Janine Cardoso  que foi vice-campeã Brasileira com três meses de gravidez. (foto: Arquivo pessoal)
Janine Cardoso que foi vice-campeã Brasileira com três meses de gravidez. (foto: Arquivo pessoal)

Ser mãe não é tarefa das mais fáceis. Imagine então ser atleta-mãe! Trocar uma corrida de aventura, o mar, uma parede de escalada ou uma corredeira no rio pelo choro do bebê, a mamadeira…

A gravidez muda a vida de muitas mulheres e é momento de acrescentar à correria do dia-a-dia um novo treinamento: o de ser mãe. Como será que mulheres atletas encaram a maternidade? O que muda na vida de mães esportistas?

O Webventure conversou com algumas mães-atletas em homenagem ao Dia das Mães. Confira a reportagem.

Simone Monteiro Maciel tem 37 anos e é atleta de corrida de aventura. Acostumada a competir em lugares inóspitos e a passar fome, frio, sede e cansaço, praticando várias modalidades esportivas durante horas e horas, resolveu ser mãe. No dia 20 de abril, há pouco mais de uma semana nasceu Theo, seu primeiro filho. Mas até o ultimo instante ela tentou conciliar gravidez e atividade física.

“Durante os nove meses caminhei e fiz bicicleta no rolo. A gravidez não é um empecilho, é um momento diferente. E por eu sempre ter praticado esportes na vida, quis mantê-lo para minha saúde e para o nenê”, contou Simone.

Mas ela nem pensa em esperar o filho crescer para voltar aos treinos e passeios. “Comprei um carrinho especial, com rodinhas, para levá-lo junto passear. Para nós que gostamos de esporte é difícil ficar sem. Então sempre arrumamos uma saída”, contou a nova mãe.

Em geral, as mulheres sentem medo em ficar grávida quando trabalham com o esporte. Foi o que aconteceu com Fabiana Ferreira, 29 anos, atleta de rafting. “Quando eu engravidei estava no auge, como instrutora de rafting e coordenando uma empresa. Na hora que recebi a notícia levei um susto, pois pensei ‘poxa, mas eu mexo com esporte, e agora’?”.

Fabiana conseguiu remar até o quinto mês da gestação e voltou ao esporte quando a criança já estava com quatro meses. “Como o rafting é praticado em corredeira há perigo em cair do bote e bater a barriga”, explicou.

“É uma fase da sua vida que você tem que saber curtir. Por mais que você trabalhe com esporte tem que saber aproveitar ao máximo e saber cuidar da sua saúde e do bebê para que tudo ocorra bem. Mas não é um bicho de sete cabeças como pensei”, contou a atleta que é mãe de Kaike, de 1 ano e Maitê, de 8 anos.

A escaladora Janine Cardoso, 30 anos, foi vice-campeã brasileira de Escalada Esportiva quando estava no 3º mês de gravidez. Depois de um mês do nascimento de Manuela, sua filha, que hoje está com 10 meses, ganhou o título de campeã paulista.

“Eu reduzi o treino durante a gravidez, mas continuei fazendo musculação leve, escalando e pedalando, tudo de uma forma mais branda, limitada”, disse.

Janine voltou a treinar normalmente quando Manuela estava com quatro meses. “Até o terceiro mês foi muita dedicação. Só depois é que deu para treinar de verdade, porque antes disso é muito estafante”, esclareceu.

Dá para conciliar? – Para algumas mães a gravidez não interfere muito na vida esportiva. Carla Greco, 35 anos, atleta de frescobol e canoa havaiana, teve vida normal durante vários meses da gravidez. “Só no final é que incomoda, por causa do tamanho da barriga, mas não por estar grávida”, disse.

Ela, que é mãe de Marina, de 11 meses e Fabio, de 4 anos, competiu até o quarto mês de gestação. “Enquanto eu estava competindo meu médico ia à praia, em Santos, e media os batimentos cardíacos do meu filho para ver se estava normal. Sempre competi orientada por um médico de confiança”, contou.

Dar para ser mãe e atleta ao mesmo tempo? Carla responde: “Não é da minha característica fazer as coisas mais ou menos. Ou eu sou uma boa mãe ou sou uma boa atleta. Por isso acabei me afastando temporariamente do esporte, para voltar com dedicação depois. Não dá pra conciliar as duas coisas. É intenso demais”.

A atleta ajuda o marido, o canoísta Fabio Paiva, com negócios da empresa dele e trabalha em um escritório montado em casa. “Assim tenho condições de ficar perto da minha filha. É uma estratégia que eu criei para este tempo da minha vida”.

Este texto foi escrito por: Camila Christianini

Last modified: maio 3, 2004

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Redação Webventure
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