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Minha Aventura: dupla YAKS encara o Brasil Wild 24 Horas


Carol e Caixeta chegaram em segundo (foto: Arquivo pessoal)

Neste último final de semana, em Gonçalves e Paraisópolis, no sul do Estado de Minas Gerais, aconteceu mais uma edição do Brasil Wild. Marcaram esta etapa o desnível do terreno e as diversas possibilidades de escolha de caminhos e trilhas no percurso. A chuva e o frio foram constantes, o que tornou a prova ainda mais difícil.

Como novidades nesta edição tivemos a ausência de equipe de apoio e a participação das categorias duplas (mistas e masculinas) e solo, todas fazendo o mesmo percurso da categoria quarteto.

Foram aproximadamente 130 quilômetros de percurso divididos nas seguintes modalidades: trekking (33km), mountain bike (76km), canoagem (21km) e um rapel positivo de 80 metros. Competimos na categoria dupla mista, pela Equipe Advogado Aventureiro/YAKS.

A primeira perna da prova foi um trekking com a opção de buscar quatro PC´s facultativos que dariam às equipes um total de 10 horas de bônus. Nesse trecho, os quartetos podiam se dividir em duplas a partir do PC1 para buscar os facultativos e apenas voltarem a se reencontrar no PC6. Lá também era área de transição para a modalidade mountain bike (o que tornava a corrida deles mais dinâmica), mas os atletas das duplas tinham que permanecer juntos.

Complicações – Tivemos um início de prova um tanto tumultuado (picadas de abelha e longos e duros erros de navegação), mas buscamos todos os PC´s facultativos, conforme planejado! Terminamos o trekking nas últimas colocações das duplas (a lista de passagem nos PC´s era única para as categorias dupla masculina e mista).

No PC6 pegamos a bike, e aí acertamos na navegação! Pegamos um corta-caminho que nos poupou uns bons quilômetros de pedalada! Nesse trecho pedalamos forte e ultrapassamos diversas equipes, inclusive as duplas mistas que estavam na nossa frente. Cruzamos pelo competidor José Luiz Reginato da Lontra Radical (campeão na categoria solo) e, segundo ele, lhe demos uma boa injeção de ânimo. Andamos juntos por um tempo, mas ele se animou tanto que seguiu à nossa frente.

Depois de uma longa subida, chegamos ao PC7, na Pedra São Domingos, localizada a 2.050 metros de altitude, onde foi realizado o rapel. Neste momento o clima frio tomou conta (vestimos, pela primeira vez em uma prova de aventura, os nossos cobertores de emergência) e tivemos que dar uma desacelerada para repor as energias que foram gastas nas horas perdidas no primeiro trecho de trekking e, também, no esforço feito para corrermos atrás do prejuízo durante o pedal.

Acabamos perdendo muito tempo neste PC7 e no trecho seguinte de mountain bike até o PC8, área de transição para a perna de canoagem. O tempo frio e chuvoso deu uma desanimada e o nosso ritmo caiu, além disso, lembramos que havíamos esquecido de colocar os sanduíches no saco de apoio que estaria nos esperando no PC8 e tivemos que fazer um “pit stop” em uma padaria nos Costas (vilarejo) para garantir a nossa alimentação desse trecho em diante na corrida.

Finalmente chegamos à área de transição para a canoagem! Fizemos uma transição não muito rápida e partimos para o que seria uma interminável etapa de remo. Aliás, por falar em transições, está aí uma coisa que temos que melhorar e muito nas corridas de aventura! Nós sempre fazemos muita força nos trechos de trekking e mountain biking, mas perdemos muito tempo nas transições, fomos muito lentos mesmo!

Mas, voltando à perna de remo… Esta foi, definitivamente, a parte mais chata da corrida! Como não temos muita opção de locais para treinar canoagem em Belo Horizonte (MG), esta modalidade fica um pouco de lado. Acho que fizemos apenas uns três ou quatro treinos de aproximadamente 1h à 1h30 antes desta competição… Muito pouco!

E, para piorar as coisas, tiveram duas longas portagens e muitos trechos com pedras no rio, e a nossa embarcação foi um caiaque aberto (sit on top), que embora deslize mais na água, é muito mais instável que um duck e muito pesado para ser carregado (ainda mais se for levado em conta que a nossa equipe é uma dupla mista). A progressão foi muito lenta neste trecho e, como tivemos que entrar na água em alguns momentos para desencalhar o caiaque, o frio aumentou no transcorrer da noite.

Terminamos este remo no início da madrugada, estávamos há aproximadamente 1h30 atrás da 1ª dupla mista e éramos a 3ª dupla (entre as mistas e masculinas) a assinar este PC9. Trocamos de roupa em uma casinha que estava auxiliando os atletas da corrida nesta transição, tomamos um café quente, nos alimentamos e fomos para mais uma perna de trekking. Mais uma vez, uma transição lenta que, com certeza, poderia ter sido bem mais rápida…

De volta às trilhas – Neste trecho de trekking perdemos um pouco de tempo tentando decidir se iríamos pela estrada ou se tentaríamos um corta-caminho que nos pouparia uns 5 quilômetros. Acabamos decidindo ir pela estrada mesmo, mais garantido, uma vez que a navegação noturna é bem mais complicada. Deveríamos ter tomado esta decisão desde o início, quando saímos do PC9, porque neste “vamos pela estrada”, “não vamos pela estrada”, “acho que o início do corta-caminho é aqui”, “acho que não”… perdemos uns preciosos 15 ou 20 minutos que nos fez muita falta no final!

Então, fomos pela estrada! Trotando o máximo que conseguíamos e caminhando a passos rápidos quando não conseguíamos correr. Cometemos mais um errinho de navegação, não viramos onde tínhamos que virar e acabamos dando uma volta maior pela estrada para chegar ao início da subida de trilha até o Pico do Machadão, onde está localizada a represa mais alta do Brasil e onde estava o PC10.

Lá de baixo dava pra ver várias “lanterninhas” subindo a enorme serra! Depois dessa longa subida, chegamos ao PC10! Estávamos, agora, 25 minutos atrás da 1ª dupla mista! Na verdade, 25 minutos atrás da 1ª dupla mista e, também, da 1ª dupla masculina!

Do PC10 até a chegada, de acordo com a organização, eram 16 quilômetros de downhill de mountain biking. Pensamos então que não dava mais para buscar o 1º lugar, pois não dá pra tirar essa diferença em um downhill de bike, se ao menos fosse um percurso com muitas subidas! No final das contas, este trecho tinha muitas subidas também. Fomos pedalando em um ritmo bom, zerando todas as subidas, mas sem estar buscando. Quase na chegada de Gonçalves ultrapassamos um quarteto e uns competidores solo e eles nos avisaram que a dupla mista estava a cerca de um minuto na nossa frente. Saímos pedalando feito loucos, mas infelizmente não deu pra buscar. Dali até a linha de chegada só havia descida e cruzamos o pórtico um minuto atrás dessa dupla!

Terminamos esta competição em 2º lugar nas duplas mistas e em 3º lugar geral nas duplas (masculina e mista). E aprendemos muito: temos sempre que lembrar que a corrida apenas termina na linha de chegada; as nossas transições têm que ser bem mais rápidas e temos que ser mais detalhistas e atenciosos na navegação!

Este texto foi escrito por: Carol e Caixeta