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Lucas comenta o relacionamento entre os tripulantes


Comandante Sebastien Jose o francesinho (foto: Divulgação/ Team ABN Amro)

Conviver com as mesmas pessoas durante tanto tempo e em um espaço reduzido não é uma tarefa fácil. Lucas Brun, tripulante do ABN Amro 2 durante a Volvo Ocean Race, revelou como era o relacionamento a bordo e com quem teve mais afinidade.

“Geralmente conversava mais com as pessoas do meu turno. Tinha o Nick Bice que me dava uma orientação técnica e o Andrew Lewis que conversava mais de bobeira, contar histórias. Não tem uma preferência única, é o grupo, o time todo. Muitas horas ficavam os 10 sentados no deque conversando.”

A bordo com um comandante francês, um navegador inglês e tripulantes de diversas nacionalidades, como Nova Zelândia, Holanda, Estados Unidos e Austrália, ele fala sobre como evitar que o barco se torne uma Torre de Babel.

Organização – “A língua oficial é inglês, mas cada barco cria sua própria forma de se comunicar, cada um cria sua gíria. Você vive 20 dias do lado das mesmas pessoas e cria um dialeto, o dialeto ABN 2. Eu poderia ficar aqui horas falando e ninguém entenderia nada (risos)”.

Os garotos, ou os “moleques” do ABN 2, como gosta de se referir Lucas, entraram nessa prova não só para competir, mas para viver uma verdadeira aventura, já que era a primeira vez que davam uma volta ao mundo. A diferença de ânimos entre eles e os integrantes do ABN 1, já com algumas voltas ao mundo na bagagem, fica evidenciada nas palavras do jovem velejador.

“Todo mundo adorava ficar junto da garotada. O pessoal (do ABN 1) tinha família e aquilo era como se fosse um trabalho, pra nós era tudo aventura. Tinha gente que estava de saco cheio, queria ir embora, mas teve um pessoal que se divertiu”, resumiu o brasileiro.

E a alegria e espontaneidade doa garotos contagiavam não apenas seus companheiros da equipe profissional, mas também os membros de outras equipes. Lucas afirmou que em algumas ocasiões os concorrentes vinham bater um papo com eles.

“Às vezes tinha gente que queria chegar em terra e não queria saber nada de barco, queria sentar, ficar com a família”, Ao mesmo tempo, ele comenta que outras pessoas gostavam de conversar com os jovens velejadores.

“Eles queriam passar mais tempo com os garotos porque lembravam de como foi a primeira volta ao mundo deles. Lembravam como foi legal, divertido; muitos deles tinham filhos, queriam ir beber com os amigos e a mulher ficava chateando. A gente levou muita gente casada pro mau caminho”, brincou.

O comandante – Luquinhas, como é conhecido na comunidade de vela, avalia o comandante Sebastien Jose, de 30 anos, com uma vasta experiência em provas oceânicas e que tinha a missão de lidar com os ânimos da garotada. Seb, carinhosamente apelidado de “francesinho”, nas palavras de Luquinhas:

“O francesinho é uma pessoa única, já deu a volta ao mundo sozinho e agora deu a volta em um barco cheio de moleques que não sabiam nem se iam conseguir completar a viagem. Ele teve a experiência mais difícil que qualquer pessoa na Volvo e ainda como skipper (comandante)”, avaliou.

Ele completa mostrando sua admiração pelo velejador. “Não dá pra colocar qualquer palavra, ele é uma pessoa com uma personalidade única, às vezes meio difícil, mas que dá pra entender o porquê.”

“Ele é um líder quando necessita e muito experiente, é um cara do mar, foi criado numa região do mar, é uma pessoa que eu tenho muito respeito”, concluiu o brasileiro.

Este texto foi escrito por: Alexandre Koda