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Jutta Kleinschmidt: a alemã que virou história no off-road

Redação Webventure/ Offroad

Sorte e muita competência. Os dois ingredientes levaram a alemã Jutta Kleinschmidt a fazer história no rali mais famoso do mundo, o Paris-Dakar. Neste domingo ela se tornou a primeira mulher campeã da prova. “É inacreditável. Fizemos o que era preciso, sem correr muitos riscos”, explicou. Jutta foi coadjuvante durante quase toda a competição – brilhou ao vencer a etapa de El Ghallaouiya, na Mauritânia. Enquanto o mundo estava de olho na briga do francês Jean-Louis Schlesser e do japonês Hiroshi Masuoka, a alemã foi acumulando boas colocações e investindo a espera de uma chance.

A oportunidade foi dada pelos mesmos Schlesser e Masuoka. No sábado, durante a penúltima etapa, o francês, que deveria ser o segundo a largar bem atrás de Masuoka, resolveu sair antes da hora. A manobra e
um lance de azar do japonês, que saiu da pista e perdeu muito tempo com problemas na roda, abriram caminho para Schlesser acelerar, vencer a etapa – com Jutta em segundo – e assumir a liderança com folga.

Ele tinha mais de 40min de vantagem sobre a alemã e só precisaria largar hoje para conquistar o tricampeonato. Mas a TSO, organizadora do Dakar, barrou o sonho de Schlesser com a penalização de 1 hora divulgada na noite de ontem. O campeão de 1999/2000 tentou recorrer, em vão. A liderança automaticamente passou a Kleinschmidt. Com apenas um quinto lugar nesta derradeira especial, ela soube fazer história.

“Não cometemos nenhum erro (…) Eu também queria ganhar, é normal”



Sempre no mesmo caminho – Jutta nem quis considerar sugestões de que entregasse o título ao colega Masuoka durante a etapa final. “Para mim isto é simples: eu queria vencer o Dakar”, defendeu-se. “Ele perdeu o título ontem, cometendo um erro. Eu não errei e também quero ganhar, é normal.”

Curiosamente, Schlesser e Masuoka fazem parte da carreira de Jutta e seu navegador, o também alemão Andreas Schulz. O japonês é companheiro na Mitsubishi e principal esperança de um título para a equipe. Em 2000, ele passou perto tendo Schulz como navegador. Já Kleinschmidt foi a navegadora de Schlesser ao estreiar no Dakar, em 1995. Neste ano, pilotando para o ‘concorrente’, ela irritou o francês que chegou a acusá-la de segurá-lo numa especial para favorecer Masuoka. Jutta desmentiu.

Começo nas motos – A primeira campeã do Dakar começou no off-road com motos. Em 1987, ela participou pela primeira vez de uma prova de longa distância, o Rally dos Faraós, e permaneceu competindo em duas rodas até 1992. A paixão pelos carros se iniciou em 93, como navegadora de Schlesser. Jutta passou para o outro banco em 94,
no rali da Tunísia. O retrospecto no Paris-Dakar: 12º lugar na geral carros (1995), 5º (1997), 24º (1998), 3º (1999, primeira mulher no pódio), 5º (2000).

A parceria com Schulz começou no ano passado, quando ele substituiu a navegadora sueca Tina Thorner nas duas últimas etapas do Mundial de rali cross-country. Eles ficaram em sexto na classificação final e
Jutta foi a vice-campeã entre os pilotos, atrás de Schlesser. Na festa do título deste Dakar, a alemã atribuiu a Schulz papel fundamental na conquista. “Nosso carro era bastante sólido, mas não era o mais rápido. Acontece que não cometemos nenhum erro de navegação. E nem de direção.”

Este texto foi escrito por: Luciana de Oliveira

Last modified: janeiro 21, 2001

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