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Minha aventura: Gabriela Carvalho conta sobre a vitória da equipe Lobo Guará na Expedição Chauás 2006

Tudo começou na sexta feira à noite quando retiramos o kit da prova e tivemos uma boa surpresa: o número da nossa equipe, 13. Mesmo número com o qual fui campeã do EMA em 1999. Número da sorte.

Às 11h30 da manhã de sábado, dia 23/09, foi dada a largada da Expedição Chauás, junto com a Chauás Race e Summer Night. Nossa equipe, Curtlo Lobo Guará, inscrita na categoria expedição (120 quilômetros), era composta por Gabi, Rodolfo, Pietro e De Paula. A largada foi de bike, com um breve trecho plano no início para aquecer e logo uma loooonga subida. Depois, um downhill alucinante, muito técnico e maravilhoso.

Estávamos em primeiro dos quartetos mistos, quando faltando apenas um minuto para chegar ao PC 1, nosso primeiro contratempo: um pneu furado. Arrumamos rápido, antes mesmo de sermos ultrapassados pelas outras equipes, porém, na afobação, montamos o pneu errado, tivemos que esvaziar e começar tudo de novo. Perdemos varias posições. Deixamos as bikes no PC 1 e seguimos para um curto trekking onde 2 integrantes pegavam o duck e os outros dois seguiam de trekking para o PC3.

Rodolfo e Pietro remaram. Mais um contratempo: duck furado. As poucas posições que havíamos recuperado foram perdidas novamente. Juntamos a equipe no PC 3 e seguimos de volta para o PC onde havíamos deixado as bikes. Empregando um ritmo forte, desta vez sem contratempos, e recuperando várias posições, chegamos em segundo lugar no PC 5, que ficava no mesmo lugar da largada, e apenas oito minutos atrás da selva. Saímos para o trekking de 40 quilômetros, subindo a serra, onde sairíamos de aproximadamente 700 metros de altitude até o PC 7, a um metro!

Mudança de clima – 900 metros de altitude e onde estaria nossa caixa de abastecimento. Saimos em um ritmo forte e, meia hora depois, dá lhe chuva, vento e frio. Com uma hora de trekking, o Rodolfo começou a não se sentir bem, enjôo, e muita dor nas costas. Trabalho em equipe: De Paula leva a mochila e Pietro vai rebocando.

Nosso ritmo diminuiu bastante e outras equipes foram encostando. Um errinho de navegação, algumas posições perdidas, um acerto, outras posições recuperadas… Subida da serra pesadíssima, mas conforme íamos subindo, a vista ia ficando cada vez mais linda. Chegamos no PC 7 no alto da montanha, logo no início da noite, ainda em segundo lugar, onde deveríamos encontrar nossa caixa.

Porém encontramos apenas o Lucas, avisando que por causa da chuva, o caminhão não tinha conseguido chegar. Seguimos em frente, sem água e com pouca comida, porém 15 minutos à frente encontramos uma caminhonete subindo com as caixas. Fizemos um reabastecimento rápido e seguimos, junto com outras 2 equipes.

Ainda com um ritmo lento e com o Rodolfo passando muito mal, fomos logo ultrapassados. Optamos por fazer um caminho mais longo por estrada ao invés de arriscar um atalho por uma trilha e, no PC 8, 15 quilômetros adiante, descobrimos que não foi uma boa estratégia. Caímos para a quinta colocação, 1h20 atrás da primeira colocada.

Apesar do desânimo momentâneo, continuamos. Mais uma serra para subir, e depois descer tudo. Uma descida interminável ao lado de um aqueduto, em uma nova modalidade, o skibunda. Impossível ficar de pé, tinha que descer escorregando mesmo. Levamos mais de uma hora para fazer essa descida, e depois entramos na parte onde a navegação se complicou e a chuva apertou.

Começamos a ver headlamps para todos os lados. Concentramos no mapa e fomos seguindo o azimute. Havia várias trilhas de boi, o que confundia bastante, ainda mais à noite e com chuva. Pegamos a trilha errada e fomos tentando corrigir, porém sempre seguindo em frente. Até que chegamos a conclusão que a trilha certa deveria estar mais à cima. Fizemos uma escalaminhada de uns 50 metros e, para nossa sorte, batemos em uma casinha que ficava exatamente no fim da trilha e início da estrada de terra, que descia direto para o PC 9, 7 quilômetros a diante.

Em primeiro – Chegamos no PC 9 já exaustos e descobrimos que estávamos em primeiro. A animação foi geral. Pegamos as bikes, transição a jato e mais 12 quilômetros para a chegada, em um ritmo alucinante, com medo de sermos ultrapassados. Mal sabíamos que a segunda equipe só chegaria 4 horas depois… Terminamos a prova às 4h15, e as próximas equipes só começaram a chegar depois das 8h30.

Conseguimos um feito inédito no Chauás: terminamos a prova antes da previsão da organização. Parabéns ao Lucas pela excelente prova, organização e astral. Uma verdadeira prova de aventura!

Agradecemos nosso patrocinador Curtlo, e nossos parceiros: Ciclovece, 4any1, Half Dome, Runner e Adventuremag.

Este texto foi escrito por: Gabriela Carvalho