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III Open de Boulder acontece no dia mais frio do ano


Eliseu Frechou comandou a festa depois da banda (foto: Alê Silva/ www.escalada.esp.br)

Em São Paulo os termômetros marcaram 12 graus de temperatura máxima neste sábado. Subindo a serra da Mantiqueira, então, a sensação térmica chegou perto do zero, potencializada pela garoa fina e o vento cortante. Cenário perfeito para… Escalada! Pelo menos foi assim para os 80 corajosos que se inscreveram na terceira edição do Open de Boulder, em São Bento do Sapucaí.

A Escola Estadual Dr. Genésio Cândido Pereira recebeu no sábado os melhores escaladores do Estado, alguns de fora de São Paulo, além de vários competidores locais. Abrigados no ginásio, mas ainda sob muito frio, os participantes tiveram o dia inteiro para escalar, na forma de festival, e somar pontos para a final, válida como etapa do Campeonato Paulista de Escalada Esportiva. César Grosso e Janine Cardoso levaram a melhor.

Em contrapartida, a Femesp e a empresa Tectom doaram uma parede de escalada para a Escola, inaugurada no sábado. A parede leva o nome dos irmãos Cortês (Antônio e João), os conquistadores da Pedra do Baú, uma das marcas de São Bento do Sapucaí, e que torna a cidade um dos refúgios preferidos dos montanhistas paulistas.

Festa da Montanha – O Open de Boulder e a etapa do Paulista foram apenas um dos eventos do fim de semana. Além da inauguração da parede no sábado de manhã, houve uma exposição permanente de fotos antigas, da época da conquista do Baú e da construção do abrigo de montanha no topo da Pedra.

Neste domingo, que começou com um sol tímido e muito frio em São Bento, foi lançada a chapeleta fundamental do Grupo de Trabalho de Manutenção das vias do Baú, Bauzinho e Ana Chata, o complexo de montanhas do local. Os integrantes do grupo levantaram a discussão e pediram apoio da comunidade montanhista que freqüenta o local para ações e opiniões sobre a manutenção.

Enquanto isso, integrantes do Programa Adote Uma Montanha reuniram voluntários para limpeza das trilhas do local. Tudo isso fez parte da Festa da Montanha de Inverno devidamente caracterizada pelo frio.

O Open de Boulder foi marcado pelo grande público na tarde de sábado. O ginásio ficou lotado de montanhistas, entusiastas, e curiosos para ver o desempenho dos escaladores. Cientes da presença do público, os route-setters Adérito Costa e Grabriel de Jesus capricharam na construção dos boulders para garantir o espetáculo.

“Tentamos fazer um campeonato voltado para o público, com vias bem aéreas, bonitas para o público assistir. Não são muito técnicas, mas com vários movimentos de se jogar, se atirar, e isso dá um sabor diferente no espetáculo”, comentou Adérito, o Adebas.

A equipe passou uma semana na cidade, trabalhando na montagem dos módulos e criando as rotas. “Geralmente montamos com dois dias de antecedência. Dessa vez tivemos uma semana. Na quinta-feira acabou tudo e sexta testamos todos os boulders, ficou bem calibrado”, explicou Gabriel.

Sofrimento – Os dois route-setters foram os primeiros a entrar nos boulders, ainda na sexta-feira. No dia seguinte, um verdadeiro exército de escaladores repetiu os movimentos e passou pelos mesmos sufocos. “Nós sofremos bastante para testar todos os movimentos. Mas tem que ser assim, se tiver algo impossível temos que tirar”, concluiu Adebas.

Depois de um dia inteiro de escalada, nove competidores e seis competidoras passaram para a final, válida também como etapa do Paulista de Escalada. A decisão também foi na forma de festival, cada um teve 12 minutos para escalar em três boulders. Quem conseguisse somar mais pontos, vencia.

Cesinha, campeão da primeira etapa do Paulista, disputada na modalidade dificuldade, completou dois boulders e foi o que chegou mais perto de conquistar o terceiro e último. O boulder mais difícil da final começava com uma travessia quase no solo e subia por uma agarra grande onde era preciso unir o calcanhar junto com a mão. Passado o movimento, o escalador precisava cruzar de volta a parede em apenas dois movimentos a travessia inicial tinha quatro. A passagem levou para o colchão todos os escaladores, inclusive Cesinha, que conseguiu vencer o problema faltando um minuto para estourar seu tempo. De tanto esforço, o campeão não conseguiu terminar o boulder, que ainda tinha mais três movimentos bastante exigentes em resistência. Felipe Gomes ficou com a segunda colocação, seguido de André Berezoski, o Belezinha.

No feminino, Janine Cardoso também fez muita força para vencer Thaís Makino e Andréia Rizzi, que completaram o pódio. Os boulders da final feminina foram diferentes da masculina, mas mantiveram o mesmo padrão de dificuldade e movimentos aéreos.

Para afugentar o frio, as finais aconteceram ao som da banda Os Tupinambás, e depois o escalador e morador de São Bento do Sapucaí, Eliseu Frechou, assumiu as pick-ups e comandou o som.

Este texto foi escrito por: Daniel Costa