemite, descreve Roberta, que precisou de outros duas horas até atingir o cume.
Não encontramos nenhuma evidência de que tenha sido escalada anteriormente, já que o acesso não é fácil e não encontramos nenhum rapel, finaliza Cecília.
Este texto foi escrito por: Jorge Nicola