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Levantando o percurso

Redação Webventure/ Offroad

A atual situação internacional continua provocando perguntas e boatos sobre a realização da 24ª edição do Rally Paris-Dakar. Para não seguirmos a linha do achismo, veja alguns fatos importantes e incontestáveis.

As verificações técnicas e administrativas, nos dias 26 e 27 de dezembro, e a largada, dia 28 de dezembro, serão em Arras, a 250 quilômetros ao norte de Paris. Os hotéis da cidade estão completamente lotados e novas reservas só são aceitas apenas em outras localidades. As inscrições abertas no dia 1º de julho já somam mais de 200 participantes, número 20% maior em relação ao mesmo período do ano passado, o que leva a uma previsão de que entre 300 a 400 veículos estarão tomando parte nesta aventura.

A TSO, empresa organizadora do rali, já realizou outras provas enfrentando ameaças e sempre garantiu a segurança aos concorrentes, tornando-a experiente para a atual situação. Portanto, ela não está parada e já iniciou o levantamento do percurso, uma tarefa enorme, que exige tempo e muito dinheiro. O assunto é interessante e por isso vamos falar mais dele.

Pela primeira vez a largada do Paris-Dakar acontecerá no início da noite, às 19 horas (sempre foi por volta das 5 horas da madrugada). Serão várias horas de festa com os veículos subindo a rampa e os competidores sendo apresentados ao público. De Arras a caravana segue para Dakar cruzando a França e a Espanha. Dormiremos a primeira noite em Chateauroux, onde os moradores locais estarão mobilizados para acolher os concorrentes que estarão chegando a partir das 23 horas e durante toda madrugada. Na manhã seguinte as equipes enfrentarão a primeira especial (trecho cronometrado), com apenas cinco quilômetros, antes da chegada a Narbonne, ainda na França.

No dia seguinte, 30 de dezembro, antes de atravessar a fronteira da França com a Espanha, outra especial com aproximadamente 35 quilômetros será traçada dentro dos vinhedos montanhosos da vinícola Château-Lastours, onde a prova já esteve em 1994, 1998 e 2001. O dia termina em Madri.

No dia 31 de dezembro a terceira especial será disputada nos arredores de Madri, seguindo para o porto de Algeciras, cruzando para a África e celebrando a chegada do ano novo em alto mar, no Mediterrâneo.

A coisa começa a ficar séria no dia 1o de janeiro, no desembarque em Rabat, já no Marrocos. Na Europa, o Rally é feito para o público, que tem a oportunidade de ficar perto dos competidores. A chegada ao continente africano marca o início esportivo do rali. As primeiras etapas africanas servem como um aquecimento. Elas permitem a todos se testarem, avaliar as forças presentes e verificar as últimas regulagens dos veículos.

Para levantar este percurso cruzando o deserto do Saara, Patrick Zaniroli, diretor esportivo da TSO, começa a traçar um pré-roteiro baseado em mapas e no conhecimento dele sobre a África. Mas isto não é suficiente, já que a África não é confiável: pistas destruídas ou perigosas devido às intempéries, os oueds (leitos de rios secos), as dunas mudam de lugar conforme os ventos. Então, para finalizar o roteiro, a equipe chefiada por Zaniroli parte para o deserto para verificar o que foi imaginado, conhecer o real estado de um determinado percurso e eventualmente achar novos caminhos, novas passagens.

O traçado deve oferecer uma ligação lógica e homogênea. Se cada vez é mais difícil encontrar novas pistas no Marrocos, a TSO procura desenhar um percurso variado, interessante e progressivo para as dificuldades. Uma passagem, colocada em sentido inverso, pode ser totalmente diferente e insuperável. Um primeiro reconhecimento do terreno no Marrocos já foi realizado em julho. Durante o mês de outubro aconteceu o reconhecimento final, muito mais longo, atravessando os territórios da Mauritânia e Senegal. Atravessar as dunas da Mauritânia nesta época do ano é uma tarefa quase heróica, já que está acabando o verão no deserto. É bastante comum o termômetro chegar perto dos 55º C, não existe sombra e a areia fica ainda mais fofa, tornando-se praticamente intransponível.

Portanto, boatos à parte, nós, nossos concorrentes e literalmente a organização, especialmente Patrick Zaniroli, estamos a todo vapor.

Quer saber mais histórias interessantes de rali? Então nos ajude a escrever a próxima coluna. Faça perguntas, envie sugestões e tire suas dúvidas. Mande um e-mail: parisdakar@parisdakar.com.br.

Este texto foi escrito por: Klever Kolberg (arquivo)

Last modified: outubro 18, 2001

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