Haroldo e Ricardo (de preto) com a equipe Rally Brasil (foto: Divulgação)
Dois jornalistas brasileiros irão cobrir o Dakar de forma inédita no Brasil. Ricardo Lopes, 33, editor de uma revista especializada em rali e produtor de um programa de TV, e o fotógrafo Haroldo Nogueira, 42, estão inscritos na categoria Apoio Rápido da prova. Eles vão seguir o roteiro do maior rali do mundo a bordo de uma L200 R sem a obrigação de competir.
A idéia é fazer um livro sobre a experiência. Os competidores ficam sempre muito focados na prova, nós poderemos olhar mais para os lados e conseguir mais histórias, comenta Ricardo. Trabalho há 15 anos com off-road e sempre quis fazer o verdadeiro Dakar, pois só indo pela trilha é que a gente conhece e enfrenta os desafios de verdade, completa Haroldo.
Durante a prova, Ricardo será o piloto da picape e responsável pela manutenção, enquanto Haroldo navega, faz as fotos e a comunicação. Os jornalistas que cobriram a prova até agora não tiveram a sensação real da competição. Os deslocamentos são geralmente de avião. Nós teremos a sensação de estar dentro da prova explica o piloto.
Perigos – Sem a obrigação de competir, a dupla espera buscar detalhes sobre povoados e regiões em que a prova passará. Porém alguns perigos podem aparecer caso se afastem demais da trilha. Dentro da prova já é ruim, fora dela é pior ainda. Qualquer corte que pensarmos em fazer estaremos por nossa conta e risco, diz Ricardo.
Pelo regulamento, o trecho considerado oficial tem dez quilômetros de largura seguindo roteiro do rali. Para qualquer problema que tivermos dentro desse trecho, existe muita chance de algum dos dois caminhões-vassoura nos encontrar e nos ajudar. Fora desses dez quilômetros nós estaremos sozinhos, adianta. Para o fotógrafo-navegador as dunas serão o maior problema. Elas confundem muito a navegação.
As primeiras páginas do livro Dakar: a magia do deserto já estão sendo escritas. Para participar da edição 2007, a dupla avalia que mais de 60 mil euros foram investidos. A maioria por patrocinadores. E isso porque não vamos competir, poderia ser mais caro. Mesmo assim ainda vale a pena. É um sonho, o máximo do esporte que mais gosto, diz Ricardo. O carro foi preparado por uma oficina brasileira especializada, a Rally Brasil.
Foi preciso mudar partes importantes do carro para se enquadrar no regulamento da Federação Internacional de Automobilismo. O tanque de combustível, por exemplo, tem agora capacidade para 180 litros de diesel.
Nesse momento o veículo está em um navio a caminho de Lisboa. A preparação teve de ser às pressas, já que a confirmação da inscrição veio só em setembro. Em julho a organização abriu para o cadastro dos interessados. O processo durou duas semanas e as vagas esgotaram. Depois de algumas rejeições (40 carros tiveram a inscrição devolvida), a prova está fechada em 240 motos, 185 carros e 80 caminhões.
Desde o dia 15 de dezembro a dupla está com uma nova dieta. Apenas café da manhã e jantar, para acostumar o corpo ao que irá acontecer durante os dias de prova. Essa é uma dica do campeão Hiroshi Masuoka, explica Ricardo. O rali larga no dia 6 de janeiro de 2006 de Lisboa e vai até Dakar, na África, com término no dia 21.
Este texto foi escrito por: Daniel Costa