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Marcio Franco e Rafael Campos falam sobre a expectativa da final do Brasil Wild


Rafael Campos capitão e navegador da Quasar Lontra (foto: Camila Christianini/ www.webventure.com.br)

No próximo fim de semana (16 e 17 de setembro), o Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira (Petar), recebe a última e decisiva etapa do Circuito Brasil Wild de corrida de aventura. Serão muitos desafios nas cavernas, mina desativada, rios cristalinos e Mata Atlântica.

A prova é considerada técnica e deve durar, pelo menos, 17 horas. O percurso de 117 quilômetros terá trekking (35 km, 4 pernas), mountain bike (45 km, 3 pernas), canoagem (32 km, 2 pernas), bóia-cross (5 km, 1 perna), técnicas verticais (rapel de 140 e ascensão de 20 metros), travessia em caverna (2 pernas), orientação e um teste especial.

As equipes sairão de Apiaí (SP) com chegada em Iporanga (SP), num cenário bem diferente das etapas anteriores. A Mata Atlântica, predominante na região, é densa e pode levar facilmente os competidores ao erro. A organização já avisou que quem se perder de noite só será resgatado pela manhã.

Empatados na liderança da competição com 187 pontos, estão as equipes SOS Mata Atlântica (2º lugar na primeira etapa e 1º na segunda etapa) e Mitsubishi Francis Hydratta Quasar Lontra (1º lugar na primeira etapa e 2º na segunda etapa), que brigam pelo titulo do Brasil Wild.

Mundo subterrâneo – No teste especial, dois atletas de cada equipe deverão atravessar uma antiga mina de chumbo desativada, subindo por escadas, pequenos dutos de interligação e galerias. Enquanto isso, os outros dois integrantes fazem o plantio de mudas em área de recuperação ambiental.

“O mundo subterrâneo das cavernas é fascinante, com uma beleza singular. Visitaremos duas cavernas distintas, sendo uma com grandes salões e galerias e outra com passagens estreitas e pequenas escaladas”, afirma Júlio Pieroni, diretor do Brasil Wild.

Com um rapel de 140 metros negativos, os atletas entrarão no mundo das cavernas, onde realizarão o trekking. Será nas cavernas também o bóia-cross, passando por canyons e rios cristalinos.

Confiança. É isso que o capitão da equipe SOS Mata Atlântica, Marcio Franco, ressalta para vencer o Brasil Wild. “A equipe está se preparando a mais de dois meses. Estamos bem preparados”, afirma. Dando ênfase aos treinamentos de técnicas verticais, a equipe se preocupa também com a logística de comida, água e roupas. O maior objetivo é chegar entre os três primeiros colocados e se preparar para o Ecomotion/Pro.

SOS Mata Atlântica vai para o Petar com Marcio Franco, Marcelo Macuco, Fabio Batista e Cintya Gonçalves. Confira a entrevista com o capitão da equipe.

Webventure – Qual a sua expectativa para a prova?
Marcio Franco
– A expectativa é boa. A equipe está se preparando a mais de dois meses para a prova e esperamos poder ter as mesmas colocações anteriores, chegando entre os três primeiros.

Webventure – A condição de liderança, junto com a Quasar Lontra, ajuda ou atrapalha a equipe?
Marcio
– É difícil dizer se atrapalha ou ajuda. A equipe está bem focada em fazer sua própria prova, de acordo com suas características. Nosso principal objetivo é o circuito, fechar entre as três primeiras equipes. E a vamos atrás desse objetivo.

Webventure – Como anda o nervosismo da equipe durante essa semana, com a proximidade da final?
Marcio
– A equipe, no geral, está calma. Estamos bem preparados. Independentemente de ser uma final, a equipe está bem tranqüila para a prova.

Webventure A etapa no Petar é diferente das outras, tem novos desafios e geografia das cavernas. Que tipo de treinamento vocês estão realizando?
Marcio
– Na preparação a equipe procurou dar mais atenção às técnicas verticais. E quanto às cavernas, a gente não treinou nada especifico. Vai ser uma surpresa para todo mundo.

Webventure – Como você avalia essa etapa?
Marcio
– A organização foi muito feliz pela escolha do local da prova, é uma região de Mata Atlântica muito bonita. Vai privilegiar as equipes que treinam bastante a parte técnica e, pelas informações que a gente tem, a prova vai ter um trecho de trekking com bastante orientação. A equipe está bem confiante.

Webventure – Não ter equipe de apoio dificulta?
Marcio
– Acaba dificultando um pouco. Com apoio acabamos tendo algumas mordomias a mais que sem apoio não vai ter. A equipe tem que se preparar melhor na logística para dimensionar comida, água e roupa. É uma região de serra e a temperatura deve oscilar durante a noite. Como teremos trechos de bóia-cross, canoagem em rios, que são etapas mais frias, vai ser importante dimensionar a roupa.

Webventure – Quais os próximos campeonatos e desafios para a SOS Mata Atlântica?
Marcio
– Depois do Brasil Wild, a equipe vai disputar a final do Adventure Camp. Essas duas provas fazem parte da preparação da equipe para o Ecomotion Pro. O principal desafio da equipe é ter uma boa performande nesta competição.

A também finalista Quasar Lontra enfrentará um desafio a mais neste final de semana. A menos de um mês a equipe voltou da Europa após o Mundial de Corrida de Aventura (ARWC). Lesionado e ainda cansado, o capitão da Quasar Lontra, Rafael Campos, conta que a equipe vai se superar para vencer o Brasil Wild. “A equipe que vencer leva o circuito. Não dá para entrar na prova só para participar. Vamos entrar para ganhar”, afirma.

A equipe Quasar Lontra vai para a final com Rafael Campos, Marina Verdini, José Luiz Reginato (Zé Luiz) e Rodrigo de Souza. Confira a entrevista com Rafael.

Webventure – Vocês acabaram de voltar do ARWC e já estão enfrentando uma importante final. O desgaste físico já passou? Deu pra descansar e pensar nessa prova?
Rafael Campos
– Não deu para descansar não. A gente se sente bem cansado e, na verdade, nem podemos treinar forte, só fazer treinos leves. Além disso, tive uma lesão no Mundial, tendinite nos dois tornozelos, o Zé Luiz e a Marina também. Estamos nos recuperando.

Webventure – Como está a expectativa da equipe para a final?
Rafael
– É uma prova importante, a final do circuito, então há disputa. Gostamos muito da região do Petar. Foi lá que eu comecei a correr no EMA (Expedição Mata Atlântica, primeiro circuito de corrida de aventura do país). Então essa série de valores nos leva a correr e não dá para entrar na prova só para participar. Vamos entrar para ganhar.

Webventure – O fato de não haver equipes de apoio dificulta o percurso?
Rafael
– Não, pelo contrário. Quando se tem uma equipe de apoio que está integrada com a equipe, que trabalha com dinamismo é até melhor ter uma equipe de apoio. Mas quando não tem apoio, você tem que ser auto-suficiente, entra mais o caráter de expedição. A Marina e eu gostamos bastante disso.

Webventure – Vocês realizam algum tipo de treinamento específico para essa etapa?
Rafael
– Não. Apenas treinos leves, freqüência cardíaca baixa, e quilometragem baixa.

Webventure – Qual o tipo de treinamento da equipe?
Rafael
– Para essa prova não vamos conseguir fazer nenhum treino com toda a equipe. O Rodrigo, que não foi para o Mundial, está treinando bem, forte. Tem que melhorar o remo e é isso que ele está priorizando. A Marina, o Zé Luiz e eu estamos treinando bem menos do que treinávamos antes. Eu estou treinando uma hora por dia, no máximo, só remando e pedalando, porque correr eu não posso por causa da lesão.

Webventure – O fato de estarem na liderança ajuda ou atrapalha?
Rafael
– A equipe que vencer a etapa leva o circuito. Estamos muito motivados, com muita sede de vencer. A segunda etapa que ficamos em segundo lugar, tivemos um azar de ter um tanque furado no início da prova. Apesar de ter sido segundo, foi um gosto de conquista, porque estávamos em 29º lugar até conseguir chegar em segundo. E agora esperamos que não haja nenhum tipo de problema para que consigamos vencer. Mas, da mesma forma, a SOS Mata Atlântica tem feito corridas muito boas e tem se preparado muito bem. Então tenho certeza que será uma disputa grande no Petar.

Webventure – Qual parte da prova que será mais difícil?
Rafael
– Eu gosto muito do bóia-cross, acredito que vou muito bem. Mas o Rodrigo não se dá muito bem com a água, ainda mais com corredeira e vai precisar da nossa ajuda. Ao contrário, no trekking, é uma modalidade que ele anda muito bem e eu, recuperando de lesão, não estou treinando nada e vou sentir. O trecho mais difícil, conforme a organização falou, deve ser o trekking a noite. É uma região de Mata Atlântica, confusa, fechada e é muito fácil de se perder. A chance de ficar horas perdido é muito grande.

Webventure – No que a experiência obtida no Mundial pode ajudar a Quasar Lontra a conquistar o Brasil Wild?
Rafael
– O fato de ter feito mais uma prova sem apoio pode ajudar. E o desconforto e a dor deu uma calejada a mais no Mundial. O limiar aumentou um pouquinho mais (risos).

Este texto foi escrito por: Thiago Padovanni