Vi um sujeito ter a mão arrancada, uma visão bem terrível, disse o comandante Mike Sanderson. Homem ao mar! São as palavras que um comandante mais teme escutar. Se você cair a chance de não sobreviver é grande disse Sanderson.
Ele conta que já viu tripulantes serem atingidos na cabeça e se perderem no mar, Velejar é perigoso, diz Sanderson casualmente. Pode ser comparado a pular de pára-quedas e outros esportes altos em testosterona.
O pior que pode acontecer em uma quadra de tênis é romper um tendão. Mas isso não mata ninguém. Agora, cair no mar e se afogar… Sanderson imagina meios melhores de morrer. Preferiria cair de uma montanha.
Mas esses não são momentos que Sanderson quer ver na Volvo Ocean Race. Manter-se saudável e inteiro em um percurso de competição, muitas vezes brutal, de 50 mil quilômetros pode ser um desafio.
Se você tiver problemas de rim em casa, chama uma ambulância e é levado imediatamente para o hospital. Se você se machucar feio, no entanto, em alto mar a ajuda não está na esquina. Felizmente o ABN AMRO I já tem à bordo 4 tripulantes que receberam treinamento médico anteriormente. Dois estão escalados como médicos de bordo; Justin Slattery e Jan Drekker.
Esses médicos de bordo recebem treinamento em uma grande variedade de primeiros socorros. Isso porque uma prova de Volta ao Mundo não é um passeio no parque. Muitas vezes é até mortal. Fisicamente a prova é mais do que dura, mesmo para os tripulantes mais bem preparados.
Sanderson é rápido em destacar, porém, que nunca teve que tratar de casos muito sérios quando era médico de bordo. Principalmente algumas suturas e algumas clavículas quebradas. Nada muito sério para um lobo do mar.
Algumas vezes para manter os tripulantes saudáveis não é necessário recorrer a alta tecnologia. É apenas uma questão de remendar aqui e ali, domo diz o filho de um cirurgião. Ele diz ainda que não liga muito para a visão de sangue.
Sanderson descreveu uma competição onde, em um barco que estava ao lado dele, um tripulante teve a mão arrancada, é uma visão bem forte Pode parecer exagero, mas não é: ele estava recolhendo um cabo e uma presilha quebrou Uma presilha tem a função de manter o cabo firme no lugar. Com os ventos fortes, um laço do cabo se enroscou em sua mão e a arrancou.
Enquanto algumas contusões podem ser prevenidas, outras fazem parte do jogo. Slatery mesmo, recentemente, fraturou algumas costelas e caiu diversos degraus escada abaixo. O barco estava sacudindo muito naquele momento. É assim mesmo, as pessoas podem se machucar.
Recentemente quando a recordista (71 dias e 14 horas) mundial Ellen McArthur retornou de sua Volta ao Mundo em solo (apenas ela como tripulante de um catamarã de 75 pés) e sem escalas, estava coberta de hematomas dos pés à cabeça. Foi uma visão impressionante. Os tripulantes dos ABN I e II também têm a suas cotas de cicatrizes e contusões, pois um barco é até feito pra cortar o mar ruim, mas, muitas vezes, às custas de seus tripulantes.
Durante uma prova não há muito tempo livre para um tripulante contundido. Ele tem que se superar. Slatery disse que dessa vez teve sorte em se machucar nos treinos. Em fevereiro ele conseguiu um tempo pra se recuperar. Disse ainda que teve uma vantagem nesse período de 2 semanas de ausência do treinamento intenso, ele teve tempo de voltar ao Reino Unido para comprar um anel junto com a sua noiva Susan.
Não para medrosos – Slattery , durante a Volvo Ocean Race 2001/2002 teve que dar 5 pontos na cabeça de um outro tripulante, ajudado por outros quatro, enquanto o barco corcoveava como um cavalo bravo. E qual foi o resultado dessa operação inusitada com agulhas, sangue e sobe e desce?
A resposta pode ter sido o motivo pelo qual Justin foi escolhido como médico de bordo desta vez. Foi um belo trabalho, posso dizer respondeu rindo. Os doutores de verdade ficaram impressionados quando viram o trabalho ao voltarmos para terra. Levando-se em conta as circunstâncias!
Este texto foi escrito por: Webventure
Last modified: abril 17, 2005