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Lucas Brun aposta no conhecimento da costa brasileira


Tempestade no ABN Amro 2 na pssagem do Cabo Horn (foto: Divulgação/ VOR)

O velejador mais jovem da Volvo Ocean Race é brasileiro e se aproxima de casa a cada dia que passa. Lucas Brun, de 22 anos, é tripulante do ABN Amro 2, veleiro com os jovens talentos da vela mundial, selecionados no ano passado. Lucas é filho de Gastão Brun, um dos nomes mais expressivos da vela brasileira, bicampeão mundial da classe Soling.

O brasileiro começou a Volvo na reserva da equipe e participava somente das regatas In-port. Como o proeiro Gerard Poortman se machucou na última perna, Lucas assumiu o posto para a etapa que termina no Rio de Janeiro. Na tarde de ontem, ele conseguiu uma folga nas atividades do veleiro e falou com alguns veículos de imprensa.

O velejador afirmou que pegou algumas dicas com o pai sobre a costa brasileira. “Um pouco antes da largada desta etapa eu mandei um e-mail para ele pedindo alguma sugestões e informações sobre a costa brasileira. Espero poder aplicar alguma delas, só que mais para frente. Ainda estamos distantes da costa”, contou.

Decisão – A aproximação da costa brasileira será um momento decisivo para os cinco veleiros que disputam o primeiro lugar na perna. “Na última edição da Volvo, a perna brasileira foi decidida nas últimas 50 milhas. O conhecimento da costa será importante se todos os veleiros chegaram próximos uns aos outros”, comentou.

Mas segundo ele, a estratégia não depende só da previsão do tempo e do conhecimento do local. “Sem saber como estão nossos concorrentes não tem como fazer a nossa estratégia de regata. Tivemos que fazer algumas escolhas no decorrer da regata que não faríamos normalmente. Mas optamos por defender nossos ganhos com relação aos outros barcos”, disse Brun.

Os últimos dias têm sido de poucos ventos para os cinco veleiros. Somente na madrugada de hoje os veleiros chegaram na latitude considerada brasileira, sendo que a previsão inicial de chegada no Rio de Janeiro era para hoje. Além de aumentar a tensão, essa situação pode mexer nas provisões dos veleiros. O Brasil 1 já anunciou um possível racionamento de comida e o ABN Amro 2 pode seguir pelo mesmo caminho.

“Temos uma previsão de quanto tempo vai durar a perna e colocamos comida a mais. Se vemos que vai durar mais do que nossa previsão começamos a fazer menos comida e enganamos a fome com barras de chocolate e outras coisas. Não chega a ser uma dieta especial, mas tem que racionar”, contou Lucas Brun.

A passagem do Cabo Horn foi o momento mais marcante da carreira de Lucas Brun, segundo ele. “Pegamos uma tempestade, com ventos de até 40 nós, na passagem pelo Horn, coisa que eu só tinha visto em filme. Foi assustador. Com certeza se minha mãe visse ia perguntar porque eu estava fazendo aquilo”, contou.

Por causa da tempestade, a tradicional festa de comemoração pela passagem do Cabo Horn foi fraca no ABN Amro 2, justo o barco com velejadores mais jovens, que nunca tinham feito a travessia. “Na hora da passagem estávamos concentrados por causa da tempestade e não teve festa. Depois, quando ficou tudo calmo, ficamos tão cansados que só tiramos algumas fotos, comemos chocolate e fomos descansar”, disse Brun.

“Estou super feliz com essa passagem, ainda mais que cruzei o Horn antes que meu pai”, brincou. “Espero conseguir fazer mais vezes, nessa regata e em outras. É um lugar difícil, nocivo ao corpo humano, mas muito bonito e vale a pena passar por lá. Só precisa de cautela.”

A chegada – Festa mesmo ele espera na chegada do Rio de Janeiro. “Primeiro de tudo, vou tomar um banho, depois agradecer muito que deu tudo certo e eu pude chegar em casa. Daí vou comemorar”, adiantou o velejador.

Lucas também falou sobre o barco brasileiro, o Brasil1. “Já velejei várias vezes com todos os brasileiros a bordo do Brasil 1. São todos meus amigos, fazem parte da minha vida. Tenho bastante orgulho do projeto e acho que além deles também terá bastante festa para mim”, comentou.

Este texto foi escrito por: Daniel Costa