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Minha Aventura: Acqua Ride em família na Europa

Redação Webventure/ Rafting e canoagem

(foto: Arquivo pessoal/ Cristiane Picchi)
(foto: Arquivo pessoal/ Cristiane Picchi)

No dia 28 de Julho de 2008, às 4 horas da manhã, partimos de casa, em Londres (Inglaterra), com destino a Dover (Inglaterra), com o intuito de atravessarmos o Canal da Mancha de balsa para Calais, na França (P&O Ferryboat). Por ser verão na Europa, alta temporada, optamos por reservar a travessia de ferry boat. Depois de 1 hora e 10 minutos chegamos em Calais. Nosso primeiro destino foi o Rio Orthe em La Roche en Ardenne, Bélgica.

La Roche é uma pequena cidade com pouco mais que 4000 habitantes localizada na região de Wallon, divisa com Luxemburgo. Sendo um dos principais destinos turísticos a região de Ardennes é conhecida pela sua beleza natural e cenário para quem gosta de esportes em contato com a natureza, como: caminhadas, trilhas de bikes e kayaking. O rio Orthe não possui grandes desníveis, por isso o classificamos como nível I e II, para crianças e iniciantes. Ficamos no Camping Le Grillon as margens do rio Orthe.

Após atravessar Luxemburgo entramos na França e rodamos aproximadamente 600km, passando por cidades como Metz, Nancy, Dijon e Lyon, na qual chegamos ao fim da tarde, muito cansados. Estávamos ali só de passagem e precisávamos descansar. Conseguimos um quarto no Premiere Hotel Residence. No dia seguinte, após o café da manhã (le petit déjeuner), partimos para o nosso próximo destino: Bourg St. Maurice, nos Alpes Franceses. De tirar o fôlego!

Divisas – St. Maurice está localizado no vale do rio Isere e aos pés das montanhas Les Arcs. Para se ter uma idéia: do outro lado da montanha está Aosta Vale, na Itália e alguns poucos quilômetros ao norte, o Mont Blanc, com seus 4.807 metros.

Bourg é uma cidade linda, que parece ter sido pintada à mão. Possui uma estação de esqui muito procurada por turistas e amantes do esporte. Além dos esquis e snowboards, as pessoas a procuram no verão para fazer caminhadas e mountain bike (down hill) e principalmente canoagem (rafting, kayak, hidrospeed…) no rio Isere. Procuramos por lá um camping; ficamos sete dias.

Funiculaire é um trenzinho sem assentos que sobe a montanha levando as pessoas para os Les Arcs (1.600, 1.800, 1.950 e 2.000 metros), com seus equipamentos de esquis, bikes, ou não). Nosso caso: 3 bikes mais a cadeirinha do Enrico na minha bicicleta. Ufa! E tivemos muita sorte porque neste dia e no seguinte, o Funiculaire era gratuito por causa de um evento.

Ajuda das Crianças
As trilhas dos Les Arcs não são brincadeira. Acho que foi a nº 8 a qual pegamos. Não é para qualquer um. No começo deu para encarar, mas depois… O Caio é bom nisso, mas para uma criança de 5 anos (Lorenzo) e para mim, levando o Enrico na garupa, começou a ficar muito pesada. Fora a galera que vinha “soltando tudo” no down hill. Fomos para uma estrada maior, onde é o acesso por carro para alguns pontos dos Les Arcs. Achando que poderia ser mais seguro, fiquei muito adrenalizada, pois o fluxo de carros comecou a ficar grande. Mas como “para baixo todo santo ajuda”, chegamos bem e nos encontramos no camping.

Agora vamos falar do melhor: Rio Isere. Lindo, grande e gelado. Corredeiras e buracos na parte de cima onde tem a pista de Slalom. E rio abaixo chegando perto de Aime tem grandes ralis com grandes ondas. Um rio classe III e IV+: água de degelo.

Dodgi, um francês de uma das agências de turismo, quis experimentar o Acqua Ride: Caio, Cris e Dodgi de balada. Quando entrei no rio quase desisti de tão gelado, mas não iria fazer isto. Logo, o rio foi mostrando seus obstáculos e com tamanha adrenalina esqueci do frio. Deu para fazer algumas imagens e fotos, mas não foi só ele. Tiveram também os rios Petit Isere e o Torrente Le Versoyen, os quais proporcionaram muito lazer para as criancas.

Mais rios – De St. Maurice fomos para Annecy, em busca de rios, claro! Tudo que sabíamos era que havia um foco de canoagem e que a sazonalidade era curta. Annecy é a cidade-capital do Departamento Alta Saboia e está a 500km de Paris e a 35km de Genebra, Suíça. É um destino turístico muito procurado.

Foi muito convidativo e irresistível sentar para tomar uma cerveja e apreciar a culinária francesa. Depois de uma bela refeição fomos procurar um camping. Saindo da cidade fomos em direção à zona rural onde achamos um camping-fazenda. Tinha uma grande criação de gado e pudemos comprar cenouras, ovos e alface com a proprietária. Pena que foi só por uma noite.

No dia seguinte, após o café da manhã, fomos procurar a agência que opera o rafting e hidrospeed. É uma agência grande, mas não estavam mais operando no rio, pois não havia água o suficiente. Só operam na Primavera quando há o degelo. Então, continuamos seguindo caminho, ou melhor, rio!

Seguindo para o sul, passando por Chambery, Grenoble, Valence até a região de Ardeche na comuna de Vallon Pont D’ Arc foi onde paramos às margens do rio Ardeche. O rio esculpiu uma ponte natural de calcário, durante milhares de anos de erosão formando um arco. O camping foi às margens do rio, o qual leva águas tranqüilas, e em alguns momentos corredeiras classe II, e a do escorregada da Barragem, classe III.

Em Quilan, nor Pirineus Franceses, o rio Aude. É um rio perfeito para o Acqua Ride. O denominamos Betary, pelas suas características semelhantes ao rio Betary, em Iporanga/SP, Brasil.As comportas da barragens se abrem todo dia às 10 horas da manhã para que se possa operar os esportes de aventura como rafting, hidrospeed, kayaks e duck (“hot dog”, como é conhecido por lá).

Nosso camping foi entre Quilan e Axat. Logo depois de montarmos o nosso acampamento, conhecemos dois instrutores de uma das agências de aventura da cidade. No dia seguinte, às nove horas da manhã, estava eu equipada indo de carona no operacional de hidrospeed e rafting. Sorte que alguns instrutores falavam inglês. O JB, coordenador da agência, o qual eu acompanhei a maior parte do tempo e até dei um help no operacional, já no transporte indo pro rio me apresentou a seus clientes e falou sobre o Acqua Ride, um esporte brasileiro. No rio, todos que passavam remando, olhavam curiosos para saber que bote era aquele, que surfava, fazia algumas manobras e conseguia chegar para ajudar o cliente mais rápido que o hidrospeed, e o JB explicava. Tudo isto em plena segunda-feira de manhã! As agências de turismo “bombavam”, pois o fluxo de turistas era grande, especialmento no rio Aude.

Mostrando o Acqua Ride – Pas de La Casa foi a primeira cidade pela qual passamos, estação de esqui com lift que quando não levam os turistas para esquiar, no verão, levam para caminhadas ou para prática de mountain bike. Depois foi Canillo com as mesmas características de La Casa e Andorra la Vella, a capital de Andorra. Fizemos uma visita de apresentação do Acqua Ride para alguns centros de informações turísticas e agências nestas cidades.

Após cruzar Andorra, entramos em territorio Espanhol. Nosso próximo rio era o Noguera Pallaresa, na Província de Lleida, região da Catalúnia. Ficamos na cidade de Sort, que tem um pouco mais de 2.000 habitantes, mas entre ela e outras pequenas vizinhas, muitas agências de esportes de aventura, principalmente os de rio, como rafting, hidrospeed e kayak.

O Nogueira Pallaresa é um rio que corre nos cânions dos Pirineu Catalão sendo com corredeiras classe II, III e IV. O trecho de Llavorsi é mais tranqüilo com ondas, e depois, chegando em Sort, o rio se afunila e com os paredões dos cânions, formam-se corredeiras classe III e IV, que vão se acalmando até chegar ao trecho da pista de Slalom, onde é palco para campeonatos de canoagem.

Da região da Catalúnia, fomos para região de Aragão. O rio Esera nasce no Macizo de la Maladeta, a 2.500 metros de altitude. Rio largo chegando em Campo, com bastante ondas e corredeiras classe III, especialmente no trecho da “Pirâmide”, com um grande refluxo classe IV.

Mas tínhamos que seguir para nosso último destino: Murillo de Gallego, um povoado ainda nos Pirineus. Já havíamos estado em Murillo há três anos, quando fomos convidados por uma das agências de turismo para mostrar o esporte e implantá-lo. Já cansados de montar de desmontar barracas e toda nossa tralha, fomos conhecer o Albergue Casa Chancabez. Construída no século XV e feita de pedra e madeira foi reformada, mantendo as mesmas características.

Depois de Murillo foram quilômetros e mais quilômetros rodados. Subimos os Pirineus por Jaca passando por alguns trechos do Caminho de San Tiago, atravessando pelo túnel de volta a França. Pararmos num hotel na estrada, do Grupo Etap: são baratos e existem em várias partes do mundo (se nao tiver ninguem na recepcao, voce pode fazer seu check in em um computador programado. Diária para familia € 44. Estavamos em Chateauroux a 230 quilômetros de Paris. Nossa idéia era terminar em Paris e curtir a Disneylândia, mas como acordamos com uma chuva forte resolvemos ir para casa, afinal já estavamos viajando a 25 dias.

Balanço – Foram apenas mais alguns quilômetros até Calais, por onde atravessaríamos o Canal da Mancha para Dover na Inglaterra. Queríamos atravessar pelo túnel, mas quando vimos o preco (€ 275) resolvemos voltar de Ferryboat (€ 130); se reservado e pago antecipadamente como na ida (€ 47).

Caio e Cristiane fazem parte da historia do Acqua Ride (esporte nascido no Brasil). Eles desenvolveram técnicas, tanto no esporte competitivo quanto para o turismo de aventura. Fundaram a ABAR (Associação Brasileira de Acqua Ride) e hoje moram em Londres, com o objetivo de divulgar e implantar o esporte na Europa.

Fizemos esta viagem com nossas economias através do trabalho duro aqui na Europa e estamos buscando patrocínio para o roteiro da proxima temporada. Deixamos nosso trabalho com o acqua ride no Brasil, nossas familiares e amigos por um sonho de internacionalizar esta modalidade da canoagem. Não é fácil a divulgação de um esporte, ainda mais a nível internacional. Gostaríamos de ter um patrocínio de empresas e um apoio de instituiçoes e midia.

A Família Aventura

  • Pai: Caio Vinicius Picchi (45 anos)
  • Mãe: Cristiane B M Picchi (33 anos)
  • Filhos: Lorenzo M Picchi (5 anos) e Enrico M Picchi (1 ano e 3 meses).

    A Viagem

  • Tempo de viagem: 25 dias.
  • Percurso: 5.000 km, 5 países, 9 rios.
  • Carro: Freelander, LandRover 4×4 / Gasolina

    Este texto foi escrito por: Cristiane Picchi

    Last modified: outubro 27, 2008

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    Redação Webventure
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