Guiga participou duas vezes do Dakar (foto: David Santos Jr/ www.webventure.com.br)
Para a maioria dos pilotos brasileiros de rali cross-country, vencer um prova do tamanho dos Sertões é a grande consagração na carreira. São meses e meses de preparação para conseguir chegar ao lugar mais alto do pódio. Guilherme Spinelli, mais do que ninguém, sabe muito bem disso: foi duas vezes campeão da competição. Em 2010, no entanto, o objetivo de Guiga na disputa será outro. O piloto usará a prova para desenvolver seu carro, uma Triton RS acostumada a correr apenas a Mitsubishi Cup, que é uma prova curta, de apenas um dia.
O principal objetivo é continuar o desenvolvimento da Triton. Então, nós iremos sem grandes expectativas de resultado. Ele foi feito com muito critério e cuidado, pegando praticamente tudo da Triton RS, mas, pelos diferenciais do carro e pelos objetivos do Sertões, nós o batizamos de Triton SR. Então, é um carro um pouco diferentes da RS, mas aproveitando os componentes fundamentais que nós já temos uma certa experiência e já sabemos da durabilidade nos ralis da Cup, explicou Guiga, que correrá ao lado de Youssef Haddad.
O primeiro teste do veículo fora das pistas da competição monomarca aconteceu no Sertões Series. O resultado observado não poderia ter sido melhor: primeira colocação geral na disputa. Spinelli, no entanto, não se ilude com a vitória, já que sabe que o Sertões é muito mais longo e exigirá muito mais do carro.
O Sertões Series foi muito importante para nós, porque foi o primeiro passo com o carro fora da Mitsubishi Cup, que é um campeonato com um perfil de prova muito específico. O Sertões, por outro lado, é diferente em termos de piso e desafios para o carro. No Series, o desempenho com ele foi excelente e por isso nós tomamos a decisão de levá-lo para o Sertões, contou o piloto.
Troca – No Rally Dakar 2010, o companheiro de Guiga na competição foi o português Filipe Palmeiro. No entanto, por ter um objetivo diferente para a prova que acontece entre os dias 10 e 21 de agosto, com largada em Goiânia (GO) e chegada em Fortaleza (CE), o piloto escolheu Youssef Haddad como navegador.
O Youssef, além de ser um grande navegador, é um dos projetistas do carro e, sem duvida, ajudará muito para continuar esse desenvolvimento. Desde 2003, eu ando com ele em testes de desenvolvimento dos nossos carros. Então, nós temos uma facilidade de entrosamento muito grande pelo lado profissional, por termos trabalhado juntos, e pelo lado pessoal, por termos uma afinidade e um bom relacionamento. Acho que será fácil correr com ele, disse o piloto.
Guilherme Spinelli está acostumado a correr contra equipes do mundo todo. Com duas participações no Dakar, o piloto conhece muito bem as equipes de fábrica, que sempre são, de longe, destaques nas provas. Ente ano, no entanto, estes times não estarão brigando contra os brasileiros, já que não participarão do Rally dos Sertões.
Quando se trata de uma equipe como a da Volkswagen ou qualquer outra oficial que se prepara para correr o Dakar, é um patamar de tecnologia e de investimento muito acima da realidade brasileira, o que torna a disputa deles como se fosse outra categoria. É impossível competir com um carro desses com o montante de dinheiro investido, disse Guiga.
Para o piloto, a ausência das equipes oficiais será benéfica para o rali no Brasil. Não ter as equipes oficiais torna a prova bem mais dentro da realidade brasileira e abre a chance de pelo menos uns dez carros terem chance de vencer em uma disputa mais igual. Para o esporte brasileiro, a ausência deles é vantajosa, afirmou.
Este texto foi escrito por: Caio Martins
Last modified: agosto 8, 2010