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Juca vira atração; BR Lubrax diz que saldo foi positivo


Juca Bala dá entrevista: estou mais acostumado a isso (foto: Luciana de Oliveira)

Desta vez, havia dois focos para câmeras, luzes, gravadores e olhos na volta da equipe BR Lubrax ao Brasil após os 21 dias de aventura no Rally Paris-Dakar, que teve a cobertura on line do Webventure. Um, era o de sempre: o piloto Klever Kolberg, que dispensa o rótulo de “chefe” do time, mas assume uma postura de liderança, sempre com respostas na ponta da língua. Outro era Juca Bala.

O título na categoria SuperProduction 2.2 fez o brasileiro virar astro – do off-road. “Comecei a me acostumar a isso quando me tornei político”, conta o atleta que já foi vereador em São Roque (SP), sua cidade-natal. “Melhorei muito a minha oratória, fiz vários cursos e o Klever me ajudou também. Antes, quando ligavam a câmera na minha cara, eu ficava mudo. E de que adianta um campeão mudo?”

Juca foi procurado pela imprensa para contar as peripécias durante o Dakar, como trocar horas de sono a fim de consertar a moto à noite, nas etapas onde não era permitido contar com a ajuda dos mecânicos, ou a pedrada que levou de nativos durante uma etapa. Claro, o atropelamento da vaca – que tirou o brasileiro da disputa em 99 e teve chances de se repetir neste ano – não foi esquecido pelos jornalistas. “O que é mais díficil de administrar: o Klever falando ou a vaca pelo caminho?”, brincou um deles.

A família também veio para São Paulo. “Ainda não comi o bolo de aniversário que o Juan congelou para mim”, comentou Juca, lembrando a mensagem que o filho deixou no Muro de Recados da cobertura do Dakar. A manhã de hoje também reservou o primeiro encontro do campeão com o piloto Luís Mingione, a quem ele dedicou o título por todo o tempo que treinaram juntos antes de o segundo machucar o ombro e ficar fora do rali. Um forte abraço resumiu a cumplicidade da dupla.

Fala, Klever! – “Não acho que tenha faltado sorte para a equipe neste ano. A vitória do Juca foi nosso 12º pódio em um Dakar. Agora vamos em busca do bicampeonato na categoria dele”, comentou Klever, que foi um dos três pilotos da BR Lubrax a abandonar o rali. Os outros foram André Azevedo, nos caminhões, e Jean Azevedo, nas motos.

Kolberg fez questão de lembrar do impasse em sua categoria relacionado à participação do espanhol Miguel Prieto, que foi inscrito na T2 Diesel mas modificou o carro antes do rali passando à T3. O Webventure foi o primeiro a mostrar, com foto, a alteração de categoria (veja matéria), mas o site da organização do Dakar insistiu em manter Prieto como líder da T2, deixando Klever em segundo. “Algumas pessoas ainda acharam que estávamos divulgando uma informação incorreta. Mas o principal é esclarecer que ninguém foi para lá para tirar vantagem de nada, e sim para tentar fazer o melhor como todos os demais.”

O que vem por aí – Perguntado sobre o porquê de a BR Lubrax ainda não ser um time 100% brasileiros, já que André Azevedo corre com os tchecos Tomas Tomecek e Petr Vodak e o próprio Klever costuma ter navegadores estrangeiros (em 2001 foi o francês Bruno Cattarelli), o piloto explicou: “No caso do André, ele é sócio dos tchecos no caminhão. E eu preciso de uma ponte onde o carro esteja sendo preparado, neste ano foi na França e o Bruno, morando lá podia cuidar de tudo. E o melhor: ele mesmo estaria com o carro no Dakar, então tinha mesmo a preocupação de que tudo fosse feito da melhor forma.”

A esperada briga por títulos na geral, disse Klever, é possível, mas pede muito investimento e, num time que quer competir em todos os veículos, como a BR Lubrax, torna-se ainda mais complexa. “É preciso investir cinco mil por cento a mais do que neste ano”, calcula. “Isso porque cada time não vai com uma moto, mas com cinco. E assim por diante. E é um investimento a longo prazo, a KTM está há 10 anos no Dakar e só foi ganhar em 2001.”

Este texto foi escrito por: Luciana de Oliveira