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Juca lamenta os “20 minutos” decisivos


Juca diz que penalização lhe custou o título. (foto: Samir Souza)

“Eu cometi erros”, disse Joaquim Gouveia, o Juca Bala, logo ao início do encontro com a imprensa no retorno da Equipe BR Lubrax ao Brasil. Ele foi ao Dakar 2002 para buscar o bicampeonato na categoria Super Production para motos até 400 cilindradas. Acabou vice-campeão.

Para Juca, o erro maior foi o que lhe custou uma penalização de 20 minutos dada pela organização do rali na primeira “etapa-maratona”, no dia 4 de janeiro. “Eu achei que a especial já tinha acabado e fui lavar a moto, cuidar dela. Mas eu deveria percorrer mais um trecho até o acampamento. Como cheguei mais tarde, recebi a penalização”, explica.

Falhas e acertos – O piloto destaca que neste ano sua categoria estava bastante competitiva. Juca apresentou muita cautela e regularidade. Seu maior rival, o francês Fraçois Deboffe, se acidentou numa das últimas etapas. “Numa reta, a 120km/h, ele caiu e fraturou clavícula bacia, destruiu a moto… Quando eu vi, confesso que até tirei um pouco a mão”, lembra.

Caso não tivesse os 20 minutos acrescidos em sua soma dos tempos, o brasileiro teria o caminho aberto com a saída do francês. “Como disse o André (Azevedo), 20 minutos podem fazer muita falta no final e esses me custaram um título.” No fim do rali, a diferença entre ele e o campeão foi de 19 minutos.

Para Klever Kolberg, líder da equipe BR Lubrax, a atuação de Juca foi ainda melhor do que no ano passado, quando ele ficou com o título. “A gente já sabe que o Juca é um piloto veloz e que entende de mecânica. Neste ano trabalhamos com ele a navegação, ele chegou a competir em enduro de regularidade inclusive. Percebi que ele foi muito bem neste Dakar por esse lado, ele amadureceu”, elogia. “Prefiro que ele seja vice-campeão e mais amadurecido, do que ganhar sem evoluir.”

Juca avaliou esta edição como uma das mais difíceis. “Eles montaram as etapas de uma forma que as primeiras foram muito fáceis. Depois, houve etapas que exigiram tudo da gente”, comenta.

Uma mentirinha… – Em sua quarta participação no Dakar, Juca foi um dos maiores incentivadores do companheiro de equipe Luís Mingione, que estreou neste ano com uma moto de 250 cilindradas, uma potência menor em relação à maioria das máquinas inscritas. “Como eu chegava mais cedo, ia cuidar de detalhes como pegar alterações da planilha e ficava esperando o Luís chegar (ele era um dos últimos). Algumas vezes ele vinha bastante assustado e procurávamos somente incentivá-lo. Diziamos: ´você está quase chegando lá´”

“Eu assumo: menti para o Luís”, brinca Juca, referindo-se às dificuldades que o amigo encontraria no rali. “Não podia contar toda a verdade senão ele desistiria.”

Este texto foi escrito por: Luciana de Oliveira