A estrada em Shepherdstown (EUA) (foto: Arquivo Natural Running Center)
Correr com a sola do pé literalmente no chão pode parecer bizarro, mas tem gente que já aderiu à prática, como o atleta de endurance Ian Adamson. Ele afirmou ao Webventure que se deslocar descalço é uma coisa completamente natural. Há apenas 40 anos que tênis grandes e macios começaram a aparecer nas sociedades ricas. E apenas uma minoria tinha condições financeiras para comprá-los. Foi naquela período que surgiu, segundo Ian, a corrida artificial o solado como uma superfície entre o pé e o chão em oposição à corrida natural.
Mas antes de sair por aí quase como veio ao mundo, lembre-se que correr descalço rápido ou em longas distâncias é difícil. Você não terá a chance de errar: se não prestar atenção onde pisa, vai se machucar. No Eco-Challenge de 2002, nas Ilhas Fiji, um nativo seguiu nossa equipe durante um dia inteiro, correndo descalço. Mesmo ele tendo os pés largos e fortes, eles ficaram inflamados depois da trilha, conta.
Por isso, pessoas que sempre usaram tênis precisam refortalecer músculos, tendões, ossos dos pés, tornozelos e panturrilhas antes de sair por aí desnudos, explica Ian. O recondicionamento pode levar até três meses e os atletas devem começar com corridas curtas e lentas, ou, até mesmo, apenas caminhadas. No início, não corra mais do que 1 quilômetro. E vá aumentando em 10% esta distância a cada semana.
Ian também já teve o gostinho correr de pés livres, leves e soltos em uma corrida de aventura. No Eco-Challegene de 1995, nos Estados Unidos, estávamos usando pesadas e quentes botas de trekking. Então, começamos a cortá-las em pedaços. Na metade da competição, elas já se pareciam com sandálias. No final, estávamos descalços mesmo, o que foi muito mais confortável, relembra.
Na página a seguir, Ian Adamson que hoje é conselheiro científico do Natural Running Center (NRC), site de informação sobre a corrida natural (http://naturalrunningcenter.com/) e diretor de pesquisa da marca de calçados minimalistas Newton Running (encontrada no Brasil nas lojas Track & Field) explica aos corredores de asfalto por que é melhor correr em cima das linhas brancas pintadas no chão. O texto foi publicado no site do NRC, com a autorização de reprodução no Webventure
Por Mark Cucuzzella (fundador do Natural Running Center)
O que faz um corredor que gosta ocasionalmente de sair de pés descalços em um dia de verão escaldante? Cerveja gelada? Melancia? Um mergulho no Rio Shenandoah?
Todas essas opções são ótimas, mas uma fresca linha branca de tinta é ainda melhor. Esta é a estrada principal (na foto ao lado) perto de minha casa, em Shepherdstown, em Virgínia Ocidental (EUA). Ela é uma bonita e sinuosa rodovia interiorana, agradável para as corridas longas. E, essa foi a semana mais quente já registrada por aqui. Para a minha alegria, fui recebido esta semana por esta fresca linha branca. Suave e fria.
Depois de voltar de minha corrida, enviei um e-mail para o Ian Adamson, também suave e de cabeça fresca, em busca de sua opinião mais analítica sobre correr no asfalto quente. Devo acrescentar que Ian competiu na ultramaratona Badwater no Vale da Morte (região árida e extremamente quente) no verão passado (2010), terminando a corrida de 250 quilômetros em 34 horas e meia, 10 horas atrás do vencedor Zach Gringerich Ian foi o primeiro na categoria master. Mas, é claro que Ian não correu descalço no Vale da Morte! Ele usou três pares de Newton e os trocava dependendo do terreno.
A palavra de Ian
Parece que a linha branca é mais fria quando você está correndo a Badwater. Não há dados que eu saiba, mas os números de refletância solar dão suporte a esta teoria. Superfícies brancas refletem a radiação solar significativamente mais do que superfícies pretas: aproximadamente 80% em comparação a 5%.
A cor da superfície, a textura e as propriedades térmicas desempenham um papel, mas como o esboço de um indicador, uma linha branca recém-pintada sobre um betume preto escuro vai absorver o calor cerca de 80% a menos do que a estrada. Usando os números acima e uma temperatura inicial de 21°C (em uma manhã), uma linha branca vai chegar a 29°C e o asfalto a 77°C com a radiação solar. Obviamente, a linha branca vai absorver o calor da estrada também. Em um dia de 37ºC, a temperatura seria de aproximadamente 46°C e 93°C, respectivamente.
Durante o verão no Vale da Morte, a estrada deve atingir cerca de 104°C e a linha branca 57°C. Números reais são um pouco menores para a estrada, já que ela é cinza, não preta.
Este texto foi escrito por: Amanda Nero
Last modified: agosto 17, 2011