João Roberto fala sobre o Jalapão e a Chapada da Diamantina - Webventure

Foto: Pixabay

João Roberto fala sobre o Jalapão e a Chapada da Diamantina

Redação Webventure/ Expedições

Verificar sempre a profundidade dos rios (foto: João Roberto Gaiotto)
Verificar sempre a profundidade dos rios (foto: João Roberto Gaiotto)

A Chapada Diamantina tem dezenas de quilômetros de estradas de areião e cascalho. Nada desafiador para um utilitário, mesmo sendo um 4×2. O cuidado é com a tentadora vontade de pisar fundo no acelerador, o que pode levar o carro a um buraco disfarçado e lhe dar um susto. Pegue leve e ande devagar, assim é possível curtir as paisagens que enchem os olhos da gente.

O tempero off-road da região fica na Trilha do Roncador, que liga as cidades de Lençóis a Andaraí, por dentro da Chapada. Um trajeto de aproximadamente 38 Km repleto de trechos com erosão, travessia de vários rios, areiões incríveis, escadas de pedra e trechos estreitos. Só um 4×4 atravessa o trecho e aqui vai uma advertência: se chover forte nas cabeceiras dos rios, o leito fica intransitável, e você tem que esperar baixar a água para continuar. Na dúvida, confira a profundidade de cada rio e veja se seu veículo tem condições para uma travessia segura. O resto é pura diversão off-road!

Jalapão – No Jalapão, temos uma situação diferente. Nosso precioso deserto está ficando cada dia menos selvagem, pois a tentativa de levar mais turistas para a região vai acabar destruindo as atrações naturais e tirando o que a região há tantos séculos constrói com sabedoria.

Estradas de acesso aos atrativos naturais estão sendo cascalhadas com pedras enormes, onde até um valente 4×4 sofre com tanta trepidação. Imagine, então, o que pode fazer com veículos menos robustos. Por outro lado, grandes pontos turísticos, cujo acesso é muito difícil para veículos 4×2, têm em seus trechos mais difíceis os abomináveis “abortos” ou atalhos, que são feitos por quem não consegue passar no leito original da estrada, que vão destruindo a vegetação na medida em que são criados caminhos paralelos aos originais. Isso sem contar com o ponto de acampamento no Rio Novo, parada de grupos em viagens pela região e operadoras de rafting.

O lixo encontrado é revoltante e os buracos cavados para se colocar a sujeira são rasos e em terreno arenoso, resultado: animais domésticos e selvagens cavam em busca de restos de alimentos e expõem a sujeira a céu aberto.

Mas não desanime, ainda vale a pena se aventurar por lá, mas com alguns cuidados. Leve combustível reserva a partir de Ponte Alta do Tocantins. Em Mateiros e São Félix existem postos, mas não conte com isso. Considere o consumo de seu veículo e leve galões apropriados com reserva suficiente. Para o Land Rover Defender 110, levamos uma reserva de 40 litros de diesel e foi mais que suficiente para conhecer praticamente tudo e ainda errar muitos caminhos.

A região não tem sinalização e um bom mapa e um GPS com os waypoints dos locais ajudam muito. Leve material de camping, repelente contra insetos e provisões para pelo menos 2 dias. Se tiver tempo, você pode passar 30 dias lá dentro!

Comunicação – Telefone Celular? Nem pensar, na região não chega sinal nenhum. Se precisar de telefonia é melhor contar com sistema via satélite. Leve também um pneu estepe a mais, bomba manual ou elétrica para encher pneus, ferramentas para uma eventual manutenção de emergência e dirija com atenção. As estradas são intermináveis e sempre dá vontade de acelerar, mas buracos aparecem de repente, pontes e mata-burros nem sempre estão inteiros e areiões aparecem aos montes.

Cuide-se, porque ao entrar na areia o veículo é segurado pelo atrito e você precisa manter o pé no acelerador, caso contrário o carro pára e pode encalhar. Também é bom lembrar que as estradas de acesso aos pontos turísticos são estreitas, com muita areia solta e vegetação lateral repleta de galhos retorcidos. É fácil escorregar para o lado e danificar a pintura ou carroceria em manobras mais radicais.

Para terminar, gostaria de lembrar que nosso país é um paraíso para expedições prolongadas, com praticamente todo tipo de terreno que um off-roader procura. Mas é sempre bom planejar a aventura com cuidado e escolher os equipamentos com atenção. Registre tudo o que puder com sua filmadora e máquina fotográfica, uma viagem bem feita e organizada é para sempre!

João Roberto Gaiotto, consultor off-road do Webventure, técnico em Telecom e off-roader. Autor do livro “TÉCNICA 4X4 Guia de Condução Fora de Estrada”. Ministra cursos de condução 4×4 para a rede Dpaschoal/Goodyear e na PUC-PR. www.tecnica4x4.com.br

Este texto foi escrito por: João Roberto Gaiotto

Last modified: janeiro 29, 2002

[fbcomments]
Redação Webventure
Redação Webventure