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Jean Azevedo e os três anos de domínio no Campeonato Brasileiro de Rali Cross-country


Comquistar o Rally Dakar é um dos sonhos de Jean (foto: Marcelo Maragni/ www.webventure.com.br)

Em 2010, Jean Azevedo marcou seu nome na história do rali nacional. Com a vitória ao lado do navegador Emerson “Bina” Cavassin no Rally das Serras, que aconteceu no feriado da Proclamação da República, o piloto conquistou por antecipação seu terceiro título entre os carros no Campeonato Brasileiro de Rali Cross-country.

Desta forma, Jean soma agora três conquistas nacionais em três anos competindo na categoria. “Foi super bom. As coisas aconteceram muito mais rápido do que eu imaginava. Logo em 2008, meu primeiro ano na categoria carros, eu já fui campeão brasileiro. E, de lá para cara, em três anos de carro, três vezes eu consegui o título do campeonato nacional”, contou.

Apesar da trajetória vitoriosa nos carros ser recente, a carreira de Jean como competidor de ralis é antiga. Atualmente com 36 anos, o piloto de São José dos Campos (SP) iniciou sua vida profissional nas motos em 1994. Durante todos os anos em que competiu na categoria de duas rodas, o tricampeão dos carros conquistou nada menos que seis títulos Brasileiros de Rali e cinco canecos do Rally dos Sertões.

Não é a toa que, em 2008, Jean decidiu buscar novos rumos. “Nas motos, eu já ganhava há muitos anos as provas aqui no Brasil e, quando eu chegava no Dakar, eu andava sempre bem, entre os cinco. Mas eu nunca consegui vencer o Dakar, que era meu grande sonho. Faltava sempre um pouco mais de investimento e isso impossibilitava a vitória. Então, eu estava um pouco desmotivado e resolvi investir novamente na minha carreira para me motivar novamente e ter novos objetivos. Por isso, me foquei em um desafio de tentar ser competitivo também na categoria carros. Foi um desafio completamente diferente”, disse.

Expectativa – Toda a experiência em competições de moto foi levada por Jean para os carros. Esse conhecimento, no entanto, não impediu que a expectativa e frio na barriga como estreante tomassem conta do piloto em seu primeiro ano na nova categoria. E isso foi acentuado, principalmente, por ser bastante conhecido no mundo dos ralis.

“Na época da mudança, há sempre aquela expectativa de você deixar uma categoria em que você sabe que é competitivo e em que você ganhou bastante coisa, e ir para uma categoria completamente diferente. Depois do primeiro título, eu tive certeza que eu fiz a coisa certa em mudar. Eu provei para mim mesmo que eu poderia ser competitivo em uma nova categoria. Hoje, olhando para trás esses três anos, fico contente com esse novo rumo porque ele deu certo”, explicou.

Em três anos nos carros, Jean Azevedo conseguiu alcançar metade dos títulos Brasileiros que tem nas motos. A grande evolução do piloto em um curto espaço de tempo tem um motivo: o suporte durante os anos. Contando com um irmão experiente em ralis e também com uma equipe que lhe proporciona toda ajuda necessária nas provas, o tricampeão brasileiro acredita que, sem esse apoio, sua carreira não teria alcançado o atual patamar.

“Eu tive bastante apoio do André, porque nós estamos juntos na equipe. Nós sempre trocamos experiências. Então, sem dúvida, ajudou bastante. Além disso, outras pessoas que trabalharam comigo também me deram muita força. O resultado, tanto quando eu corria de moto quanto agora com o carro, não é só meu. Na moto era meu e da equipe de apoio e com o carro ainda acrescenta-se a ajuda do navegador. Então há sempre uma equipe por trás. Eu sozinho não faria nada”, afirmou o piloto.

Lembrando de seus últimos três anos e das dificuldades da estreia que o levaram, após muito suor, ao seu primeiro título Brasileiro entre os carros, Jean se enxerga muito mais maduro após o tricampeonato. Segundo ele, o conhecimento adquirido o deixa em condições de buscar o título de qualquer competição nacional que participe.

“Com a experiência de três anos, eu sei qual é a necessidade de preparação, de treinamento, de buscar o melhor equipamento, de saber as peças e as necessidades para todas as competições. Então, a grande diferença de quando eu comecei para agora é saber muito mais da categoria e o que temos que buscar para ser competitivo. Hoje, eu me vejo em condições de lutar pelas primeiras posições em qualquer competição no Brasil”, disse.

Caminhões – A história de Jean e seu irmão mais velho André são muito parecidas em termos de mudanças. Ambos começaram nas motos e passaram para os carros depois de anos na categoria de duas rodas. Atualmente, André corre entre os caminhões, veículo que, no momento, ainda não faz parte das pretensões de Jean.

“Eu ainda não parei para pensar se eu trocaria para os caminhões no futuro. Na verdade, hoje, eu falaria que não, mas nós nunca sabemos o dia de amanhã em relação à estratégia e tudo mais. A principio, meu foco é no carro”, explicou o tricampeão.

Com três títulos Brasileiros de rali em três anos disputando provas entre os carros, Jean alcançou um feito que muitos pilotos sonhariam em alcançar. Para ele, no entanto, falta algo mais. Para sua carreira na categoria ficar completa, Jean ainda sonha com a conquista de duas importantes competições: O Rally Dakar e o Rally dos Sertões, primeiro e segundo maiores ralis do mundo respectivamente.

Na competição brasileira, Jean acredita que a vitória entre os carros está mais próxima de se concretizar. “No Sertões, nos três anos que eu participei, eu não consegui vencer, mas sempre andei entre os primeiros. Eu já tenho cinco títulos na motos no Sertões, mas eu não consegui ainda vencer entre os carros, tornando-se assim um objetivo para mim também. Desde o primeiro ano, quando os resultados apareceram, eu vi que isso é possível”, disse.

Para o piloto, apesar do todos os esforços e dedicação no Sertões, nos últimos anos faltou um pouco de sorte para a vitória. Segundo ele, como os carros da equipe de fábrica da Volkswagen não participaram em 2010, a conquista acabou escapando devido alguns contratempos.

“Contra a equipe Volks, nós não corremos contra eles e sim para chegar atrás deles por ser impossível brigar de igual para igual. Esse ano, nós tivemos muitos contratempos. Nós tínhamos um bom carro, uma boa equipe e a equipe Volks não estava correndo, mas uma série de dificuldades acabou atrapalhando nosso desempenho nessa edição. Mas acredito que nós estamos perto de conseguir o primeiro lugar”, afirmou.

Dakar – No Rally Dakar, a situação de Jean é um pouco diferente. Depois de vencer a categoria estreantes em 2009, uma vitória na geral se tornou mais complicada por uma série de fatores. De acordo com o piloto, os equipamentos que possui hoje não o possibilitam chegar ao título. Por outro lado, Jean batalha para conseguir melhorar sua estrutura e acredita que, com um novo veículo, a primeira colocação pode acontecer.

“No Dakar, no meu primeiro ano, eu ganhei a categoria estreante e, no segundo ano, eu terminei o rali, o que já é uma grande vitória, mas não consegui um bom resultado. Ainda está faltando equipamento para a equipe. O carro já está bem defasado e nós estamos batalhando para, em 2012, conseguirmos um carro novo para também sermos competitivo como nós somos no Brasil. Eu sei que eu posso ser. Só está dependendo de estrutura e de equipamentos”, finalizou o piloto.

Este texto foi escrito por: Caio Martins