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Mergulho na Antártica celebrou a primeira invernagem de Amyr Klink no continente gelado

Redação Webventure/ Mergulho

Mergulho ao lado de iceberg (foto: Arquivo pessoal/ Paulo Lopes)
Mergulho ao lado de iceberg (foto: Arquivo pessoal/ Paulo Lopes)

Quando vemos a imensidão e o deserto branco que é a Antártica, fica difícil imaginar que lá existe muito além de pinguins. Em um continente onde o ar é extremamente seco, as temperaturas podem passar os 80 graus negativos e os ventos 200 quilômetros por hora, suas terras não são tão vazias assim. A fauna surpreende, com mais de dez espécies de aves que fazem ninhos em terra firme, e outras tantas migratórias, além de focas, baleias e centenas de invertebrados, como estrelas-do-mar e camarões.

Um ambiente tão complexo exerce fascinação sobre vários tipos de pessoas. Alguns são pesquisadores, outros aventureiros, como o velejador Amyr Klink, que chegou ao continente pela primeira vez em 1990 e passou 13 meses invernando por lá, boa parte do tempo preso no gelo. A expedição recebeu uma celebração em grande estilo no final de 2010, quando completou 20 anos de seu aniversário: uma nova expedição ao local.

Paulo Lopes, criador e instrutor da escola de mergulho PL Divers, foi convidado pelo aluno e velejador Igor Alexandre, amigo de Amyr, para uma visita ao sul do planeta, e contou a história ao Webventure. O Paratii, barco utilizado duas décadas atrás pelo famoso velejador, foi totalmente reformado por Igor e ganhou o nome de Paratizinho. O próprio Amyr participou da expedição, que aconteceu entre novembro de 2010 e fevereiro de 2011, mas dessa vez em seu novo veleiro, o Paratii2.

Apesar de ser um instrutor experiente, Paulo diz que aprendeu muito. “A viagem muda a vida de uma pessoa. São muitos obstáculos. É outro mundo”, conta. Entre as dificuldades, a natureza em primeiro lugar, com tempestades e icebergs para desviar. Contudo, como afirma Paulo “a preparação e o planejamento são essenciais em uma expedição como essa, e cada detalhe é de extrema importância”, e isso não faltou, ainda mais com a presença do experiente Amyr.

Durante a expedição, foram feitas algumas atividades de pesquisa, como medição do ozônio, documentação de flora e fauna e análises (que deve virar um livro) das mudanças ambientais, comparando imagens e relatos de outras visitas. Paulo, que era responsável por gerenciar os mergulhos, diz que a fauna marinha da região é muito variada: “Tem algas, peixes, krills, estrelas-do-mar, corais, gorgônias [espécie de coral, conhecido como leque-do-mar], além das focas, dos leões-marinhos e dos pinguins”.

De congelar
Para quem acha que mergulhar nas congelantes águas da Antártica é um sofrimento, ledo engano. Os equipamentos usados protegem praticamente todo o corpo do mergulhador. “Usamos máscara full face, roupa e luva secas, capuz especial e regulador anticongelamento”, explica Paulo. As roupas secas são totalmente vedadas e pressurizadas, impedindo que a água entre e mantendo a temperatura estável para mergulhos de até 50 minutos, tempo médio de duração do oxigênio de um cilindro. Já a máscara cobre todo o rosto, enquanto o regulador (que controla a saída de ar) possui um sistema especial que não o deixa congelar. “A única parte que entra em contato com a água é a boca, mas apenas se a pessoa precisa tirar o regulador, e não é nada demais”, conta ele.

Essa foi a primeira experiência de Paulo no gelo, apesar de estar familiarizado com os esses tipos de equipamentos há quase dez anos. Ele conta que a PL Diver foi a primeira escola brasileira a levar um mergulhador para a Antártica. “Estamos até pensando em organizar alguma viagem para lá”, diz. Mas antes que as pessoas comecem a se animar, ele alerta: “essa é uma expedição onde precisa ter muita preparação física, psicológica e técnica”. Perfeito para os aventureiros.

Este texto foi escrito por: Pedro Sibahi

Last modified: setembro 2, 2011

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