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Fotografando corridas de aventura


O esforço nas paisagens sem fim da Chapada resulta em poder e bem-estar na finalização de uma prova. Esta foto é do Ecomotion Pró 2003. (foto: Fernanda Preto / Webventure)

Em nova coluna, Fernanda Preto comenta a experiência de participar como fotógrafa de grandes corridas de aventura.

As corridas de aventura têm intrigado profundamente o espírito do homem contemporâneo. Abastecido pelo desejo de forçar seus limites do corpo e da alma, ele se infiltra em ambientes exóticos realizando provas de sofrimento físico e emocional inacreditáveis.

Em 2000 estive acompanhando o Elf Authentique Aventure, no Ceará, Piauí e Maranhão. Foi quando pela primeira vez pude sentir a força de vontade daqueles competidores lutando dia a dia contra seus próprios limites. Agora, no Ecomotion Pró, pude acompanhar bem mais de perto os grandes homens e mulheres que se aventuraram na Chapada Diamantina, um dos lugares mais lindos do Brasil, no interior da Bahia.

Desafio múltiplo – Com uma dura perseverança, se atiraram em desafios intensos, agüentando dores agonizantes em um constante confronto consigo mesmo. Acredito que estas corridas são um teste de aprendizado, força e vontade de seguir em frente, trabalho de equipe e muita, mas muita disciplina mental, assim como também um teste de força física.

Fosse remando em rios nervosos, fazendo longas caminhadas no Vale do Patí, rapelando e jumareando a Gruta da Lapa, pedalando pelas paisagens sem fim da chapada, parecia que todo este esforço valia a pena pela sensação de poder e bem-estar na finalização de uma prova daquelas.

O que percebi nos competidores no final da prova foi isso, uma grande satisfação de ter vencido mais um obstáculo da vida, mas não um que a vida os mostrou e sim um obstáculo que eles mesmos se colocaram. Assim parece que o sabor desta vitória é mais valorizado!

Como mostrar isso? – Capturar a essência disso tudo na fotografia não é muito fácil. Achei uma tarefa árdua, mas muito apaixonante, instigante, que me obrigava a entrar no mundo dessas pessoas e me fazia sentir o desafio da natureza, uma vontade de seguir em frente também. É um desafio da mente, do próprio ambiente, um desafio em que a natureza, lugar de onde viemos, nos coloca em xeque a todo tempo nos questionando quem somos e por que o somos…

“A grande qualidade da espécie humana foi a de romper com suas próprias limitações: um animal frágil, provido de insignificante força física, dominou toda a natureza e se transformou no mais temível dos predadores. Sem asas, dominou os ares; sem guelras ou membranas próprias, conquistou os mares…” (Roque de Barros Laraia).

Acredito que o maior desafio do homem é dominar a si mesmo, essas corridas de aventura nos elevam ao nível tão próximo disso, nos forçando a conviver com os limites que temos. É por isso que, apesar de toda dor, é prazeroso explorar os lugares inóspitos do planeta, seja caminhando, pedalando, nadando, escalando ou remando.

Este texto foi escrito por: Fernanda Preto