A graduação de neve e gelo é muito mais complicada de se estabelecer do que a graduação de rocha (que já é subjetiva). Assim como na escalada em rocha, há inúmeros tipos diferentes de graduação conforme o país ou região das montanhas, mas o sistema mais difundido e mundialmente conhecido é o Sistema Francês, composto de sete níveis de dificuldade codificados por letras:
F – facile (fácil)
PD – peu dificile (pouco difícil)
AD – assez dificile (bastante difícil)
D – dificile (difícil)
TD – très dificile (muito difícil)
ED1 – extrêmement dificile 1 (extremamente difícil 1)
ED2 – extrêmement dificile 2 (extremamente difícil 2)
Recentemente, adicionou-se o termo ABO, para ABOminavelmente difícil, mas não são todos os livros que o utilizam. Esta graduação, apesar de muito utilizada, é bastante tradicional e um tanto antiquada.
Nos Estados Unidos é utilizada uma graduação um pouco diferente e mais detalhada, onde vagamente tenta-se estabelecer um paralelo com as graduações em rocha. Existem os graus de dificuldade de 1 a 8 e várias denominações para o gelo, sendo as mais utilizadas: AI – alpine ice (gelo alpino) e WI – water ice (gelo de água).
O gelo alpino pode ter inúmeras características: gelo duro resultante da compactação de neve, gelo fino (verglas) sobre rocha, entre outros. O Water Ice é gelo resultante de água e é normalmente utilizado para caracterizar trechos de uma via de montanha.
Um outro prefixo para a graduação é o M – mixed, que é utilizado para escaladas mistas. Esta graduação é mais utilizada atualmente para definir escaladas em cascatas congeladas, onde às vezes há mais rocha do que gelo. A graduação de escaladas mistas começa geralmente em M 5 e já chegou até o M 11, mas esse é um assunto para outro capítulo… para um especialista.
A seguir há uma tabela comparativa da graduação de gelo em cinco países diferentes. Na maioria dos livros e guias sobre vias de montanha você encontrará as denominações francesas. No entanto, deve-se tomar muito cuidado: a graduação não garante de forma alguma a condição do gelo e da neve, já que estas características podem mudar a cada temporada e mesmo durante a temporada de escaladas.
França | Estados Unidos | Escócia | Rússia | Nova Zelândia |
F | AI1 | I | 3A | 1 |
PD | — | II | 3B | 2 |
AD | — | III | — | 3 |
D | AI2, AI3 | IV | 4A, 4B | 4 |
TD | AI4, AI5 | V | 5A | 5 |
ED1 | WI5 | VI | 6A, 6B | — |
ED2 | WI6, WI7 | — | — | — |
Além disso, como todos sabemos, a altitude influi (e muito) na capacidade de cada montanhista e as condições climáticas locais também. Mais uma vez, procure se informar com alguém que já tenha escalado a montanha que você pretende escalar. E também de saber como está a montanha no ano em que você vai – como foi o inverno anterior, a quantidade de neve, tendências a avalanches, etc…
E sempre, sempre reserve vários dias para aclimatar. Assim certamente você aumentará (e muito) suas chances de sucesso!
Este texto foi escrito por: Rosita Belinsky, especial para o Webventure