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Frade e Freira: emoção e adrenalina no Espírito Santo


Beleza e magia convidam os escaladores a conhecer Frade e Freira (foto: Marcela Chaves)

Esta é uma das escaladas mais tradicionais do Espírito Santo, um cartão postal na divisa de Cachoeiro de Itapemirim com Rio Novo. Acompanhe a nossa aventura até esta escalada!

Saímos do RJ numa sexta-feira à noite em meio a muita correria, o que já iniciava a nossa aventura para aquele final de semana. Eu e a Marcela pegamos o ônibus das 21h50 e gastamos todo o nosso dinheiro garantindo as passagens de volta, já que era final de férias e receávamos perder o horário noturno de domingo.

Lutando contra o tempo – Apagamos de cansaço, afundadas em planos e horários pois tudo deveria correr de forma que na segunda-feira pela manhã a Marcela já estivesse de volta ao trabalho. Dormimos o suficiente e chegamos à Estação Rodoviária de Vitória às 06h35. Lá, estava a Lúcia Fragoso nos esperando.

Partimos para a casa dela a fim de terminarmos os preparativos para a viagem até Cachoeiro de Itapemirim, uma cidade a 136 Km da capital, para escalarmos o Frade e a Freira – cartão postal do Espírito Santo, rara beleza em granito, cheio de mitos que envolvem uma caminhada de retorno famosa pela dificuldade em encontrar-se a saída.

Lúcia queria alugar um carro para ganharmos tempo (nossa eterna luta contra os ponteiros…) mas estava difícil e foram vários telefonemas até encontrarmos uma locadora. Nesta altura, só nos restavam duas horas para irmos pegar o Marcão, a quarta pessoa da empreitada, amigo nosso capixaba.

Tratando de negócios – Foi tempo suficiente para buscarmos um patrocínio de uma marca capixaba que no início do ano apoiou a mim e Lúcia num outro projeto, o Amazomix, um energético natural composto por ginseng, pólen de flores, marapuama, mel, geléia real e etc..

Tiramos o Roberto, o fabricante, de um almoço de família em pleno sábado e nos encontramos com ele na própria fábrica, em Vila Velha. Em seguida, pegamos o Marcão e partimos para Cachoeiro às 16h, com bastante água, agasalhos e alimento. A visão do por-do-sol com o Frade e a Freira completando o quadro era algo fora do comum que nos fascinou pela combinação de cores. Paramos para algumas fotos várias vezes aos suspiros e exclamações.

Emoção e adrenalina – A estrada para chegar na base do Frade é de terra e deve-se tomar cuidado para não perde-la. Num portão logo após uma curva à direita com placa para Cachoeiro, pega-se mais ou menos 30 minutos de estrada de terra. Dá para ir num carro comum muito bem até o início da caminhada, que é leve. Escalamos o Frade à noite, uma escalada de graduação fácil com grampos distantes em aderência até chegar-se ao ante cume, dá até um quarto grau…

Do ante cume para o cume é um artificial de grampos (A0). Assinamos o livro de cume e curtimos a vista noturna de lá um pouco. Depois, descemos para dormir no ante cume porque era menos frio. Acordamos às 5h, tomamos café que consistia em frutas, sanduíches que foram trocados entre nós (pois todos trouxemos diferentes)e todynho.

Seguimos para rapelar o Frade, são negativos e a paisagem é maravilhosa. Depois caminhamos para a Freira (havia muita pedra solta) e chegamos na base dela às 9h. A enfiada em livre era quarto grau com A1 foi da Marcelinha, seguida de uma chaminé que foi da Lúcia, depois a terceira num trepa-mato e a quarta enfiada era de aderência mais trepa-mato.

Encontro com a freira – O cume da Freira é menor, e o livro de cume foi devorado pelos urubus curiosos, suponho eu, e nós fomos a terceira ascensão feminina da Freira, a segunda foi da Lúcia no início do ano de 2000. Dá para ver o mar lá de cima. Começamos a rapelar às 14h30 da base da Freira, continuando os rapéis por árvores à esquerda por onde escalamos.

Já anoitecia e começamos a procurar as fitas brancas e laranjas nos troncos das árvores. Ficamos andando por horas num bananal próximo e achamos a estrada de terra absolutamente íngreme que nos levaria até o carro novamente.

Paramos duas vezes, uma para tomar água e outra para comer. Estávamos cansados e preocupados com a hora do ônibus, pois já tínhamos comprado as passagens de volta para casa. O tempo, nauqle momento, viajava conosco. Enfim, por mais que eu tivesse corrido na estrada já era fato que estavam perdidas as passagens e o retorno para casa naquela noite.

Hora de relaxar – Foi então que a Marcela se ofereceu para revezar comigo, apesar de estar com a carteira de habilitação vencida. Pulei para o banco de trás na ida para rodoviária e aeroporto a procura da melhor forma de retorno para casa. Chegamos na casa da Lúcia ainda sem solução ou esquema de ação para dia seguinte. Acordamos às 6h15 e a Marcela iria perder o dia de trabalho. Então pegamos um avião de volta para casa admirando a visão topográfica e despreocupadas da dívida que arrumamos.

Cheias de idéias, nós três já estamos marcando a próxima investida: Pico da Bandeira, um dos pontos culminantes dessa terra!

Nós contamos com o apoio da Unimagem-RJ e do Amazomix-ES

Frade e a Freira
(Salmo Calazans)



Várias lendas já existem deste casal em granito.

Que há milênios resistem a este castigo maldito.

Em um dia que se faz distante, se amaram e foram julgados.

Os deuses então os condenaram, nas rochas a ficarem encrostados.

Eram dois religiosos, que fizeram votos de fé.

Ele um belo homem ela uma linda mulher!

Dizem que um grande desgosto, os fez optar pela vida religiosa, e em Cachoeiro morar.

Porém aqui se encontraram, coincidência ou não.

E logo se enamoraram, amor que virou paixão.

Logo então se lembraram das promessas que fizeram.

Como Adão e Eva tentaram do criador se esconderem.

Uma grande serra escalaram tentando se proteger, e eis que grande estrondo! (…) à distancia se ouviu.

E do céu surgiu um raio que em rocha os fundiu!

Hoje vivem enamorados, se fitando eternamente.

Pagando aquele pecado de se amarem loucamente…!

Este texto foi escrito por: Gabriela Saliba