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Minha Aventura: Caminho da Fé, um sonho concretizado

Redação Webventure/ Biking

Uma das pequenas subidas de barro (foto: Arquivo pessoal)
Uma das pequenas subidas de barro (foto: Arquivo pessoal)

Todos temos sonhos, desejos, às vezes ele acontece imediatamente, outras vezes demora. Há algum tempo eu corro e pedalo, encontrei esta solução para despejar toda a energia que acumulo. Como não tenho limites, sempre exagero, desta vez não foi diferente.

Fiz o Caminho da Fé. O que é este caminho? É sair de Tambau, que fica a 270 quilômetros de São Paulo, e chegar a Aparecida do Norte a 166 quilômetros da capital. A grande maioria do trajeto é por terra e montanhas, muitas montanhas. O objetivo era fazer em quatro dias, mas completei em cinco. Foram 407 quilômetros.

É muito estranho, não sentia fome, sede, cansaço, dor, nada. O desgaste físico e mental é absurdo, mas o prazer que sinto é inexplicável. Tenho uma teoria. Não é necessário ser um atleta para realizar algumas coisas na vida, é primordial ter força mental, pois acho que quando você quer você consegue. Meu lema de vida é ser persistente, lute, lute muito que você consegue.

Depois de uma tempestade em São Paulo, aonde não se conseguia ir a lugar nenhum, saí para Tambau. Na montagem das malas na bicicleta descobri um peso enorme. Quando pesei a bicicleta com os alforjes, o peso era de 27 quilos.

Na estrada o tempo foi melhorando e, na chegada, a noite estava linda.

Comecei com problemas nos alforjes, pois batia os pés nas malas, era impossível pedalar. Depois de muita luta consegui acertar mais ou menos, até o final deu trabalho. Muito barro e água na estrada. Perto da hora do almoço já havia pedalado 62 quilômetros, mas a partir de Vargem Grande do Sul até São Roque da Fartura foi absurdo. Você sai de 500 metros de altitude para 1400 metros, um morro com 16 quilômetros de subida, aonde lagartixa cai de costas de tanta subida. Não dá para pedalar é só empurrar a bike morro acima. O objetivo era dormir em Andradas, mas não dá. Dormi em São Roque da Fartura.

Nas conversas as pessoas diziam, o pior já passou, mas cada vez que empurrava a bicicleta era pior, muito pior. No segundo dia só empurrei a bicicleta. Total do dia: 48 quilômetros de morro acima. Dormi em Andradas. Não sei aonde encontrei forças para chegar. A subida era tão louca que às vezes empurrava dois metros e parava para encontrar forças. Não sentia raiva vontade de desistir nada. Na saída de Águas da Prata tem uma subida com pedras, pedras e pedras. Tinha que pôr a bicicleta nas costas para subir.

Terceiro dia o pior. Sai de Andradas e a subida da Serra dos Lima é muito louca. Quando passava algum carro por você a subida é tão íngreme que os carros patinavam e jogavam pedras para todos os lados. Conseqüência: você empurra.

Parei para carimbar a credencial numa casinha tão linda com uma menina, a Isadora. Parecia um anjo de tão bonita, uma criança de mais ou menos dois anos, ela só me olhava e parecia que dizia vai com Deus, você consegue, porque era muito sacrifício muito difícil.

Comecei a ter problemas com a bicicleta, acabou o freio e o câmbio não funcionava por causa do barro, caia a toda hora. Caí feio na chegada a Consolação, em uma descida com barro e bati numa pedra enorme. Bati o ombro e ralei legal.

Daí para frente uma trilha complicada e a chegada a Paraisópolis. As paisagens maravilhosas, gente muito bonita e uma pobreza, uma miséria, mas pessoas sempre sorrindo, sempre prontas para te receber, dividindo o pouco que eles têm.

Pedalei muito até chegar a Aparecida. Muito feliz. Em todo caminho só consegui agradecer à Deus tudo o que Ele me proporcionou, proporciona e vai me proporcionar.

Outras informações:

www.marcozerodocaminhodafe.com.br

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Abraços,

Gerson

Este texto foi escrito por: Gerson L. Budoya

Last modified: abril 10, 2006

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