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Manifeste-se a favor da bicicleta em ônibus


Após os obstáculos burocráticos superados o melhor a se fazer é curtir a pedalada (foto: Rodrigo Telles)

Ultimamente tem-se falado muito que o Brasil é um país feito para o cicloturismo. Grandes distâncias, muitas estradas de terra, infindáveis atrativos naturais, paisagens maravilhosas e povo hospitaleiro.

Mas o que falta para que a bicicleta se transforme na maneira perfeita de se viajar e conhecer lugares? Na minha opinião não falta muito. Existem apenas alguns pequenos problemas que às vezes dificultam bastante.

O mais chato deles atualmente tem sido a dificuldade de se transportar a bicicleta nos ônibus de viagem. Pense bem, se você vai fazer um trajeto de bicicleta longe de onde você mora, iniciando num ponto e terminando em outro, não vai querer levar a bicicleta até o ponto inicial de carro, pois no final da viagem você teria que voltar tudo para fazer o “resgate” do mesmo.

Então, a maneira mais prática é colocar a bicicleta num ônibus, ir até o ponto inicial, fazer a sua viagem e, no final, tomar outro ônibus de volta para casa. Aí é que começa o problema.

Existem leis que regulamentam o transporte de carga nos bagageiros de ônibus. Porém, elas não mencionam especificamente o caso da bicicleta. A própria Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) admite que existe essa carência na legislação. Com isso, as empresas de ônibus ficam livres para cobrar qualquer taxa para transportar uma bicicleta. E é o que acontece.

Você chega na plataforma de embarque, com a bicicleta devidamente embalada e protegida num mala-bike.

O funcionário da empresa certamente percebe, pelas dimensões, que se trata de uma bicicleta. Aí, passa-se para uma negociação chata e improdutiva.

Ele estabelece um valor aleatório (nunca existe uma tabela ou coisa parecida) que geralmente é muito alto, por vezes quase o próprio preço da passagem.

Então, você começa a argumentar para tentar chegar num valor “bom para os dois”. O resultado é incerto.

Mas existem os outros dois extremos. Já houve casos em que o ciclista foi impedido de embarcar porque a empresa se recusava a transportar bicicletas.

E, por outro lado, muitas vezes embarcamos sem nenhum problema, nem taxa e ainda temos a simpatia do pessoal da empresa.

Há casos ainda em que a mesma empresa tem procedimentos diferentes para cada cidade, ou até para diferentes horários no mesmo percurso.

Tudo isso porque não há uma regulamentação. Por mais absurdo que possa parecer, é a situação que temos hoje em dia. Isto significa um total atraso para os problemas de transporte, para o ciclismo nacional e para o desenvolvimento do cicloturismo.

A única maneira de reverter essa situação é exigindo a criação de uma legislação específica e que valorize a bicicleta.

Por isso, se você se sensibiliza com essa questão, manifeste-se a favor da bicicleta. A maneira mais simples de dar sua colaboração é acessando o site do Clube de Cicloturismo e assinando o Manifesto on-line, é simples e rápido. Em menos de um minuto você ajuda muito.

Mas, se você quiser se engajar realmente neste movimento, você pode baixar o arquivo do manifesto, imprimir e coletar o máximo de assinaturas que conseguir, tanto de amigos, ciclistas e pessoas que apóiem a bicicleta, como deixando o manifesto nos balcões de lojas de bicicleta e academias, por exemplo. Depois é só enviar as assinaturas para o endereço indicado no site.

Cópias do manifesto serão entregues em diversos órgãos de Brasília que tenham relação com o assunto. Participe desta luta!

  • Acesse aqui o manifesto.

    Iniciativa: Clube de Cicloturismo do Brasil
    Apoio: ONG Transporte Ativo, ONG Rodas da Paz, Associação Blumenauense Pró-ciclovias (ABC) e Associação Bike Brasil.

    * Rodrigo Telles: Engenheiro elétrico e guia de turismo ecológico. É fotógrafo de natureza e montanhista desde 1996. Entre as viagens de bicicleta destacam-se: Expedição Titicaca (Bolívia e Peru), Pantanal, Sertão Nordestino, Serra da Canastra (MG), Chapada dos Veadeiros (GO). Responsável pela criação e manutenção do site do Clube de Cicloturismo e fabricante dos alforjes Arara Una.

    Este texto foi escrito por: Rodrigo Telles*