Momento de descanso no CEMUCAM (foto: Luciana de Oliveira)
Eles nunca tiveram patrocínio, nem equipe com mecânico, nutricionistas ou fãs sonhando em seguir os seus passos, como muitos bikers famosos que estão neste MTB 12 Horas de SP. Na verdade , há alguns anos, ninguém iria querer estar na mesma trilha que essa turma de adolescentes e crianças do Lar Nossa Senhora Aparecida. Por que? É que a casa deles, antes de conhecerem o esporte, era as ruas ou lares desfeitos pelas drogas ou morte dos pais.
A história triste já é passado. Neste sábado a alegria deles contagiou o CEMUCAM (Centro Municipal de Campismo), onde a prova é disputada. Com o suporte do treinador, Luiz Ricardo Cacuzzi, o pai Rico, eles têm duas equipes no 12 Horas e trouxeram os demais moradores do orfanato para compor uma torcida organizada. A gente aprendeu a ser unido para superar as coisas ruins que já aconteceram, conta Patrícia Assis, de 13 anos. Tendo o pai alcoólatra, ela foi convidada a viver na instituição por Rico. Ele cuidou da gente e descobri o esporte. Mudou tudo, diz, com ares de gente grande.
Com as próprias mãos – Antonio Silva, o Johnny, e Cássia de Oliveira, vieram diretamente das ruas. Minha vida era péssima, eu usei drogas… nunca me imaginei atleta e olha eu aqui…, brinca. Johnny se orgulha de contar que eles mesmos construíram a pista onde diariamente, após a escola, treinam ciclismo e atletismo. Pegamos as enxadas, tiramos o mato, cavamos… demorou uma semana, mas foi a gente que fez.
Ao todo, o Lar abriga 48 crianças, com idades variadas. Perguntada sobre o que quer ser quando crescer, a maioria responde em coro: ciclista! Só falta o patrocínio. Quem sabe, no próximo 12 Horas, eles também tenham chance de estar entre as estrelas…
Este texto foi escrito por: Luciana de Oliveira