Foto: Pixabay

Fogo consome o morro do Camelo, point de Analândia

Redação Webventure/ Montanhismo

“Ontem, feriado de 7 de setembro, por volta das 17h, foi provocado um fogo na beira da estrada de Analândia (SP), bem embaixo do Camelo, no trecho em que a matinha quase encobria a estrada. Vi da cidade a fumaça, corri para lá e a situação estava totalmente fora de controle. O fogo já ardia queimando o cume da última corcova e já chegava por baixo. Queimava em duas direções, subindo em direção à cabeça impulsionado pelo vento que soprou forte ontem.

Logo chegou o pessoal da Defesa Civil e mais uns voluntários e
fazendeiros. Eles isolaram o morro do pasto. Fiquei até a meia-noite quando o fogo na face leste tinha parado na trilha que sobe para a cabeça. Dali para trás queimou tudo.

Na face oeste, o fogo estava fraco, contra o vento, mas queimava nas encostas íngremes de blocos e pedras, inacessível. Nesse momento calculo que mais de 80% da mata do Camelo tenha sido completamente queimada. O incêndio causou um desastre ecológico dentro do parque Corumbataí, um dos poucos refúgios para a fauna, uma vez que as áreas de mata são poucas aqui na região. A queimada do Camelo, um dos cartões postais da cidade significou para nós alpinistas um point de escalada perdido.

Perigo e negligência – No verão o perigo de erosão será monstruoso, pois a vegetação inteira foi embora, agora é só areia e pedra. As autoridades precisam interditar o local ao acesso das pessoas, pelo menos até o fim do próximo inverno, senão o morro vai simplesmente desfazer se as pessoas sairem andando por lá.

O triste é eu já saber que ia acontecer e por mais que eu tente a polícia e a Prefeitura não fazem nada. Há mais de ano que todo feriado/fim de semana acampam farofeiros, malucos e até marginais de toda estirpe por lá. Nesse feriado haviam mais de 15 barracas, da minha casa aqui dava para ver as fogueiras à noite.

A prefeitura reclama no feriado só tem dois soldados de plantão e se eles vão no Camelo a cidade fica “desguarnecida”. Às vezes tenho a nítida impressão que o mundo está acabando mesmo.”

Este texto foi escrito por: Mauricio “Tonto” Clauzet

Last modified: setembro 8, 1999

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