Beto e Fábio durante a travessia (foto: Arquivo pessoal)
Neste trajeto atravessamos os pampas argentinos, chegamos à famosa região dos vinhedos em Mendoza e “escalamos” a Cordilheira dos Andes quando, finalmente, atingimos o ponto mais alto da viagem, na divisa entre Argentina e Chile. Dali rumamos à praia Chilena de Vina Del Mar.
Por termos optado por pouca carga, não levamos equipamentos para acampar e dormimos em pequenos e precários hotéis de beira de estrada. Isso nos trouxe muita dificuldade pois, na maior parte do “deserto verde” argentino, não existe estrutura para viajantes. Chegamos a rodar algumas vezes por mais de 80 quilômetros sem nenhum sinal de vida humana, a não ser pelos carros e caminhões que passavam de vez em quando.
Optamos por fazer a viagem em janeiro e fugir do frio da Cordilheira dos Andes que, muitas vezes, tem as estradas bloqueadas pela nevasca. Mas fugir da neve nos Andes significa ferver de calor no interior da Argentina. Esse foi um dos maiores desafios que encontramos nesta aventura, onde as temperaturas costumam passar dos 40 graus com fortes rajadas de vento. O que também poderia comprometer a viagem foi o desgaste físico em excesso. Pedalamos uma média de 150 quilômetros por dia, o que, numa seqüência de 11 dias, nos trouxe lesões que controlamos com antiinflamatórios. Além disso, enfrentamos o ar frio e rarefeito da Cordilheira, que baixou a resistência e causou ferimentos na pele.
O grande objetivo da viagem foi percorrer o continente de costa a costa e chegar ao Pacífico. Porém, sem dúvida, o melhor momento da viagem foi avistar a Cordilheira dos Andes e atravessá-la. Quando atingimos alturas de aproximadamente 3.500 metros, foi de lavar a alma!
Com mochilas nos bagageiros, garrafas de água e máquinas fotográficas em mãos, registramos cada um desses momentos que podem ser acompanhados no site www.rota7.com.br.
Agradecemos a todos aqueles que apoiaram essa viagem, pessoas e empresas fundamentais na realização do projeto. Anunciamos também nosso próximo desafio ainda para esse ano: atravessar o deserto do Atacama de bicicleta. Mais uma viagem de aproximadamente 1.000 quilômetros pelo deserto mais seco do mundo. Para isso, buscamos apoiadores e patrocinadores.
Beto Madalosso – Aos 13 anos, Beto já era fissurado em trilhas que duravam um dia inteiro ou dois, sempre nos arredores de Curitiba.
Um ano mais tarde começou a se interessar por viagens curtas de aproximadamente 100 quilômetros, sempre sem planejamento, viajando com mochila nas costas e só por estradas de terra. Foi assim que foi a Castro (95 km) e também ao Canyon Guartela (160 km).
Aos 17 anos já queria mais. Com mapa na mão e barraca no bagageiro fez com um amigo a primeira viagem que passou dos 1.000 km, de Curitiba a Porto Alegre, passando por praias de Santa Catarina e Rio Grande do Sul e conhecendo a estrada beira mar do litoral gaúcho. A viagem longa foi um basta pra largar a bicicleta e iniciar outros esportes.
Anos mais tarde, começou a praticar Triatlhon. Participou de provas curtas e longas, além das travessias de natação em mar aberto. Já no inicio de 2006, enquanto morava nos Estados Unidos, decidiu percorrer a costa da Califórnia de bicicleta.
Fez então outra viagem de aproximadamente 1.000 quilômetros, desta vez sozinho partindo de São Francisco e chegando a São Diego (divisa com México). Percorrendo a famosa Pacific Highway, pedalou pela 17mile Drive, passou pela pequena cidade de Carmel, a reserva natural de Big Sur, as badaladas Santa Bárbara, Malibu, Santa Mônica, Hollywood e Venice Beach até chegar a seu destino final: San Diego.
De volta ao Brasil, programou fazer mais uma viagem, essa para dar continuidade a sua primeira longa viagem de bicicleta. Percorrendo os pampas gaúchos e todo o Uruguai partindo de Porto Alegre para chegar a Buenos Aires. Dessa vez atravessou e acampou na região deserta da reserva ambiental do Taim, cruzou a fronteira no extremo sul do país pela cidade de Chui, passando pelo litoral uruguaio e visitando cidades famosas como Punta del Este, Montevidéu e Colônia del Sacramento. Mais de 1.000 km e 8 dias de viagem em pousadas e barraca.
Fabio Marcos Carvalho – Não tem em seu currículo longas viagens de bicicleta, porém um histórico recheado quando o assunto é natação, pedal e corrida. Fabio Marcos leva consigo uma excelente performance adquirida em seus vários anos de triathlon.
Tendo participado de corridas rústicas, travessias, triathlons long distance, maratonas e dois IronMans em Florianópolis (SC). É daí que tirou a base para percorrer os mais de 1500 km dessa aventura.
Aos 10 anos, fez uma corrida rústica kids e com 12 começou a nadar e já pedalava de bicicross. Aos 15, foi para a montain bike, fazendo trilhas e pedalando sozinho pela cidade e estradas, mas nada de viagem a não ser descer a Estrada da Grasciosa por três vezes, nunca deixando a natação de lado.
Começou no triathlon um pouco tarde. Mas a vontade e determinação fizeram deste atleta algumas conquistas e objetivos pessoais, que só quem fez e participou sabe do valor de alguns sacrifícios e desafios.
Este texto foi escrito por: Beto Madalosso e Fabio Marcos