Determinação de Klever já está dando frutos (foto: Vipcomm)
O piloto Klever Kolberg havia decidido que não participaria mais do Rally Dakar. No entanto, a ideia de mudar a cabeça das pessoas em relação ao meio ambiente o fez voltar atrás na decisão. Entre os dias 1º e 17 de dezembro, Klever irá correr, pela 22ª vez, o maior rali do mundo, estreando seu projeto de carro movido a álcool.
Estou indo com um projeto que é pioneiro, então será uma prova em que nós iremos aprender muito sobre competir utilizando etanol. Não estou indo lá preocupado com os concorrentes ou com o rali. Estou preocupado com a atitude que nós tivemos de provocar nas pessoas o que elas podem fazer pra agredirem menos o meio ambiente, explicou o piloto.
Para que a participação se tornasse viável, foi criada uma nova categoria de disputa, chamada de Experimental. Fazem parte dela apenas combustíveis limpos, como biocombustíveis, hidrogênio, eletricidade e alguns gases.
O projeto nasceu no início de março, mês em que comecei a atuar mais forte sobre ele. No entanto, já havia quase dois anos de negociação com a organização do rali para que ela permitisse a utilização do etanol. Nunca ninguém havia solicitado isso a ela. Ou, se tinha, ela não havia dado a permissão, contou.
Inovação em meio à crise – Em um ano conturbado pelas consequências da crise mundial, inovações em qualquer ramo seriam arriscadas. No entanto, Klever topou o desafio e se aventurou em novos horizontes.
Todo projeto pioneiro você tem que deslocar recursos da competitividade para o aprendizado, para a inovação. No entanto, isso é mais caro. Os recursos que eu poderia usar para treinar mais, por exemplo, eu tive que usar para criar peças que não existiam. O próprio carro, a Pajero Sport, não era usada em competições. Mas esse era o carro flex disponível naquele momento. Então tivemos que desenvolver toda uma preparação para ele, disse o piloto, que garantiu não estar indo a passeio para o Dakar, mesmo que não consiga brigar pelas primeiras colocações.
Passar por mudanças nem sempre é fácil. Para Klever, isso não foi diferente. Segundo o piloto, muitas vezes a vontade de voltar a competir e ter carros melhores é maior do que a vontade de inovar. No entanto, ele se esforça ao máximo para levar o projeto adiante.
Meu DNA é competitivo. Eu tenho 47 anos, ou seja, 45 eu fiz de um jeito e agora eu tenho que mudar a maneira de fazer. Não é de uma hora para a outra que isso acontece. No entanto, quando eu comecei o projeto, eu sabia que teria que ter muita força de vontade para mudar essa atitude, disse.
E toda determinação até agora está dando frutos. Mesmo sendo novidade para a disputa do próximo ano, alguns pilotos já se interessaram pelo etanol. Algumas pessoas já estão me procurando para competir no Dakar 2011 e até para competir no Rally dos Sertões. Nós teremos uma experiência muito boa para passar. A ideia é compartilhar esse aprendizado com quem quiser mudar um pouco. Afinal, você é quem decide o que vai fazer no futuro. E isso pode ser feito com energia limpa, finalizou.
Este texto foi escrito por: Caio Martins
Last modified: dezembro 15, 2009