Helicóptero levava os aventureiros até as colônias (foto: Arquivo pessoal/ Zelfa Silva)
Gunnar e Zelfa embarcaram mais uma vez em Ushuaia, a bordo do poderoso quebra-gelo Kapitán Khlebnikov, de 25000 HP, para mais uma incrível aventura na Antártida. Esta viagem foi a primeira na história do turismo Antártico a sair no princípio de outubro, quando a Antártida ainda está completamente com seus mares gelados.
A travessia da Passagem do Drake foi super tranqüila (um Drake Lake, e não um Drake shake), acompanhados por muitos albatrozes, pintados, petrels e algumas baleias. Dois dias depois, passamos ao lado das Ilhas Shetlands do Sul, totalmente cobertas de neve e gelo nesta época do ano. Entramos pelo Estreito Antártico passando pela base argentina Esperanza e Marambio, com suas montanhas altas também cobertas de gelo. Um dia espetacular de sol para navegar a baixas latitudes.
A caminho do nosso destino, a Ilha de Show Hill, onde se encontra a base sueca do Dr. Otto Nordenskjold (1901-1903), enfrentamos enormes dificuldades para quebrar o gelo do mar congelado, com dois a três metros de espessura. Os ventos estavam fortes, vindos do sul da Antártida.
Quebra-gelo – Foram quase dois dias no Mar de Weddell, quebrando gelo a uma velocidade menor que um quilômetro por hora. Em alguns momentos, podíamos ver um mesmo iceberg durante várias horas sem conseguir avançar um metro. O quebra-gelo conseguia quebrar cinco metros para a frente, mas dava ré 50 metros e avançava a todo vapor conseguindo mais uma vez quebrar mais cinco metros. Foi uma experiência incrível ver uma máquina tão potente quebrar o gelo que é duro como concreto.
Finalmente o barco encontrou um lugar no gelo para estacionar com segurança. Assim, os 100 passageiros puderam desembarcar e caminhar no meio dos icebergs para tirar lindas fotos. O dia estava espetacular como sempre, um sol forte e um vento Antártico levou a temperatura a baixar a -25ºC.
O barco estava parado a 12 quilômetros da colônia dos pingüins Imperadores. Em grupos de seis pessoas, voamos de helicóptero até dois quilômetros de distância da colônia, para não perturbar os pequenos filhotes com o ruído dos motores. A caminhada de cinco a seis quilômetros, ida e volta, no meio dos icebergs já é uma aventura extrema. Muitas vezes cruzamos fendas abertas no mar congelado, onde observávamos focas de Weddell amamentando seus filhotes recém-nascidos.
Gunnar já estava morto de frio (-25ºC no vento) depois de duas horas de caminhada até a colônia. Durante o caminho, víamos centenas de pingüins Imperadores caminhando em direção ao mar para se alimentar, enquanto outros grupos voltavam com seus papos cheios de krill para alimentar os filhotes.
Eles passavam um metro ao nosso lado sem se preocupar com a nossa presença. Paravam e estudavam a gente com todo interesse, parecíamos uma nova espécie de pingüim com nossas jaquetas amarelas. Somos os primeiros turistas a visitar a pingüinera de Show Hill. Calculamos que havia em torno de 3000 pares de pingüins Imperadores. É, realmente, uma experiência fascinante ver todos esses pingüins juntos com seus filhotinhos. Parecia que estávamos participando do filme a Marcha dos Pingüins!
Durante três dias, ficamos em total contato com as oito colônias existentes em Snow Hill. Muitos icebergs azuis e montanhas cobertas de gelo rodeavam toda essa imensa região. Durante as inúmeras vezes que voamos de helicóptero por cima do mar congelado, observamos a marcha dos pingüins indo e vindo do mar. É um espetáculo ver essa ave sobreviver em um ambiente tão hostil, frio, ventoso e de difícil acesso. Eles chegam a caminhar até 100 quilômetros para encontrar mar aberto e poder se alimentar.
Retorno – Durante o retorno, visitamos uma montanha chamada Brown Bluff, um lugar muito lindo onde fizemos um vôo até o cume da montanha. A vista do alto da montanha foi deslumbrante. Tudo ao nosso redor era branco. O céu estava azul e, ao longe, víamos o nosso pequeno quebra-gelo na imensidão do Mar de Weddell.
Desembarcamos nos zodiacs e visitamos uma colônia de pingüins Adelie e Papua. O sol brilhava na plumagem dos pingüins. Eram milhares deles ao nosso redor. Foi a nossa despedida do continente Antártico. Voltamos ao Ushuaia felizes por ter feito a nona aventura na Antártida. Gostaríamos de ver mais amigos brasileiros a bordo viajando conosco!
Realizaremos essa mesma viagem no próximo ano, em novembro de 2007. Para mais informações, acesse: www.antarcticacruises.com.br
Este texto foi escrito por: Zelfa Silva