Neste Dia Mundial do Meio Ambiente, o Webventure aponta quais os impactos causados pelo mergulho e o que se deve fazer para minimizá-los.
Fiscal da natureza ou causador de estresse no mundo subaquático. São duas posições opostas que podem ser atribuídas a um praticante do mergulho, conforme o seu comportamento e conhecimento da atividade.
Mergulhar requer a consciência de que se está entrando num mundo completamente diferente do que temos aqui na superfície terrestre: lá embaixo, vibrações e movimentos, por exemplo, tomam proporções muito maiores. Por outro lado, ao chegar a esse ambiente ao qual poucos têm acesso, o mergulhador tem uma visão privilegiada do que ocorre no litoral, nas cavernas, nos lagos e poderá descobrir e denunciar agressões ao meio.
Toque – O ato de tocar é apontado como um maiores impactos que um mergulhador pode causar ao ambiente subaquático. Mas também é atribuído como uma falha dos iniciantes. O fato é que não se deve, sem o preparo adequado, tocar em nada no fundo do mar. Muito menos mudar algo de lugar, como as pedras e estrelas-do-mar, a título de curiosidade.
O mergulho é um esporte em que não existe platéia, então há quem sinta necessidade de trazer à superfície um pedaço do que viu para mostrar aos amigos, explica Randal Fonseca, praticante há 30 anos e um dos mais experientes mergulhadores brasileiros, que hoje se dedica a dar instruções de segurança a profissionais do mergulho. Ora, é para isso que hoje existe a máquina fotográfica e a câmera para se filmar embaixo d´água. Se quer mostrar o que viu no mergulho, compre um equipamento desses e aprenda a usá-lo.
Na vertical – Até o ato de ficar em pé ou tocar o fundo com os pés pode ser um impacto. Para fazer algum ajuste do aparelho ou para tirar uma foto, às vezes a pessoa tende a ficar na posição vertical, golpeando o fundo com os pés. No fundo arenoso, o impacto é mínimo, mas dentro de uma caverna pode-se causar um distúrbio em sedimentos milenares, explica Randal.
Outro comportamento condenável é o de alimentar os peixes para atraí-los, levando comida para o fundo do mar ou atirando-a de dentro do barco. As interações danosas com o meio chegam ao absurdo de pessoas que cortam estrelas e ouriços para atrair outros peixes, lembra o biólogo Marcelo Szpilman, diretor do Instituto Ecológico Aqualung.
O próprio Marcelo Szpilman se declara praticante da pesca submarina. Não há nada demais se for pescar para comer, é natural. Infelizmente, quem está começando sai atirando em tudo, mas com a prática você aprende a selecionar. É uma atividade bem menos prejudicial do que a pesca de rede ou de anzol, diz o biólogo.
Se você mesmo pegou, sabe a procedência do que vai comer. Já aquele peixe que você deixou para comprar na peixaria você não sabe, talvez tenha sido pescado de forma predatória.Optar por ele não significa que a pessoa seja mais ecológica.
Szpilman lembra, porém, que a pesca submarina, realizada de forma errada, produz impacto no meio ambiente. O mero é uma prova de que a pesca submarina pode diminuir a população de uma espécie. É um peixe bobo, que não oferece muita resistência. Hoje está protegido por lei.
Grupos grandes em locais de mergulho significam distúrbio aumentado no fundo do mar. Os peixes desenvolvem a capacidade da perceber todas as vibrações. Se o mergulhador não se movimenta calmamente, se borbulha demais o chamado efeito Sonrisal-, o que geralmente é resultado da sua ansiedade de iniciante, ele assusta os peixes. Com o susto, pode ser até que o animal dê chance para que outra criatura se alimente dele, lembra Randal. É preciso entender que, ao mergulhar, você entra num outro planeta e se deve obedecer as leis que regem esse lugar.
Em ambientes fechados, como naufrágios, as bolhas de ar ajudam a oxidação e antecipam a destruição, destaca. O segredo é estar sempre em grupos pequenos, mas jamais desacompanhado, regra número 1 do mergulho.
O impacto ambiental pode ocorrer mesmo na superfície: um barco vazando óleo ou a realização de algum reparo no mesmo; o ato de jogar âncora de ferro, que pode causa distúrbio e danos ao fundo; e pelo lixo despejado no mar comportamento abominado entre os mergulhadores, mas que ainda existe. Por isso, é importante escolher bem quem você vai contratar para levá-lo ao local de mergulho.
Lado positivo – Só não podemos nos tornar eco-chatos ou eco-xiitas, adverte Szpilman. O mergulhador tem uma função muito importante, que é a de monitorar os locais, fiscalizar e denunciar possíveis impactos ambientais. Randal completa: Os praticantes de mergulho atuaram na formação de instituições que cuidam do meio ambiente brasileiro, na década de 80. A atividade se mistura com a história da preservação ambiental no país.
10 dicas do mergulho ecologicamente correto:
Fonte: Confederação Brasileira de Pesca e Desportos Subaquáticos.
Este texto foi escrito por: Luciana de Oliveira