Eles poderiam estar jogando futebol, como a maioria dos garotos de sua idade. Escolheram, porém, um esporte muito mais radical. Namoradas e mães parecem não gostar muito desta opção mas o rafting agradece pela alegria e juventude que a equipe Fogo na Bomba leva para os campeonatos de que participa.
Os meninos, que têm entre 14 e 19 anos, treinam juntos há aproximadamente sete meses e têm muitos planos para o futuro. “Queremos melhorar cada vez mais, sempre com muita humildade e força de vontade”, afirma Fábio, de 19 anos. Binho, como o integrante é conhecido, ficou famoso no Brasileiro de Piraju por competir usando uma tiara com anteninhas vermelhas.
Esta irreverência é uma das marcas da equipe de Brotas. Nos intervalos entre as provas do Brasileiro, sempre era possível encontrar um dos garotos dançando, usando peruca ou cantando no microfone da organização. “Levar alegria é um dos nossos lemas”, explica Jo, considerado pelos próprios companheiros como o mais “palhaço” da equipe.
A pouca idade não parece ser um obstáculo para os meninos. “Tudo depende do tipo de rio. Há lugares onde o fato de nossa equipe ser mais leve até ajuda. Acho que temos vontade, e isso é o mais importante”, explica Danilo, considerado o mais “reclamão”da equipe.
Mãe é mãe – Se a juventude não atrapalha no bote, em casa a coisa já fica mais complicada para esses atletas. “Minha mãe queria vir de qualquer jeito para fazer comida, cuidar de mim. Mas ela não gosta muito de água e percebeu que esse não era o lugar dela”, conta Du, o integrante mais jovem da Fogo na Bomba com 14 anos.
“Minha mãe pediu para eu ligar para casa todo dia. Ainda bem que aqui nem tem telefone porque, senão, ela com certeza ficaria telefonando o tempo todo”, brinca Alexandre.
Choro – As namoradas também sofrem. A de Du, por exemplo, ficou chorando a semana inteira que antecedia ao campeonato. “Ela tem medo do rio, de alguma coisa acontecer comigo”, explica.
Essa não é porém, a preocupação da maioria das namoradas. “Acho que a minha namorada fica com medo de eu encontrar outra garota por aqui”, explica Alexandre. Segundo os garotos, até certo ponto elas têm mesmo razão para se preocupar: garotos que praticam rafting sempre acabam chamando a atenção, ainda mais numa cidade pequena como Piraju.
Resultados – Os meninos do Fogo na Bomba mostraram que, além de divertidos, são uma das mais importantes promessas do rafting brasileiro. “Se continuarem remando assim, esses meninos têm tudo para estourar”, afirma Néia, ex-integrante da equipe feminina Canoar Irazul, que não participou deste Brasileiro. Ela estava assistindo à Copa de Resgate e ficou impressionada com os meninos.
A equipe conseguiu ficar em terceiro lugar na I Copa Brasil de Resgate em na 13ª colocação no Campeonato Brasileiro que contou com a participação de 20 equipes masculinas.
Este texto foi escrito por: Débora de Cássia