Apesar da tristeza Mingione não deixa de torcer. Sei que eles terão um bom resultado. (foto: Divulgação)
Nem trilhas cheias de pedra e poeira, nem as dunas africanas. Foi o trânsito caótico de São Paulo que tirou o piloto brasileiro de moto Luiz Mingione do Rally Paris-Dakar 2001. Em entrevista exclusiva ao Webventure, Mingione, que fazia parte da equipe BR Lubrax, fala sobre o acidente, a decepção de estar fora do Dakar e a torcida pelos compatriotas.
Webventure – Luiz, Como foi o acidente que tirou você do Paris-Dakar 2001?
Luiz Mingione – Um carro mudou de faixa em cima de mim, numa rua da Lapa, em São Paulo, quando eu voltava de moto para casa no dia 20 de dezembro. Eu nem tive como me proteger. Quando vi, eu já estava no chão. Senti que havia acontecido alguma coisa séria com o meu ombro. Na hora, ninguém parou para ajudar. Os carros buzinavam e, como eu estava com o ombro fraturado, não conseguia me mover. Tive de chutar a moto para não queimar a minha perna. Fui socorrido por um motoqueiro, que chamou ajuda médica.
Webventure – Qual foi a sua sensação ao perceber que estava fora do maior rali do mundo?
Luiz Mingione – Logo quando caí, senti muita dor e percebi que estava fora do Dakar. Mas demorou um tempo até realmente cair a ficha. Quando eu fui para o hospital, fiquei profundamente chateado por ver um trabalho de anos terminar daquela forma.
Não é fácil encontrar apoio e patrocinadores e eu tinha conseguido tudo isso, com muita luta e dedicação. Foi, sem dúvida, uma grande decepção. Porém, como muitos amigos me disseram, deve ter sido algo divino, para me proteger. No fundo, eu agradeço por estar vivo, inteiro e com a possibilidade de competir em outra edição do Dakar.
Webventure – Você está fazendo algum tipo de tratamento? Como está o seu ombro?
Luiz Mingione – Eu estou imobilizado, tomando muito cuidado. Eu acabei quebrando o osso que liga o braço ao ombro, que foi deslocado. Quando colocaram o ombro no lugar, decidiram imobilizar por causa da fratura. Terei de ficar mais algumas semanas assim, estou tirando chapas, fazendo exames.
O único temor é de que, mesmo depois de recuperado, o meu ombro passe a deslocar com facilidade. Aí eu terei de fazer uma operação para continuar correndo.
Webventure Como está a sua torcida pelos brasileiros no Dakar?
Luiz Mingione – Estou acompanhando diariamente a cobertura do Webventure e realmente torcendo muito. Eu fico feliz com os resultados obtidos pelo Juca Bala e pelo Jean Azevedo (pilotos de moto da equipe BR Lubrax no Paris-Dakar). Acho que os dois estão indo muito bem. Tenho certeza de que eles serão os primeiros na categoria Super Production até 400cc. Só não arrisco dizer qual dos dois será o vencedor.
Webventure – O que você achou da escolha do Jean Azevedo para substituí-lo na equipe?
Luiz Mingione – Eu acho que foi a melhor escolha. O Jean é um grande piloto, eu sempre quis que ele fizesse parte da equipe. Quando eu estava no hospital, o Klever Kolberg (piloto de carro da equipe BR Lubrax) chegou a cogitar a possibilidade de não levar outro piloto e guardar os recursos conseguidos para eu ir no próximo ano. Mas eu acho que não seria a melhor coisa.
É claro que a função do Jean é diferente da minha. Eu estaria indo para dar apoio, suporte ao Juca Bala. Agora, os dois brasileiros competem, mas acho isso muito bom. Nos levará ao topo, com certeza.
Este texto foi escrito por: Débora de Cássia Pinto