Longas caminhadas aguradam os aventureiros. (foto: Jurandir Lima.)
por Jurandir Lima
Longe de ser um deserto, os Lençóis Maranhenses é um daqueles lugares que pode ser considerado único no Brasil. Resultado da ação constante dos ventos, das correntes marítimas, e dos movimentos das ondas, o cenário é formado por dunas a perder de vistas e extensas praias desertas ao longo de 90 quilômetros da costa árida do Maranhão.
Outra particularidade deste ambiente é a quantidade de chuvas que cai ao longo do ano. Por aqui chove cerca de 300 vezes mais que o deserto do Saara, na África. Para proteger as características deste ecossistema, o local foi declarado Parque Nacional em junho de 1981.
Com uma área de 155 mil hectares, maior que a cidade de São Paulo, o grande destaque do Parque são as dunas, de areias alvíssimas e em constantes movimentos.
Apresenta uma paisagem típica de deserto – daí a razão de ser conhecido como o Saara brasileiro em contraste com as enormes lagoas de águas cristalinas, que se formam na época das chuvas, de novembro a junho. Embora temporárias, as lagoas são povoadas por peixes que servem de sustento alimentar para aves migratórias vindas do Pólo Norte, como o maçarico e o trinta-réis.
O lençol freático na região está tão próximo à superfície que basta espetar um cano de dois metros no chão para que a água jorre. As lagoas que surgem durante as chuvas nada mais são do que a água que transborda nas pequenas depressões existentes entre as dunas.
Este oásis, no meio da areia, faz com que algumas famílias nômades habitem os Lençóis Maranhenses. Na estação chuvosa, a população migra para as dunas recorrendo aos recursos pesqueiros; na estação seca, refugiam-se fora dos Lençóis, nas beiras dos rios e vivem da agricultura.
Para quem visita os Lençóis, o grande atrativo são as dunas que, vistas de cima, revelam-se como lençóis espalhados ao sol, postos a secar. Formadas pelas areias de quartzo, muito finas e leves, as dunas móveis, também chamadas de morrarias pelos nativos, chegam a atingir até 40 metros de altura, numa extensão de 50 quilômetros continente adentro, moldando o cenário deste aparente deserto brasileiro.
Finas como o talco, as areias quando sopradas pelos fortes ventos alísios chegam a arder na pele. Em compensação, as lagoas de coloração que variam entre o azul-turquesa e o verde-esmeralda, contracenam com um céu por vezes azul, quase límpido, por vezes carregado de nuvens, tornando o local simplesmente encantador.
A Vegetação – Na maior parte do Parque não há recobrimento de vegetação. Numa área relativamente pequena aparecem os manguezais, cuja ocorrência está ligada aos solos de várzeas, situando-se não só nas áreas diretamente atingidas pelo mar, mas principalmente acompanhando o curso e braços de rios. Destacam-se: o Mangue-vermelho, que alcança até 12 metros de altura, o Mangue-branco e o Mangue-siriúba.
Nas praias e dunas, predominam o Capim-da-areia, o Alecrim-da-praia e a Pimenteira. Já nas restingas, ocorrem espécies importantes na fixação de dunas, como: Cipó-de-leite, Sumaré-da-areia, Janaúbas, Mangabeiras e Orquídeas-da-restinga.
A Fauna – Na parte litorânea do Parque, aves migratórias abrigam-se ou nidificam-se, tais como: Maçaricos, Trinta-réis-boreal e a Marreca-de-asa-azul, vinda dos Estados Unidos, entre fevereiro e abril. Nos manguezais destacam-se a Jacaretinga, o Veado-mateiro e a Paca. Nos lençóis também há a ocorrência da Tartaruga-verde, que põe seus ovos nas praias durante a noite.
O Clima – Clima tropical caracterizado por apresentar uma temperatura média sempre superior a 18°C, podendo chegar aos 40ºC durante o dia. O regime pluviométrico que define duas estações, uma chuvosa e outra seca, tem uma precipitação média anual de 1.600mm.
O Parque não tem entradas específicas, pois não há estradas, apenas areias. Os acessos mais comuns são por Barreirinhas, via balsa, por Atins ou por Sucuriju, no extremo oeste.
Como chegar
Via terrestre – A partir de São Luís, capital do estado, pegar a BR-135 até Rosário e depois outra estrada até Morros. Deste local, serão mais 162 Km até Barreirinhas. O acesso ao Parque fica do outro lado do Rio Preguiças, onde se atravessa com balsa.
Via aérea – Há vôos regulares de São Luís para Barreirinhas com aviões monomotores. O tempo de vôo leva, em média, 01 hora.
Conhecer os Lençóis será uma aventura inesquecível, porém é importante seguir as seguintes recomendações:
Este texto foi escrito por: Jurandir Lima (arquivo)
Last modified: maio 14, 2004