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Helena Coelho fala do Cho Oyo e da mulher alpinista

Redação Webventure/ Montanhismo

A brasileira Helena Coelho está no Nepal desde o último domingo e segue neste fim de semana para o Cho Oyo (8.201m), dando início ao objetivo de entrar para a história do montanhismo brasileiro como a primeira mulher a escalar uma das 14 montanhas do mundo com mais de 8 mil metros. “É uma escalada fácil que o Everest, mas não está em os 8 mil mais tranqüilos”, adianta Lena, que já esteve duas vezes no Everest e quatro no Aconcágua, sempre na companhia do marido Paulo, também alpinista.

Em entrevista exclusiva à Webventure, ela fala da tática para chegar ao cume e de como é ser mulher em alta montanha.

Webventure – Em quanto tempo vocês pretendem fazer a escalada?

Helena Coelho – Demoramos uns quatro dias para conseguir o visto em Kathmandu. De jipe, atravessaremosa fronteira do Nepal para o Tibet e aí começa a expedição. Passaremos duas noites em Nyalam (3.800m), já dando início à aclimatação. Depois vamos ao acampamento-base do Cho Oyo, onde as pessoas costumam ficar muito pouco, porque venta muito. No base avançado ficaremos 15 dias para nos aclimatar totalmente. A previsão é de fazermos mais um acampamento antes do ataque ao cume, mas tudo depende da aclimatação. Ao todo ficaremos um mês.

Webventure – Quais as dificuldades do Cho Oyo?

Helena – A pior parte, a mais técnica, está no começo, entre os acampamentos 1 e 2. Prefiro assim, passa logo.

Webventure – Por que você escolheu o Cho Oyo para esse projeto?

Helena – Questão de grana (risos). Se fosse por ordem de preferência estaria no K2. Escalar no Cho Oyo custa uns 17 mil dólares, sorte que tivemos o apoio da Iran Máquinas Industriais… Para ir ao Everest se gasta mais que o dobro disso.

Webventure – Este recorde é importante pra você ou a idéia de ser a primeira brasileira num 8 mil foi só um gancho para atraiar apoio e divulgação?

Helena – Foi só um ganho (risos). Pra mim, tanto faz. Na verdade, o que eu gosto é de subir na montanha.

Webventure – Como é ser mulher em plena alta montanha?

Helena – Não tem tratamento especial, não. Só os italianos quando vêm a gente carregando muito peso, se oferecem para ajudar. Quem está na montanha está para ralar junto… Agora eu tenho os meus cuidados, levo leite de limpeza, loção tônica hidratante, lenços umedecidos… Pra pentear o cabelo é um horror porque, como não são lavados, os fios desidratam e com aquele vento embaraçam demais…

Webventure – Você se inspirou em alguma mulher para escalar?
Helena
– Eu sempre acompanho o que elas fazem. Admiro muito a Julie Tollis, que fez o cume do K2 em 86 e morreu durante uma tempestade.

Webventure – Por que no Brasil, quando se fala de mulher no alpinismo, só se fala da Helena Coelho?

Helena – Existem outras alpinistas, como a Helena Artman… Antes de mim, outras mulheres fizeram história: a Tereza, a Lélia, que foram as primeiras no Aconcágua. Elas não são mais lembradas. Sou assunto porque continuo e estou sempre em alta montanha. O fato de ser casada com o Paulo facilita tudo, porque nós dois adoramos a montanha, enquanto as outras mulheres precisam arranjar parceiros ou partir sozinhas para expedições.

Este texto foi escrito por: Luciana de Oliveira

Last modified: março 31, 2000

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