Faltou ação e uma linguagem mais enérgica. Essa foi a sensação de muitos participantes do Fórum Mundial da Água, encerrado ontem (23/03), em Kyoto, no Japão, após exatos sete dias de debates. No último dia do evento foi divulgado um documento elaborado por representantes de 170 países que compareceram à reunião e cujo objetivo era estabelecer as ações para resolver os problemas da escassez de água potável e do acesso restrito a este recurso no mundo, além da falta de saneamento básico.
Entre os que se disseram decepcionados com a declaração estavam representantes da União Européia, da América Latina e de Bangladesh. As críticas surgiram em torno do que eles consideraram falta de conteúdo prático do documento. O fórum foi visto mais como uma oportunidade de trocar pontos de vista do que determinar políticas. Encorajar investimentos para a manutenção dos recursos de água foi a principal idéia defendida no relatório.
Nos últimos dois dias da reunião, ministros e altos oficiais se encontraram para debater as resoluções, apesar de que muitos, como o secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Kofi Annan, cancelaram sua ida ao Fórum por causa da guerra no Iraque. O início do conflito, na última quinta-feira (13/03), foi um verdadeiro baque no Fórum. Delegações como a iraquiana se retiraram do evento.
O maior impedimento para que as soluções fossem encontradas e aceitas foi que parte dos 24 mil participantes do encontro acreditam que a água deva ser encarada como um produto de mercado, enquanto outros desconfiam que a “privatização” desse recurso só iria aumentar a restrição do acesso à água a populações mais pobres. Atualmente, segundo a ONU, há 1,1 bilhão de pessoas sem acesso à água potável e 2,4 sem saneamento.
Hesitação – Entre tópicos que faltaram no relatório final, de acordo com alguns representantes, está a mudança climática, que está aumentando o nível do mar e trazendo seca e inundações. Muitos países latino-americanos destacaram que faltou mencionar a importântica de se proteger os direitos dos povos indígenas.
“Nós soamos hesitantes e pouco entusiasmados”, disse Monyane Moleleki, ministro de Recursos Naturais de Lesoto, no sul da África. in southern Africa. Para ele, o documento usa a palavra “devemos fazer” quando seria melhor dizer “nós vamos fazer”.
Para Koki Chuma, segundo-ministro do Japão, cabe a cada país colocar as propostas em prática. “Não há mais o que acentuar: agora nós precisamos de ação”, afirmou no discurso de encerramento do evento.
Este texto foi escrito por: Webventure