Webventure

Minha Aventura: Expedição Licancabur – Brasil, Argentina, Chile e Bolívia


Expedição passou por lugares incríveis (foto: Arquivo pessoal/ Márcia Colevati)

A expedição começou a ser discutida um ano antes, assim que concluímos a Expedição Jalapão. Muita conversa, pesquisa, dicas, orientações e conselhos de amigos e anônimos.

Com documentos, equipos e apetrechos prontos partimos em 04/10/09 da Rod. Castelo Branco às 8h da matina. Rodamos 1069 km em 11 horas bem tranquilas e, às 21h, nos hospedamos em Foz do Iguaçu.

De Foz partimos para Resistência (ARG), aduana tranquila, pedágios baratos, só em Posadas que um guarda rodoviário nos parou e só fomos liberados depois do café (quebra mato e engates proibidos). Muito estranho entrar na Argentina e logo de cara ver um monte de carros antigos/ velhos (em mau estado) rodando pela cidade. A alimentação também é estranha, pouca comida e pouca opção, a nossa é muito mais farta e saborosa.

De Resistência seguimos para Salta, ai o bicho pega, passar pelo Chaco é muito chato, são 800 km de retão, algumas plantações (poucas), criação de gado confinado, cabras e carneiros. Vilarejos pobres, vários fornos para fazer carvão, mas em nenhum momento encontramos pedintes pela estrada. Chegamos à noitinha em Salta.

De Salta seguimos até Susquez, passando por Purmamarca, a vegetação vai escasseando, rios largos, porém secos, suas águas vem do degelo dos Andes, estradas sinuosas, “cierros multicolores”. Paramos várias vezes para fazer fotos, o anoitecer nos Andes é maravilhoso, chegamos a 3.600m de altitude. Não encontramos vagas para dormir em Susquez, todas as pousadas ocupadas, muitos trabalhadores na região. Decidimos acampar, mas o frentista de um posto de combustível nos ofereceu um quartinho 3×3, disse que era mais seguro, à noite a temperatura fica negativa, aceitamos na hora.

De Susquez seguimos para São Pedro do Atacama, às 11hs passamos pela aduana argentina e entramos em solo chileno, muito tranquilo. Chegamos a 4.825m de altitude, uma pequena dorzinha de cabeça nos incomodava. Começaram a aparecer lhamas e guanacos, parecemos crianças fazendo fotos. Avistamos ao longe salares e lagunas. Vencemos os Andes e às 13h30 chegamos a São Pedro do Atacama na aduana chilena (2.400 m altitude). Nossa primeira meta alcançada no quinto dia de viagem. A cidade é grande é bem eSão Pedro do Atacamalhada, só o centrinho é que é mantido rústico, ruas de terra, casas de adobe, muros altos formando um labirinto estreito. Clima muito seco, desde Purmamarca que nossos narizes começaram a secar, garganta arder, lábios racharem e foram só piorando, protetores e hidratantes a todo o momento. Hospedamos-nos, almoçamos, visitamos a Vila, e preparamos o dia seguinte. O peso chileno tem muitos zeros.

Diversão – Nosso primeiro passeio foi o Salar do Atacama, Laguna de Chaxa, Parque Nacional Los Flamencos (2.500,00 p.p), cheiro de enxofre, aves lindas e atendimento/ instalações excelentes. Seguimos para as Lagunas Altiplanicas Miscanty e Miñiques (2.000,00 p.p). O caminho até chegar nelas já é maravilhoso, montanhas, pedras, areias e lhamas. Subimos uma montanha e do outro lado estão as irmãs maravilhosas, azuis com vulcão ao fundo em tom pastel, parece uma gravura. Fotos, fotos e mais fotos. Fizemos um lanche no meio “do nada” e voltamos pra vila.

Para visitar os gêiseres, levantamos às 4hs da madruga, chegamos às 6hs ao El Tatio (3.500,00 p.p), no caminho os vidros do carro congelaram mesmo com o ar quente ligado, às 6 horas faziam -8ºC, os dedos doem, a roupa fica dura, mas o visual é fantástico. Fissuras no chão deixam escapar água borbulhando e fumaça branca, neste período entre 6 e 7 da manhã é o período de maior atividade dos gêiseres. Um rio subterrâneo gelado entra em contato com rochas quentes formando este maravilhoso espetáculo. Preparamos um café quente pra nos aquecer e matar a fome, brincamos muito em meio à fumaça e seguimos para as Termas de Puritama.

As Termas de Puritama (10.000,00 p.p) está em um canyon, as águas quentes (30ºC) do Rio Puritama vai correndo formando poços onde foram construídos diques para banho, o local é administrado por um hotel que disponibiliza a visitação a todo publico (pagante é claro). As águas têm cheiro forte de enxofre e dizem que faz bem pra saúde. Banho, lanche e voltamos pra vila.

Às 17 horas saímos para assistir ao espetáculo “pôr do sol” no Valle de La Luna. Todo final de tarde há uma multidão neste local, um circuito com vários locais para visitação e o mirante onde todos sobem por um caminho íngreme e coberto de areia, eu dava um passo pra frente e dois pra trás, mas cheguei ao topo. Parece a torre de babel, um monte de gente de países diferentes tentando conversar um com outro, foi muito legal que levei minha canga bandeira do Brasil, todos olham e dizem “brasilianos” com um sorriso, até que futebol serve pra alguma coisa. Fotos, volta pra vila, jantar e cama.

Saímos cedo rodamos bastante em meio a estradas de sal e seguimos até Peine. Na volta, tentamos encontrar laguna Cejas por indicação, mas só encontramos um Eco Sport atolado na areia, fizemos o resgate e seguimos até o Vale da Morte. Um vale montanhoso e arenoso no qual aparecem esculturas naturais admiráveis.

Para escalar o Licancabur são dois dias e somente pelo lado boliviano, $ 80.000,00 p.p, desistimos, eu pelo menos não tenho esse pique todo. Visitamos a Aldeia Tulor (2.000,00 p.p), um povoado descoberto em 1958, com mais de 2800 anos, revelam indícios dos primeiros habitantes de São Pedro do Atacama.

Pukará de Quitor (2.000,00 p.p), ruínas de uma fortaleza atacameña construída em ponto estratégico para se defenderem dos conquistadores eSão Pedro do Atacamanhóis. Voltamos para a vila e pagamos $ 5.000,00 numa agência para seguir a excursão até a laguna Cejas que não havíamos encontrado.

Laguna Cejas (2.000,00 p.p) há uma concentração muito forte de sal que não te deixas afundar, a água é muito fria e no seu fundo há cristais de sal que nos cortam facilmente. Saindo da água tem-se que tomar um banho bem rápido, a pele fica branca de tanto sal.

Seguindo encontramos Ojos Del Salar, são duas lagoas com uns 30m de diâmetro cada, águas verdes e doces, uma de cada lado da estrada fazendo parecerem dois olhos, conta a lenda que Jack Cousteau já mergulhou neles e não encontrou seu fundo.

E mais a frente uma laguna fantástica, de beleza ímpar, a Laguna Tebinquinche, sua margem é forrada com uma camada de sal que parece neve, ao fundo as montanhas em tom pastel com uma camada baixa de capim seco num dourado que deixa qualquer um de boca aberta. O vento frio nos força ir embora, o pôr do sol nos convida a ficar e o pisco sour, um tipo de cachaça de uva, nos faz brindar um dia tão fantástico numa terra tão maravilhosa.

Antofagasta – Hora de ir para o Pacífico, fizemos algumas compras na Vila, fotografamos mais uma vez a Rua Caracoles, abastecemos os veículos e pegamos estrada para Antofagasta. Agora o visual já é nosso companheiro, ao longe avistamos enormes minas de cobre, caminhões e caminhonetes são o que há nas estradas, trens carregados de lingotes de cobre, várias ruínas e a altitude baixando. Por volta das 13 horas chegamos à cidade banhada pelo oceano pacífico.

Depois de dias no paraíso, chegamos à civilização cruel, congestionamento, semáforos, buzinas, prédios e etc. Achei a cidade feia, esperava mais. As águas do pacífico não estavam tão geladas, praia só um cantinho tímido, o porto tranca o mar em toda sua extensão com pedras, mesmo assim o vento batendo em nossos rostos nos dá vida. Segunda meta alcançada! Jantamos e dormimos.

Saímos de Antofagasta rumo ao Uyuni, nossa terceira e última meta, ou melhor, a última é chegar em casa.

Seguimos para Calama, almoçamos, abastecemos e de lá fomos pra Ollague. As estradas começam boas, vão ficando meio esburacadas, aparecem costelas, e só vai piorando. Salares, lhamas, lagunas, poeira, areia, costelas e assim vai o tempo todo. Ao longe avistamos um vulcão em atividade, uma fumacinha branca sai em uma de suas fissuras, vamos acompanhando este visual até perceber que é o Volcon Ollague, justamente para onde estamos indo. Às 19h40, chegamos a Ollague na aduana chilena, divisa com Avaroa (BO), nos hospedamos na pousada Lican Huasi, simples, mas de atendimento exemplar. Um jantar quentinho, gostoso e cama.

Fizemos a aduana tranquilamente, do lado boliviano eles cobram $ 15,00 por veiculo, mais $ 32,00 por pessoa. Desde o Chile que procurávamos pesos bolivianos e ninguém tinha, aqui é oferecido pela polícia e pelos ambulantes. O visual muda completamente, as pessoas são mais humildes, as construções bem mais precárias, os ônibus de transporte abarrotados de coisas e ferrugem. As estradas continuam com costelas, poeira, pedras e buracos. O visual não tem mais tantas montanhas, é mais planície, lhamas continuam pastando em seus campos secos e de pedras, o que será que esse bicho come?

Chegamos a Uyuni às 13h30. A cidade é relativamente grande, o exército é ostensivo, esculturas militares eSão Pedro do Atacamalhadas na rua principal, poeira, vento, cholas, ambulantes, lojas de artesanato, hotéis e muita, mas muita Toyota Land Cruiser pela cidade e arredores.

Fomos dormir no Salar, no Hotel de Sal Playa Blanca, USD 20,00 = PB$ 140,00, não tem água quente, não tem energia elétrica, solar ou qualquer outra. Acabou a luz do sol, acabou tudo! Fizemos um maravilhoso macarrão, saboreado com vinho. Apreciamos o céu estrelado maravilhoso e fomos dormir.

Cuidados alimentares – Acordamos cedo, fizemos nosso café (tivemos orientações pra não comer ou beber neste país, há sérios problemas de contaminação, tablóides alertando contra a cólera estão afixados em todos os lugares, melhor não arriscar) e partimos para brincar neste mundo de sal que parece de neve e que não se vê o fim. Branco de ofuscar a visão, a vontade que se tem é de acelerar até onde agüentar e a reta não acaba.

Fomos até Isla do Pescado, que tem esse nome por que na época em que a água cobre o salar esta ilha lembra a figura de um peixe. Ela não tem nenhuma infra-estrutura, seus cactos gigantes são os únicos moradores deste local (encontramos lixo abandonado neste local. Vergonhoso que turistas saem de seus países para sujar onde deveria se preservar eternamente). Já a Isla Incanhuasi tem restaurante, banheiros, lojinha.

Fizemos nosso almoço e seguimos para a cidade, nos hospedamos no Samay Wasi e saímos para conhecer o cemitério de trens. Atravessamos campos com muito lixo, porcos, vento, poeira e chegamos ao local, máquinas fantásticas abandonadas no tempo, da pena de ver, tem muita, mas muita mesmo. Visual deslumbrante. Voltamos para cidade e não resistimos, fomos comer uma pizza, acho que foi a melhor pizza que já comi na minha vida, estava uma delicia, será que era fome?

Saímos do Uyuni com meta em São Pedro do Atacama, logo na primeira hora congelamos a água do limpador de para brisa, esquecemos que estava muito frio, ligamos o limpador e surpresa!!! Espera degelar sozinho, senão…

Rodamos uma hora e encontramos uma lhama atropelada no meio da estrada, paramos todos, pede ajuda e a tira do caminho para evitar maiores problemas. Ao pararmos na Vila próxima para avisar do acontecido o pneu da hilux estourou a malha de aço e fizemos a troca do pneu. Seguimos pelas cordilheiras bolivianas, queríamos conhecer as lagunas colorada e verde. O caminho é fantástico, nos riachinhos a água fica congelada em suas margens, o vento frio batia em nossos rostos o tempo todo. As montanhas começam a ter uma vegetação rala, lhamas e guanacos por todos os lados. Começam a aparecer lagunas em todas as depressões de solo, num visual fantástico avistamos a Laguna Hedionda, enorme e completamente lotada de flamingos. Mais à frente temos a Laguna Honda, tbém de visual deslumbrante, mais um pouco e vem a Laguna Chiak KKota, todas com lindas aves cor de rosa, os flamingos.

Passamos por um longo trecho com rípio, se anda devagar o carro parece que vai desmontar. Se correr, o carro parece que vai tombar, é muito louco!

Depois de longo trecho tentando domar o volante eis que surge em nossa frente uma linda e longa Laguna Colorada (PB$ 30,00 p.p). Colorada, pois tem finos sedimentos dessa cor e por causa dos pigmentos das algas que alimentam os flamingos também deixando-os colorados.

Passamos longo tempo fotografando esta maravilha, tivemos um contratempo com gasolina e diesel em tanque errado e isto nos tomaram tempo além do esperado nos fazendo acelerar para conseguir fazer a aduana boliviana a tempo. Neste dia chegamos à maior altitude da viagem toda, 5045mts. Chegamos a São Pedro do Atacama às 20h40, jantar para brindar tão maravilhosos dias!

Início do retorno – Aqui começa nossa volta, saímos de São Pedro do Atacama às 14h, depois de levar um chá de cadeira na aduana. Na noite anterior fomos orientados a voltar no dia seguinte para fazer os papéis. Ao chegarmos no dia seguinte levamos a maior “comida”, pois não podíamos ter entrado na cidade sem fazer os papéis, ai agüenta, até provar que fomos orientados a fazer isso, foi dose, mas acabou tudo bem e começamos a volta pelos Andes.

Chegamos a Purmamarca às 20h30, dormimos. Saímos cedo e fomos dormir em Corrientes.

De Corrientes chegamos a Puerto Iguazu, no trecho de Misiones fomos parados pela policia rodoviária que encrencou novamente com quebra mato e engate, foi difícil de sermos liberados, mas pra variar tudo se resolve.

Em Puerto Iguazu visitamos as Cataratas, fantástico ver o Brasil do lado de lá, passeio maravilhoso, vale à pena visitar (30,00 p.p).

Seguimos para Foz, dormimos, visitamos Paraguai é óbvio, e ainda fizemos um tour na Usina de Itaipu (R$ 36,00 p.p) também fantástico.

Mais uma noite e puxamos pra Sampa.

Em 23/10/09 chegamos em casa, mais uma pra nosso álbum e já estamos preparando a próxima expedition.

Deu vontade? Vem com agente! “A vida é da cor que você a pinta e nós colorimos a nossa”

Números da viagem

Participantes:

Nossos agradecimentos, aos companheiros de viagem, mais uma vez juntos e correu tudo como esperado, foram fantásticos. Aos colegas que ficaram na torcida, pelo carinho e participação no blog nos incentivando. Aos colegas que nos emprestaram objetos para que tudo corresse bem. Ao fornecedor do tracklog, perfeito, só faltou a laguna Cejas, mas já ta incluído e quem precisar está a disposição.

Este texto foi escrito por: Márcia Colevati, especial para o Webventure