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Jovens cegos da ADD escalam parede artificial da Adventure Fair para incentivo do esporte


Ra?­ e Fernando concluem as vias da parede artifical (foto: Cristina Degani)

Se já é difícil escalar normalmente, um esporte de aventura que causa receio naqueles que não gostam de altura e ainda não experimentaram a sensação de subir uma parede rochosa ou mesmo artificial com a própria força, imagine para quem não enxerga. E não enxerga nada mesmo.

Fernando, de 16 anos, Raí (17) e Tatiana (18), paulistanos da zona sudoeste de São Paulo (SP), escalam há pouco mais de um ano e foram na Adventure Fair demonstrar o quanto se apaixonaram pelo esporte mesmo sem enxergar. Eles são deficientes visuais que participam do projeto da Associação Desportiva para Deficientes, a ADD, que ensina e auxília deficientes físicos a praticar esportes adaptados, como basquete em cadeira de rodas, competições de corrida na categoria cadeirante, e de aventura como ciclismo e escalada esportiva.

Foi um sucesso a escalada dos três, tanto na demonstração do esporte quanto na técnica que eles demonstraram. Raí é um exemplo claro de escalador com técnica apurada, sendo elogiado até por escaladores profissionais. Na Copa Curtlo de Escalada Amador, que teve etapa em maio, Raí participou e teve excelente resultado mesmo entre os competidores sem deficiência: ficou em sexto lugar de sua categoria (por idade) e com a diferença de apenas 10 pontos.

Pela falta da visão, os deficientes desenvolvem o tato mais apurado. Os professores ficam embaixo, no chão, “cantando” a via para eles. Na parede da Adventure Fair, também montada pela Casa de Pedra, Fernando e Tatiana mandaram um 4º grau e Raí um 5º grau.

Inclusão social – Com apoios da Casa de Pedra, que sede o ginásio para prática das atividades, e da Kailash, marca de equipamentos e roupas esportivas, cinco jovens atualmente treinam para a modalidade, que no ano que vem pode vir a ganhar uma categoria esportiva de competição dentro do Campeonato Paulista de Escalada Esportiva. Para isso, seria necessário sete praticantes com deficiência visual.

O professor Mateus Nascimento, que desde 2001 trabalha com esporte adaptado, é o orientador desta turma. Ele dá treinamento aos alunos duas vezes por semana, na Casa de Pedra do bairro Chácara Santo Antônio, às segundas e quartas das 12h30 às 14h30. Os alunos seguem para o local sozinhos, normalmente de transporte público como ônibus e metrô.

“É importante estarmos presentes em campeonatos para demonstrar o quanto é possível a prática desses esportes mesmo com deficiência”, diz Mateus. Ele fala que a inclusão social é também outro objetivo da ADD e trabalha para aumentar a comunidade de participantes até para outros esportes. “Já temos dois deficientes visuais que praticam ciclismo conosco, em bicicletas tandem (de dois lugares)”.

Para fazer parte das turmas desportivas da ADD basta entrar em contato com a associação. A participação e aprendizado é gratuito. Mais informações em www.add.org.br.

Este texto foi escrito por: Cristina Degani