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Montanhismo de São Paulo se organiza pela primeira vez


Pedra do Baú: escaladores sofrem com atuação indiscriminada de empresas (foto: Tom Papp)

Seguindo a tendência de outros estados, o montanhismo de São Paulo também está se organizando. A Federação Paulista de montanhismo teve a primeira reunião no último 28 de outubro e uma segunda no último dia 7, abrindo a discussão entre os clubes da modalidade para as normas que devem reger essas entidades e servir como padrão de qualidade até para empresas interessadas.

“Hoje em dia cada um faz o que quer. A Federação viria padronizar, mas a idéia não deixar ninguém de fora, todos terão a chance de se adaptar às normas que forem estabelecidas”, diz Marcelo Krings, colaborador da Webventure, que esteve nos dois encontros representando o Clube Alpino Paulista. O grupo ainda espera a adesão de outros clubes. “Quando se fala em organizar, poucos aceitam, pois dá um ar de cerceamento.”

As federações do Rio de Janeiro, recém-criada, e do Sul (Associação Gaúcha de Montanhismo), servirão como fontes para a organização paulista. Já participam das reuniões, além do CAP, o CEU (Clube de Excursionismo Universitário), CUME e Clube de Montanhismo da Serra da Mantiqueira, irmão mais novo dessas entidades. “Já estamos nascendo com tudo regularizado. Até agora só o CAP é assim”, explica Silvério Nery, do CMSM.

Selo de qualidade – A questão da segurança é ponto principal neste movimento. “Já vi gente que fez curso no CAP e, meses depois, virou instrutor, omitindo a experiência. É muito perigoso, mesmo que os clientes nunca se machuquem, com certeza a experiência que essa pessoa está passando para os clientes é deficiente”, explica Krings. Como controlar as atividades das empresas que promovem o montanhismo? “Isso não está definido. Minha opinião pessoal é que essas empresas que quiserem se manter no mercado vão utilizar um padrão de quem pode pendurar alguém numa corda, como, quando onde e porquê. Vai sei como um selo de qualidade”, compara.

Para Nery, que vive em São Bento do Sapucaí (SP), próximo ao complexo do Baú, uma das práticas mais prejudiciais na região tem sido o rapel, feito indiscriminadamente por algumas empresas. “Tem gente que sai por aí grampeando tudo, rapelando por cima de escalador…”, avisa. “Se houver uma normatização, as pessoas poderão escolher quem procurar.”

“O cliente vai optar entre fazer uma atividade de risco com empresa que não tem esse registro ou com aquela que estiver dentro dos padrões”, completa Krings. Mas a federação ainda está em fase de planejamento. “Não temos pressa, estamos há tanto tempo sem organização… Se nos adiantarmos, vamos incutir em erros”, lembra o montanhista do CAP. “Convoco outros clubes a se manifestar, mandem e-mail para cap@webventure.com.br“.

Por hora… – Enquanto as regras não são implantadas, Krings dá dicas sobre como evitar “uma fria” na hora de se aventurar nas montanhas. “As ‘frias’ hoje são mais comuns do que há 10, 15 anos, porque a mídia, a propaganda vende a imagem da aventura a qualquer preço, em qualquer lugar… Sem experiência não se aproveita bem e a aventura pode ter conseqüência mais grave”, ensina. “A dica é procurar clubes antigos, como o CEB, no Rio, o CAP e o CEU, em São Paulo. Antes de entrar numa roubada, aprenda. Sua aventura vai ser mais gostosa. Todos deveriam fazer isso, é uma experiência que fica pra todo a vida.”

Este texto foi escrito por: Luciana de Oliveira