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Frio e altitude são os desafios da etapa de Itatiaia

O Reebok Ecomotion Circuit terá neste fim de semana, com cobertura on line do Webventure, sua etapa decisiva no Parque Nacional do Maciço de Itatiaia.

Fora os 138 km de percurso, envolvendo as esportivas de orientação, trekking, ride n’run (um a cavalo e outros dois a pé), mountain bike, rafting, técnicas verticais e canoagem (dukes), a variação da altitude (de 700 a 2.787 m) e o frio da Serra da Mantiqueira são os complicadores da corrida.

“Acho que as equipes vão ter que tomar muito cuidado com a parte estratégica da competição. Existem momentos que exigirão muito da resistência por causa da variação de altitude. É uma prova que vai fazer muito frio, em Itatiaia a temperatura cai”, comentou Said Aiach Neto, organizador do circuito.

Segundo ele, manter um ritmo regular é a melhor estratégia para se conseguir vencer ou terminar a corrida. “Para este tipo de prova, quem quiser sair correndo, já explodindo desde o começo, como nas outras provas em que o pessoal corre 24h, tem grande risco de quebrar. A idéia é manter um regularidade e tentar não se perder”, contou.

Passo a passo – A largada será em Penedo, às 9h de sábado. As 36 equipes, de três integrantes, farão 10 km de ride n’run. O primeiro AT (Área de Transição) será para mountain bike. Irão pedalar por antigas estradas desativas e vicinais, desenvolvendo uma boa velocidade.

No AT seguinte, partem para um trekking, com 3,8 km em trecho subterrâneo. Na terceira troca, os times seguem de moutain bike para o primeiro rapel, de 20 m. “É pequeno mais muito bonito. Eles vão rapelar e vão descer direto na água, quando pegarão os dukes para a etapa de canoagem”, explicou Said. Neste ponto, a equipe irá de dividir: ou dois seguem no duke e um de bike ou um no duke e dois de bike.

Os atletas que seguirem no pedal entregarão as bikes no PC 8 (Posto de Controle) e continuam em um pequeno trekking de 3,5 km até o 9. Os três competidores se voltam a se juntar e se reencontram com o apoio para a transição de trekking para bike. É o início da serra, com 11, 5 km de up-hill constante.

Ápice – As equipes continuam subindo depois da troca de bike por trekking. Novamente, devem optar por seguir direto para a escalada ou por passar em um PC de reabastecimento. “Esta travessia, que sai da parte baixa para a alta, é muito inclinada. Estamos prevendo 10h de trekking em uma região sem água. Irão fazer a noite. Chega uma hora que a trilha acaba. Ali vai ter de ser no azimute. Não tem floresta, mas também não tem trilha. É na crista de uma montanha com um visual lindíssimo para o Vale do Paraíba”, revelou.

Lá, no topo do parque, será realizado o segundo rapel, 50 m negativo, a uma altitude de 2.542m. “O segundo é tradicional, nas Prateleiras, face sul, mas a grande dificuldade é a escalada, em que irão subir pela face norte, que é muito mais difícil. Ali tem dois momentos perigosos, no cavalinho e chaminé. O pessoal vai adrenalizar”, completou Said.

Falta pouco – Terminado o rapel, mais um trecho de trekking para a transição de bike. É um trecho quase todo em downhill. Em seguida, voltam para o trekking até o início do rafting. Os times que chegarem depois da 16h ficarão retidos no dark zone (parada obrigatória por segurança). Somente às 6h, continuam a corrida para cruzar a chegada.

A prova terá quase três dias de duração. “Não fiz corte porque queremos motivar todas as equipes, mesmo aquelas menos experientes, a terminar a prova. A idéia é essa”, finalizou Said. Porém, as equipes de ponta, deverão terminar em um dia e meio. Depois de todo o esforço, a noite de segunda reserva uma premiação com entrega de medalhas e exibição do filme da etapa.

Uma corrida de aventura é um rali humano. Uma prova de velocidade, muitas são non-stop, em que equipes, com três ou quatro integrantes, devem utilizar habilidades físicas para cumprir etapas de trekking, mountain bike, técnicas verticais (rapel, ascensão e tirolesa), cavalgada, nado, caiaque, canoagem, vela e rafting, além de terem conhecimentos em orientação.

É uma mistura de expedição e competição. Aos olhos dos competidores, é um teste de resistência física e psicológica. Aos olhos dos espectadores, é pura loucura.

O conceito foi criado pelo jornalista francês e amante da natureza, Gerárd Fusil. Em 1989, na Nova Zelândia, ele montou a precursora Raid Gauloises, dando início a um universo que hoje sustenta atletas profissionais e organizadores.

Já existe um Circuito Mundial de Corridas de Aventuras (AR World Series), formado por sete provas, todas classificatórias para Discovery Channel World Championship Adventure Race. Mas, na atualidade, a maior corrida do mundo é o Eco-Chellenge, do expedicionário Mark Burnett. A quinta edição (2000) aconteceu em Bornéo, na Indonésia.

Em razão do quinto centenário de descobrimento, o Brasil já foi sede de um corrida internacional. Em abril de 2000, Elf-Authentique Aventure, idealizada por Gerárd, cruzou os estados do Maranhão, Piauí e Ceará, em mais de 850 km de percurso. A prova passou por lugares exuberantes, como os Lençóis Maranhenses.

No rastro – O Brasil teve sua primeira corrida de aventura em 1998 com a Expedição Mata Atlântica, hoje pertence ao circuito mundial como a única etapa sul-americana. Nos últimos dois anos, quando fora formado o Circuito Brasileiro de Corridas de Aventura, houve um boom neste tipo de competição. Cada vez mais, adeptos competem em provas espalhadas por todo o país.

A EMA Expedição Mata Atlântica continua sendo a mais importante, com um percurso em torno de 450 km. Porém, há outras no rastro, como o PETAR (2000 e 2001), Raid Brotas Extreme, Litoral 2000, Reebok Ecomotion Circuit (Serra da Bocaina, Paraty e Itatiaia), Rio Eco 2000, que contou com a participação de equipes estrangeiras, Desafio Costa do Sol (Paraíba), entre outras.

Este texto foi escrito por: Webventure