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Mineiro que teve perna amputada se destaca no Rally Barretos 2011


Cristiano teve que adaptar moto para continuar correndo (foto: David Santos Jr./ Webventure)

Em competições de rali, é comum ver pilotos reclamando do percurso, do carro, do regulamento e até do clima. Mas Cristiano Teixeira não reclama de quase nada. Nem do acidente que sofreu em 2005 e lhe custou a perna esquerda. Mesmo com o membro amputado acima do joelho, ele foi um dos destaques do Rally Barretos 2011. Nas trilhas do interior paulista, o mineiro de Andradas usou uma prótese e uma moto adaptada para conquistar o quarto lugar em sua categoria, a Marathon.

Dotado de uma simplicidade característica, Cristiano explica como foi o processo para voltar a fazer o que mais gosta após o acidente. “No começo foi um pouco difícil adaptar a prótese, que é feita para andar, até correr, mas não andar de moto”, lembra o empresário de 38 anos. “A maior dificuldade foi adaptar o câmbio. Primeiro tentei na mão, não ficou muito legal. Comecei a passar (a marcha) do lado direito, perto do freio. E aí fui desenvolvendo”, relata o piloto.

Quando Cristiano sofreu o acidente, no qual teve a perna esquerda seriamente lesionada por um trator enquanto estava trabalhando, ele já era um piloto experiente em ralis. Depois, porém, teve que se manter por quatro anos nas competições de regularidade para enfim voltar com tudo ao cross-country. Agora, com uma Suzuki DRZ 400 adaptada, ele espera correr todas as etapas do Brasileiro, e ainda busca uma ajuda para estar na principal competição nacional do tipo, o Rally dos Sertões.

O mineiro, que foi o 17º melhor no geral em Barretos, entre as 64 motos que disputaram a competição de baja, lembra que nunca pensou em desistir de correr. “No momento do acidente, a primeira coisa que veio na minha cabeça foi: ‘E agora para andar de moto?’. Por que foi minha paixão desde criança”, conta ele. “Não tive a menor dúvida de que eu ia voltar a andar (de moto).” Determinado, Cristiano nem esperou a prótese para matar a saudade das duas rodas. “Já dava rolê em estrada de terra com o pessoal, sem perna, sem nada.”

Superação natural – Apesar de se tornar um deficiente já na casa dos 30 anos, Cristiano parece ter superado tudo com naturalidade. “Eu toquei para a frente. Não fiz força nenhuma para tentar voltar ao que era. Eu simplesmente falei que ia fazer e fiz. Mas se torna um exemplo para as pessoas por que o ser humano pode fazer o que quiser. A verdade é essa. É só se propor a fazer, aceitar o que a vida impõe e fazer da melhor maneira possível”, comenta o piloto, acrescentando que não tem limitações no rali, fazendo a mesma trilha dos demais competidores.

“Minha maneira boa de viver é andando de moto, estando com os amigos, e é o que quero continuar fazendo”, resume o mineiro de Andradas, que reserva para a escassez de próteses de boa qualidade a sua única reclamação. “O único problema no Brasil é qualidade de prótese”, diz ele, dono de um modelo alemão hidráulico. O piloto, inclusive, conta que já guarda uma prótese de reserva, para quando danifica a sua nos ralis.

Este texto foi escrito por: Rafael Bragança