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II Volta a Santa Catarina em MTB

Prólogo

Meu irmão Daniel e meu velho amigo Bruno me ajudaram na carga da bicicleta até o aeroporto Santos Dumont. Não fosse o Fabanha me emprestar a bikebag do Diogo, seria complicado fazer esse vôo até Joinville… o pessoal da Varig/Rio-Sul me atendeu muito bem. O câmbio traseiro sofreu um pouquinho mas a bicicleta chegou direitinho no destino.

Uma vez em Joinville, liguei pra Federação e dois minutos depois chegava o Alexandre, apoio da FCC, para me buscar, levando-me até a Pousada Schulz. Eu estava feliz porque o termômetro marcava 17 graus e quase cheguei a pensar que essa estória de frio intenso era lenda dos locais. Que grande engano eu teria cometido se desprezasse as baixas temperaturas!

Os feras vem chegando – Passei a terça-feira nos preparativos para a prova que se iniciaria no dia seguinte, e de noite, chegaram o Abraão de Azevedo, de Brasília e o Carlos Alberto Santos, de São Bento do Sapucaí (SP). Os dois vieram sozinhos, assim como eu. Por isso, além de companheiros de quarto e de pedalada, nos tornamos grandes amigos.

O Carlinhos é um cara super simples e totalmente gente boa, sem falar que anda muito e deve ser uma das grandes revelações do MTB nacional nos próximos anos. O Abraão, Campeão Brasileiro de 98 e Pan-Americano de 97, me surpreendeu por ser uma pessoa bastante aberta e muito inteligente.

Eu pude naqueles dias ter certeza de que uma boa cabeça conta muito na formação de um grande mountain biker. Também aprendi muito com o piloto brasiliense, desde táticas de prova até preparação para futuras corridas e como pedalar mais sabiamente de acordo com a conjuntura do momento.

O pessoal da Scott chegou de madrugada pois eles tiveram um problema com o caminhão em Registro. A turma da Scott veio em 7: o motorista, um cara muito gente fina e de excelente conversa, o Marquinhos Batista, piloto de speed, e um outro camarada de Sorocaba, nota 10 também.

Os três seriam apoio e mecânicos de Róbson Silva e Ricardo Aliperti, na Cadete, e de Márcio Ravelli e Odair dos Santos na Especial.

Prestígio da população – No dia seguinte o frio começou a se manifestar. Fomos tremendo de frio eu, o Carlinhos e o Abraão para a estação ferrroviária onde seria a largada da prova. O pessoal da Scott ia conosco no caminhão.

Chegamos ao local de largada e fomos atacados por um cardume de crianças loucas por autógrafos! Eu nunca dei tanto autógrafo na vida, teve uma hora que elas me imprensaram na parede do Museu da Bicicleta e teve que vir o pessoal da organização pra me ajudar… fiquei muito emocionado mesmo! Quase não dá pra completar o trabalho de aquecimento e alongamento. Tive que alegar que precisava ir ao banheiro para poder fazer a preparação para a largada!

A presença das crianças seria constante em toda a prova, quase tão constante quanto a do frio, que chegaria a menos 5 graus no alto da montanha no quarto dia.

Na noite do terceiro para o quarto dia, em Benedito Novo, dentro do quarto do hotel, janelas e portas fechadas, eu conversava com o Abraão soltando fumaceira pela boca, de tanto frio que fazia. Dentro do quarto!!!

A amizade entre os pilotos – Ao fim do primeiro dia de prova, à noite, em Jaraguá do Sul, assistimos todos (eu, Abraão, Carlinhos e o pessoal da Scott) à décima etapa do Tour de France, em que o Lance Armstrong abriu alguma vantagem sobre os demais assumindo a camisa amarela.

De manhã fiquei conversando com o Ravelli sobre o desenho do Babú que derrubava todo mundo gritando e o do Pica-Pau descendo as cataratas num barril. O Abraão revelou que deixou a avó dele passando mal em Brasília. Tinha quebrado o ferro elétrico e o de lenha não funcionava direito!

A amizade e companheirismo forma fortemente preponderantes na prova: em nenhum momento encontrei indícios quaisquer de rivalidade entre os times ou atletas, apenas uma saudável competição. Em particular, com relação à turma do nosso quarto, parecia que éramos velhos amigos empreendendo uma viagem de bicicleta em ritmo alucinante.

Resumo técnico da prova – A prova teve um total de 380km, mas pedalamos um pouquinho mais nos percursos para as refeições e da largada e chegada para os hotéis. Foram 93km no primeiro dia, 45km no segundo, 66km no terceiro, 82km no quarto e finalmente 93km no quinto dia, sendo que somente nas primeira e última etapas enfrentamos menos de 20km de trilhas.

Minha melhor média horária na Volta aconteceu logo na primeira etapa, onde andamos 95km em 4 horas e pouco, deu 22,5km/h de média. Mas esse foi o dia em que pegamos menos trilhas, apesar termos que vencer umas montanhas bem enfezadas.

Enfrentando o frio – Nos dias mais frios (inclusive no que choveu e fez menos 5 graus no alto da montanha) usei uma camisa de algodão por baixo, jornal dobrado no tórax, outra camisa de algodão e uma camisa de ciclismo de poliester italiana por cima, de manga comprida.

Quando fazia menos frio, usava uma camisa de algodão por baixo, poliester de manga curta por cima e manguito e perneira. A calça foi só a de ciclista mesmo, ora curta, ora comprida. Teve gente que usou também óleo elétrico, mas eu dispensei.

Sofri um pouco com minhas luvas, que não eram fechadas nos dedos. O alongamento e aquecimento foram fundamentais.

Faltou dizer que, na prova, o Ravelli foi super-solícito comigo e o pessoal da Scott me ajudou muito levando minhas malas pra lá e pra cá entre as etapas.

Além disso, a organização foi excelente e pude fazer grandes amigos, como Abraão Azevedo e Carlos Albertos Santos, meus companheiros de quarto e de roda, e Ricardo Aliperti e Róbson Silva, pilotos da Scott.

Este texto foi escrito por: Jorge Pasin