O piloto da Equipe BR Lubrax, de 43 anos, participou da maior prova off road do mundo pela primeira vez
Dakar (Senegal) O piloto Luiz Mingione, 43, da Equipe BR Lubrax, é o novo campeão do Rally Paris-Dakar na categoria Super Production para motos até 250 cilindradas. Ele é estreante na maior e mais difícil competição off road do mundo e correu com uma Honda Tornado Rally. A competição terminou neste domingo em Dakar depois de quase 10.000 quilômetros entre a França, Espanha, Marrocos, Mauritânia e Senegal. Mingione ficou emocionado quando subiu ao pódio de chegada, montado na praia do Lago Rosa, na capital senegalesa, onde foi disputada a última etapa, com 31 quilômetros.
Nessa hora eu pensei muito nos meus amigos que me incentivaram durante os treinamentos no Brasil em 2001 e também naqueles que não acreditavam que eu poderia completar o Paris-Dakar com uma moto de 250 cilindradas. Nem vou falar mais porque eu vou chorar de emoção , disse Mingione enquanto posava para os fotógrafos e cinegrafistas com a bandeira do Brasil nas mãos.
A vitória dele tem gostinho especial por três fatores principais. Primeiro porque ele entrou para o seleto grupo de apenas 5% dos estreantes que conseguem terminar o rali. Também porque entre todas as outras motos inscritas com 250 cilindradas, ou menos, o brasileiro foi o único que resistiu às armadilhas do deserto do Saara. E não foi só. Na largada do Paris-Dakar, dia 28 de dezembro em Arras, na França, 167 motocicletas estavam inscritas, mas apenas 52 finalizaram a competição. Na classificação geral, Mingione ficou em 44o lugar.
Participar do Paris-Dakar foi uma experiência de vida. Em 17 dias vivi situações de medo, de apreensão, de alegria e de muita emoção. A conquista do título foi o resultado da experiência, da estrutura da Equipe BR Lubrax e do excelente desempenho da Honda Tornado Rally 250, que não apresentou nenhum problema. Apenas troquei o óleo, filtro de ar e pneus, contou.
Equipe
A Equipe BR Lubrax conseguiu terminar o Paris-Dakar completa, fato inédito desde que o time brasileiro começou a competir em todas as categorias da competição, em 99. Klever Kolberg e Pascal Larroque, na categoria Super Production para carros a diesel, foram vice-campeões com um Mitsubishi Pajero Full e oitavo na classificação geral, um ótimo resultado para o Brasil. A Equipe BR Lubrax só tem que comemorar, contou Kolberg. O principal rival dele foi o francês Luc Alphand, campeão mundial de esqui na neve e primeiro na diesel. Na geral, ele ficou em sétimo. Dos 114 carros que começaram a corrida, apenas 45 completaram. O grande vencedor foi o japonês Hiroshi Masuoka, com o navegador francês Pascal Maimon (Mitsubishi Pajero Full).
Nas motos Super Production até 400 cilindradas, Juca Bala foi vice-campeão com uma Honda Falcon Rally 400. Ele deixou escapar o bicampeonato (venceu em 2001) devido a uma penalização de 21m30s por ter se atrasado na chegada a um acampamento no Marrocos. Depois de 17 dias, o vencedor foi o francês Stephane Sacchettini, com uma Honda XR 400. Ele ficou menos de 20 minutos à frente de Juca em todo o tempo acumulado nas etapas cronometradas, com 65h07m48s, contra 65h26m28s. Na geral, Stephane aparece em 24o e Juca uma posição atrás (25o). O italiano Fabrizio Meoni conquistou o bicampeonato com uma KTM 950 cilindradas.
André Azevedo e os checos Tomas Tomecek e Mira Martinec, com um caminhão Tatra, também da Equipe BR Lubrax, ficaram em 10o lugar na classificação geral, com uma penalização de 17 horas. Essa punição acabou com o sonho iminente de ser o primeiro. Até a etapa em Tichit, na Mauritânia, eles apareciam como vice-líderes, brigando pela ponta com o russo Vladimir Tchaguine, com um Kamaz, veículo bem mais potente que o do brasileiro.
O caminhão teve um problema mecânico no meio do deserto e como ficamos muito tempo parados, deixamos de passar em dois postos de controle, o que acarretou na penalização, lamentou Azevedo. Tchaguine foi o campeão entre os grandalhões do deserto.
A Equipe BR Lubrax tem patrocínio da Petrobras, BR Distribuidora, Mitsubishi Motors do Brasil, Pirelli, e Eletronet, e apoio das Concessionárias Honda, VAZ Sprockets Chains, Carwin Acessórios, Controlsat Monitoramento de Frotas Via Satélite (Grupo Schahin), Iveco, Minoica Global Logistics, Mitsubishi Brabus, Planac Informática, Nera Telecomunicações, Telenor, Dakar Promoções, Kaerre, Capacetes Bieffe, Lico Motorsports, Vista Criações Gráficas e Webventure.
Este texto foi escrito por: Ricardo Ribeiro / Ana Carolina Vieira