09.01.2000 . A Equipe Hollywood Troller continua avançando no Rali Paris Dakar Cairo e mostrando a robustez do Troller T5, carro fabricado no Ceará. Hoje, após o término da 4a. etapa, realizada entre Bamako (Mali) e Bobo Dioulasso (Burkina Faso), num total de 670 km, a equipe Hollywood Troller figurava com dois carros entre os 10 melhores da categoria novatos. A dupla cearense Arnoldo Jr/Galdino Gabriel na 5ª. posição e a dupla campeã brasileira Reinaldo Varella/Alberto Fadigatti em 10º.
Mais uma vez os quatro carros da equipe completaram o percurso. Estamos apenas na quarta etapa e o Rali já fez um estrago grande. Mais de 25% dos inscritos abandonaram a prova devido a quebras e tombos e poucas equipes continuam completas.
Cacá Clauset e Amyr Klink tiveram outro bom dia, sem problemas e estão muito animados. O mesmo acontece com a dupla Roberto Macedo/Marcos Ermírio de Moraes, que apesar das dificuldades enfrentadas ontem, mostraram muita garra e hoje puderam contar com o bom desempenho do carro, chegando ao final de mais essa etapa.
Direto do Deserto
A palavra do Cacá Clauset
. Estamos de novo na prova, pegando o jeito que nos dois primeiros dias estava difícil de encontrar. Em breve chegaremos às etapas que serão mais favoráveis aos carros da Equipe Hollywood Troller. Ontem e hoje, tivemos um bom desempenho e isso é gratificante. Andamos devagar e com consistência, aceleremos quando dava e só efetuamos ultrapassagens sem risco. Os pneus foram determinantes nessas etapas. Quebramos a roda numa pedra e o pneu não furou. Andei 500 km nessas condições, até chegar ao acampamento. Fiquei muito impressionado com o desempenho do RA2 BF Goodrich, em terreno pedregoso..
A palavra de Amyr Klink
.Parece que estamos nos afinando e os carros estão redondos. Existe um período de adaptação, os mecânicas estavam sobrecarregados e essa prova é 100% cabeça, sem ousadias. O Cacá está andando muito bem, estamos cada vez mais entrosados. Quanto a navegação, até agora usamos pouco o GPS, só quando erramos. O papel do navegador nessa fase é simples, mais de atenção, avisando o piloto dos buracos no percurso. Até aqui, estamos andando mais na planilha., relatou Amyr Klink, em contato pelo telefone celular global Iridium.
Etapa V Dia 10/1/00
Bobo Dioulasso (Burkina Faso) > Ouadagadou (Burkina Faso) DL-86Km, Esp-450Km, DC-140Km TT-675Km
Uma etapa inteirinha em Burkina Faso e a etapa mais longa até agora. Apesar de lembrar muito a etapa anterior com longas retas através de colinas, contrastando uma vegetação de paisagem tropical (verdes luxuriantes) com o calor quente do piso ocre. Uma etapa de prazer puro de pilotagem, onde a navegação não tem grande importância, mas onde a velocidade de ponta dos carros é fundamental. Cada dia que passa fica mais difícil com a média das velocidades aumentando e a poeira constante dificultando muito as ultrapassagens. Trabalho dobrado para quem larga atrás.
Os perigos
Os vilarejos e o piso esburacado pelas últimas chuvas são os dois maiores perigos desta etapa veloz.
O Comentário do Piquet
É inacreditável esse Rali. É como se fosse uma temporada interia de F1 disputada em dias corridos, sem intervalo, sem chance de fazer grandes alterações ou de mudar radicalmente os planos. Foram disputadas apenas 4 etapas e a sensação é de que todos já estão no deserto há semanas. Com a realização das últimas etapas mais curtas e mais velozes vamos observar um comportamento diferente dos concorrentes, muitos deles mais preocupados em manter as vantagens conquistadas do que arriscar vôos mais altos. Prestem atenção.
Etapa I Média do vencedor Sousa (Mitsubishi L200) 84Km/h
Etapa II Média do vencedor Peterhansel (Mega Desert) 104Km/h
Etapa III Média do vencedor Shinozuka (Mitsubishi Pajero) 93Km/h
Etapa IV Média da vencedora Kleinschmidt (Mitsubishi Pajero) 123Km/h
Burkina Faso
O Morho Naba ou grande senhor da nação Mossi, rechaçou durante anos sucessivas tentativas de invasão. Resistiram até que foram dominados pelos franceses e se tornaram um protetorado. Os franceses, em respeito mantiveram todos os chefes locais (inclusive o Morho Naba) e juntaram a região ao que ficou sendo chamado de Alto Volta. Em 960, com a independência o país alterou o seu nome para Burkina Faso, terra das Pessoas Incorruptíveis na língua Mooré, a mais falada entre as 60 diferentes de cada um dos grupos étnicos que compõe o País.
Com 40% de Muçulmanos e menos de 10% de Cristãos o povo burkinabé é Animista em sua maioria. Uma crença que reflete a espiritualidade das pessoas que vivem em harmonia com o meio ambiente e com os espíritos de seus antepassados. Motivo que faz com que conservem casas, mesmo feitas de madeira e barro, por perto de 3000 anos. A tradição cultural de transmissão dos conhecimentos se apóia muito nos Djeli, os cantadores oficiais que transmitem através de sua memória todos os feitos passados e usam a sua sabedoria para aconselhar no presente. Um país entre os 10 mais pobres do mundo com um povo que sofre pela falta de riquezas naturais e de chuva, mas que tem a riqueza de sabe entender e transmitir que um amigo é alguém que escuta o que se tem a dizer, que respeita e é respeitado.
A comida
A carne é um luxo, mas ovos e peixe (dos rios e açudes) são uma importante fonte de proteína. Os molhos (de vegetais e óleo) são um acompanhamento indispensável para o “wu”, uma espécie de mingau feito de farinha de sorgo e milho e temperado com as sementes do Néré, conhecidas como os tabletes de caldo Maggi local. Como sugestão, porém, vamos ficar com o Boussan touba, vendido nas feiras livres. É um bolinho feito de feijão fradinho, frito em óleo vegetal, ou melhor, um parente muito próximo do acarajé.
Obs.: Resultados provisórios
Carro 343 . Arnoldo Jr/Galdino Gabriel
Classif. Geral do dia: 48
Classif. Geral da prova: 54
Novatos: 5º
Carro 344 . Reinaldo Varella/Alberto Fadigatti
Classif. Geral etapa 4: 90
Classif. Geral da prova: 67
Novatos: 10º
Carro 345 . Cacá Clauset/Amyr Klink
Classif. Geral do dia: 57
Classif. Geral da prova: 89
Novatos: 17
Carro 342 – Roberto Macedo/Marcos Ermírio de Moraes
Classif. Geral do dia: 115
Classif. Geral: 118
Novatos:
Este texto foi escrito por: Meg Cotrim
Last modified: janeiro 9, 2000