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Gravidade e Terra de Santa Cruz estão garantidas


Gravidade Zero: festa depois da prova (foto: Luciana de Oliveira)



Nilda fala do receio antes da prova

Júnior narra o acidente de Nilda

A Gravidade Zero, campeã no geral do 1º Desafio Costa do Sol, e a Terra de Santa Cruz, vencedora na categoria não-mista, são as convidadas da organização para a edição 2.000, que irá do sertão ao litoral da Paraíba, em julho. O prêmio – economia de pelo menos R$ 300, preço da inscrição neste ano – foi uma compensação por quase 24 horas de esforço das duas equipes, que chegaram a ver o fim da linha muito antes do previsto: em cada um integrante enfrentou problemas físicos durante a corrida, mas ambas chegaram completas depois de 170km do percurso.

A luxação no braço de Nilda, da Gravidade, e o mal estar de Sérgio Lins, da Terra, foram dos poucos pontos comuns entre as duas equipes que disputaram de perto o título do Costa do Sol. A Terra de Santa Cruz é formada por quatro triatletas pernambucanos, acostumados a serem rivais nas competições pelo nordeste: Sérgio, Walman Rosas, Hilton Coutinho e Emanuel Benning. “Sempre tivemos a idéia de nos unir. Nossa oportunidade surgiu nesta corrida”, conta Hilton, caçula da equipe, com 25 anos.

Favoritos – O grupo tem a segunda maior média de idade do Desafio: 31,7 anos. E reuniu o maior número de empresas apoiadoras: cinco. Aliando logística, experiência e preparo físico, eles eram apontados como favoritos, juntamente com o time de militares, Centauros. Correspondendo à expectativa, lideraram até o PC 4, área de transição para o mountain bike. Entre o PC 5 e o 6, Sérgio vomitou três vezes e foi quando a equipe achou que estava fora da prova. “Disseram que se chamássemos um médico, a gente perderia. Esperamos o Sérgio melhorar e seguimos. Eu o empurrava na subida, era uma luta”, relata Walman. Persistentes, os pernambucanos colaram na Gravidade Zero, então líder da disputa, e passaram na frente quando Nilda sofreu o acidente, antes do PC 8.

A decisão aconteceu na ida ao rapel, o PC 10. A Gravidade chegou 15 minutos antes e foi rápida ao descer. “Eles ainda foram espertos: como só tinha uma corda, o último a descer teria de trazê-la de volta lá pra cima. Os outros deram gás e foram na frente. Demorou muito para começarmos a descer, eles dispararam”, lembra Emanuel.

“Não imáginávamos nem chegar, quanto mais em primeiro”
Leonardo Saraiva, da Gravidade Zero


“A gente não acreditou quando soube que estava em primeiro”, diz Nilda, espécie de heróina da prova. Professora de levantamento de peso, ela superou o susto do tombo na bike e ganhou a admiração dos rivais. Antes da prova, estava receosa. “O problema é que percebemos que os nossos equipamentos eram os piores”, conta. “Todo mundo estava com coisas importadas e a gente, supersimples.” Além do equipamento, a Gravidade tinha outra desvantagem: tinha treinado completa duas vezes. Formada na academia onde Nilda dá aulas, a equipe tem Everaldo Holanda Júnior e Mário Hipólito, que escalavam juntos e tiveram a idéia de participar do Desafio, e o militar Leonardo Saraiva. No início, Júnior confessa que não agüentava correr nem 100m.

Ninguém manda – As dificuldades surgiram em série para a equipe, que já errou o caminho rumo ao PC 1. “Machuquei meu joelho bom na caverna, pisando em falso numa pedra. E a Nilda bateu com a cabeça no teto, sendo salva pelo capacete mais uma vez”, lembra Júnior, que também sentiu tonturas antes do PC 5 e sofreu de câimbra no PC 6. “Não imaginávamos não chegar até o fim, quanto mais em primeiro”, revela Leonardo. “Nosso trunfo foi ninguém querer mandar em ninguém. E também o fato de termos errado muito pouco na navegação.”

Para despistar as demais equipes, a Gravidade, quando já era líder, chegou a andar com as lanternas apagadas. Foi assim que assistiram ‘de camarote’ à Santa Cruz pegar um caminho errado antes do rapel.

O fim da corrida foi o momento mais difícil. “A gente teve de andar na praia, com a areia fofa entrando nos tênis, cortando os pés. Pensamos não vai dar, não vai dar. Aí alguém dizia ‘vai dar sim'”, conta Mário. Por isso, conseguiram se adiantar em uma hora em relação à zona de risco – momento em que a maré sobe – na travessia do rio no PC 11. “Só que quando olhamos pra trás, vimos a Santa Cruz. A gente não teve mais sossego, tivemos que ser muito mais rápidos porque na próxima parada pegaríamos as bicicletas e a da Nilda estava aos pedaços…”, narra Júnior. “Demos o máximo no finalzinho, isso porque tínhamos que carregar a Nilda. Em certos pontos, ela correu. Foi tudo uma loucura, mas valeu muito ter chegado.”

Este texto foi escrito por: Luciana de Oliveira