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Índios urbanizados no caminho do Sertões

Tarde de sol típico do Maranhão. Presos em um trecho da especial de Barra do Corda, esperando passar todas as motos e depois todos os carros, uma surpresa para os já entediados jornalistas da caravana do 9º Rally Internacional dos Sertões. Uma picape cheia de índios caracterizados como aqueles dos livros de História usados na escola.

A região de Barra do Corda é cercada de tribos indígenas. Todas à beira da rodovia. Na rápida passagem de carro, fica clara a urbanização dos índios. Antenas parabólicas, roupas no varal, carros estacionados entre uma casinha e outra e um templo da Assembléia de Deus. Pode parecer detalhe demais para uma fração de segundos na mira de uma janela de carro, se não fosse assim em todas as tribos.

Estilo surfista – O cacique Tephot, mais conhecido na região como Francisco, para facilitar, segundo ele mesmo, trajava uma bermuda estilo surfista e um cocar de penas verdes. Líder da tribo dos Canelas, ele conta o que fazia na caçamba do carro. “Estamos indo para uma apresentação na cidade. Vamos mostrar como são as danças espirituais, de cura e para a agricultura. Fomos convidados pelo prefeito por causa do pessoal da corrida” conta o cacique.

Seu Francisco não é um simples cacique. Ele consulta seu relógio digital para lembrar com exatidão há quanto tempo esteve na Europa. -“Fui para a Holanda e para a Alemanha participar de apresentações sobre cultura brasileira.”

Avião – Perguntado se teve medo de viajar de avião, responde aturalmente: “no começo me deu uma sensação esquisita na cabeça, mas dá em todo mundo, né? Foi bom demais. Gostei” relembra. Na meia hora de conversa com a imprensa, os índios conseguiram duas cestas básicas. Entre um papo e outro, também pediram dinheiro e contaram como é difícil a vida na tribo.

“O número da população indígena está crescendo muito. Temos na tribo hoje pouco mais de 2 mil pessoas. Precisamos de mais terras, embora já tenhamos demarcadas as que são de nosso direito. Mas o espaço está ficando pequeno e nem sempre a nossa produção é suficiente para suprir as necessidades da aldeia”, explica o cacique.

Nada tímidos, seguiram rumo à cidade na caçamba da picape. De posse das duas cestas básicas, continuaram em seu caminho para a apresentação. O cacique não partiu sem agradecer a passagem do Rally pela região. “A passagem da corrida é importante para nós. Proporciona oportunidades de as pessoas conhecerem um pouco a cultura indígena e a gente conseguir ajuda do pessoal, que agradeço e digo que é muito importante”, completa Francisco.

(*) Maristela Mattos é repórter do jornal Lance! e viaja a convite da organização. Esta é uma parceria do Lance! com o Webventure.

Este texto foi escrito por: Maristella Mattos*