Balaústre no Ceará (foto: Rosalice Fleury)
Camocim era um antigo sonho, dos anos 90. Chegar ao extremo norte do Ceará é fácil: de avião até Fortaleza, e de ônibus mais 6 horas até a cidade. O rio Coreaú, um espetáculo a parte, em seu caminho para o mar e ao longo dele manguezais e dunas. No passeio de barco pelo rio, avistei, no meio de um mangue não poluído, cavalos-marinhos e caranguejos.
Mas isso é só o começo porque ao seu redor há uma beleza da natureza intocadas, cujo acesso só é feito por bugues, veículos 4×4 ou motos. Essa é a grande aventura: ir de bugue para Pontal das Almas. Pela praia, depende da maré, e pelo caminho, só praias desertas, umas após as outras, rios, dunas, coqueirais e pequenas vilas de pescadores. Por esse caminho, passamos pela quinta praia deserta mais bonita do Brasil, Barra dos Remédios, depois dela, Praia Nova, Curimãs, dunas, coqueiros, Bitupitá, pesca artesanal e currais.
Em Pontal das Almas, rios e praias de areia fina e branca, Projeto Peixe Boi. Na volta, já não mais pela praia, mas pelo interior, em Araras. Um conjunto grandioso de dunas, a perder de vista, amareladas, parecendo o Saara. Um espetáculo preparado pela natureza para o turista no verão. E no inverno, com outra roupagem, com água da chuva represada no fundo formando lagoinhas. Tudo isso só para nós, pois você não vê gente em nenhum lugar, a não ser nas pequenas vilas.
Voltando a Camocim, lagoas e espelhos dágua deixados pelo mar, com peixes na maré baixa. De Camocim, atravessamos o Rio Coreaú de balsa e chegamos a Ilha do Amor, caminho para Tatajuba, uma pérola no meio do nada. É como se fossemos os primeiros habitantes do planeta. Mais praias desertas, mais dunas, oásis, cenas do norte da África. Lugares onde podemos observar milhões de estrelas em noites sem lua e uivar para a lua cheia num luau nas dunas.
Lagoa da Torta, lugar fabuloso para kite, canoa ou nadar e se a preguiça bater, ficar em um rede dentro dágua, saboreando camarões enormes ou peixes, os mais gordos que já vi. Tatajuba, uma cidade tomada pelas dunas; a população teve que se mudar para mais longe e reconstruir a cidade. Passeios incríveis de bugue, escorregar pelas dunas até o fundo e aqui, também, no inverno, com as chuvas, lagoinhas no fundo. Trilhas para se fazer a pé por uma vegetação baixa e muito verde. Parar para tomar uma água de coco e ouvir as histórias contadas pelos mais velhos sobre navios que chegavam até onde é a cidade hoje, inclusive sobre a Duna Encantada, onde se ouve em algumas noites o barulho de um sino de navio. Dizem que ele está enterrado.
Espetacular! Lindas, confortáveis pousadas, com pé na areia, e aquela comidinha caseira. Depois de Tatajuba, mais praia, mais dunas até Guriú, onde atravessamos outro rio, dessa vez em uma balsa impulsionada por varas. Passear pelo mangue e avistar cavalos-marinhos em mangue seco. Praia sem fim, e chegamos a Jericoacoara.
Se vocês pensam que isso é tudo, estão enganados .Parque Nacional de Jeri, Praia do Preá e lagoas Azul e Paraíso. Um passeio inesquecível na companhia de bugueiros que conhecem muito bem a região. Aventura nas dunas e no mar para ninguém botar defeito! E o melhor de tudo por um preço que cabe em qualquer bolso… Tudo tão maravilhoso que estou aqui até hoje!
Este texto foi escrito por: Rosalice Fleury