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Jutta fala de Schlesser, Dakar e quer correr no Brasil

Redação Webventure/ Offroad

Jutta na coletiva realizada em São Paulo (foto: Luciana de Oliveira/Webventure)
Jutta na coletiva realizada em São Paulo (foto: Luciana de Oliveira/Webventure)

Agora conhecida em todo mundo como a primeira mulher a quebrar a supremacia masculina ao vencer o Rally Paris-Dakar 2001, a alemã Jutta Kleinschmidt aterrisou no Brasil depois de encarar os dez dias de disputa do segundo maior rali cross-country do mundo, o Master Rallye, encerrado no último fim de semana. A ligação com o off-road é tanta que ela já deseja correr no Brasil: “Vi um livro com as belezas deste país e eu tenho que vir correr alguma prova aqui”, afirmou, no encontro com a imprensa nesta manhã, em São Paulo.

Risonha, ela se mostrou disposta a comentar todos os assuntos abordados inclusive a relação com o francês Jean Louis Schlesser, para quem navegou no início da carreira e a quem irritou com sua performance vitoriosa no Dakar – até a escolha por não se casar nem ter filhos. “Não tenho tempo para isso. Eu já brinco bastante com os meus sobrinhos, filhos de minhas três irmãs”, confessa. Para organizar o dia-dia, conta com o trabalho do mesmo manager de Michael Schumacher.

Prestes a completar 40 anos, neste mês, Jutta vive em Mônaco, quando está ‘parada’, e coleciona resultados positivos desde que, há nove anos, decidiu dedicar-se à pilotagem. Hoje ela testa carros para a Mitsubishi, dá cursos de off-road, além de disputar e liderar – o campeonato Mundial cross-country, dos quais o Dakar e o Master Rallye fazem parte.

Invasão – Está acostumada a quebrar tabus. Começou no off-road com moto, tinha uma BMW “a moto mais difícil que podia escolher” e com ela estreou no Dakar, em 1988. Antes disso, já conhecia o que é ser uma mulher numa área dominada pelos homens: formou-se em física e em engenharia. No Dakar, o primeiro feito foi liderar a prova por três dias consecutivos e alcançar o pódio na geral, em 98, o que nunca uma mulher havia feito.

“Quando a gente começa num meio desses, os homens acham legal, ajudam, incentivam. Tudo termina de repente, quando você começa a ultrapassá-los”, comenta. Foi assim que o amigo Schlesser tornou-se seu arqui-rival. “Para 90% dos homens é normal competir com uma mulher, mas alguns não entendem. Schlesser é um deles, não aceita que uma mulher seja mais rápida.” Jutta, acusada pelo francês por ter um comportamento ‘antiesportivo’ ao não deixá-lo ultrapassá-la numa das etapas do Dakar deste ano, diz que não compra a briga. “É um problema dele.”

Mesmo assim, reclama de ter de concorrer com o buggy desenvolvido por Schlesser, que é mais leve e com maior suspensão. “É um total protótipo e está na mesma categoria que os carros ‘standart’ (modelos vendidos nas lojas com algumas modificações), é difícil competir com eles.”

Os próximos títulos – O próximo desafio da alemã no Mundial é uma das provas que mais gosta: o rali da Argentina, ‘Por las Pampas’, nos dias 15 a 23 de setembro. Depois restará apenas uma etapa, a UAE Desert Challenge, em outubro, e na matemática do off-road Jutta poderá ser consagrada de vez.

A alemã já pensa no próximo Dakar: a Pajero Full certamente terá modificações em relação à usada neste ano. Ela não crê que a responsabilidade de ser a atual campeã seja um peso. “Eu acho que existe pressão quando você ainda não venceu o Rally. Depois que já ganhou é mais tranqüilo”, garante. Ela não fala em vitória, mas em realizar uma boa prova. “Acho que é por isso que a mulher tem chances de sucesso, porque está preocupada em viver aquele momento e não na vitória que vem ao final.”

Este texto foi escrito por: Luciana de Oliveira

Last modified: agosto 15, 2001

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