Mostra Latino Americana e Mostra Banff Festival de Filmes de Montanha

$Parallelojams (foto: Divulgação / Banff Centre)” /> Parallelojams (foto: Divulgação / Banff Centre)</div> Além da Mostra Competitiva, com os filmes brasileiros, o Festival apresentou também outras duas Mostras: a Latino Americana e a Banff. A Mostra Latina era composta de produções da Argentina, México, Venezuela, Colômbia e Chile. Não teve nenhum filme surpreendente, mas quase todos eram bons e interessantes. O destaque, na minha opinião, foi o filme La Vieja Guardia, do México; direção e produção de Andrea Borbolla. No filme, Alfonso Rico, um senhor de 82 anos, montanhista há mais de seis décadas, relata suas experiências e sua visão sobre estar nas montanhas, durante uma ascensão, por caminhada, do Iztaccíhuatl, no México. A não ser nos trechos onde o filme mostra cenas de paisagem, a câmara está quase o tempo todo na frente de Alfonso, enquanto ele fala e sobe a trilha que leva ao topo da montanha. Este detalhe por si só é interessante, pois não é nada fácil subir uma montanha, e conversar ao mesmo tempo, especialmente com 82 anos! A sua visão é de uma geração (ou duas) anterior à de hoje, mas nos identificamos com muitas situações e sentimentos sobre os quais ele fala; o companheirismo, as amizades feitas na montanha, o seu grupo de amigos escaladores, as aventuras que passaram juntos, e o sentimento de escalar montanhas. Os filmes da Mostra Banff foram sem dúvida os que apresentaram mais recursos técnicos na produção; tomadas de helicópteros, vários posicionamentos de câmera, boa edição e um bom áudio, tanto na equalização como na mixagem. O áudio, por sinal, foi um ponto que estava um pouco fraco na maioria dos filmes nacionais, muitas vezes não se conseguia entender o que as pessoas falavam, as vezes pelo fato do som estar abafado ou porque a música de fundo estava muito alta. Nas filmagens, as produções brasileiros estão evoluindo bastante, mas o áudio pode ser melhorado muito. Já os filmes norte-americanos e europeus contam com mais recursos financeiros para realizar as produções, e também estes países já estão produzindo filmes há muito tempo, portanto é natural que no campo técnico, estejam mais adiantados. Porém foi um filme do Kazaquistão que me chamou mais a atenção, e um que não contava com muitos recursos técnicos, o que prova que uma boa idéia e o conteúdo estão acima da questão técnica, quando se trata de cinema, ou arte em geral. O filme se chama Unconquerable Summit; direção de Vladimir Tulkin. É um relato sobre a vida do alpinista Anatoli Boukreev, que se tornou muito conhecido na mídia, no papel de “anti-herói”, no livro do Jon Krakauer No Ar Rarefeito. Em resposta a este livro, o escalador escreveu em 1997 o livro The Climb, sobre os mesmos acontecimentos trágicos no Everest em maio de 1996. Em dezembro de 1997 ele morreu em uma avalanche durante uma ascensão invernal ao Annapurna. Um escalador italiano, companheiro de escalada de Anatoli, conta as estórias que passou com o amigo nas montanhas, inclusive ele estava a poucos metros dele quando a avalanche o pegou. O filme mostra diversas imagens de montanha e trata o tema do alpinismo com profundidade. A Mostra Banff teve outros bons filmes. Parallelojams, direção de Peter Mortimer, é um filme de 18 minutos sobre escalada em fenda, em Indian Creek, Utah (EUA). Fendas de todos os tipos; de dedos, de mãos, de meio corpo e algumas outras. Além de boas imagens de escalada, o filme é bastante didático ao explicar técnicas apropriadas para escalar fendas. Baffin Island B.A.S.E. Jump Adventure, direção de Cliff Hake, é alucinante em termos de imagens. Filmado na Ilha de Baffin, os B.A.S.E. jumpers saltam de montanhas de rocha de 900m à 1.200m de altura, com paredes verticais e negativas, o que possibilita saltos perfeitos. Estes picos de granito se encontram nos fiordes da ilha, e despontam sobre uma planície de gelo; o oceano ártico congelado. O visual é de outro mundo. Este é um local muito conhecido de escalada também, existem muitas vias nestas paredes, muitas delas abertas por um dos B.A.S.E. jumpers do filme, Mike Libecki, que já esteve inúmeras vezes no local, muitas em solitário. Outro filme muito bom foi Sur Le Fil Des 4000, direção de Gilles Chappaz. A estória se passa nos alpes, e relata as escaladas de dois alpinistas franceses, Patrick Bérhault e Philippe Magnin, que tinham o projeto de escalar todos os 82 picos acima dos 4000 metros nos alpes. Com pouco ou nenhum intervalo entre uma montanha e outra, os escaladores relatam suas impressões e experiências quando estão nos refúgios de montanha, entre as escaladas. Embora sintam a pressão (deles mesmos, não externa) de cumprir o objetivo, fica claro que o que os dois mais gostam é simplesmente escalar, estar nas montanhas. Ao tentar a 67ª montanha, Patrick cai de uma aresta e desaparece na face abaixo. As imagens de montanha desse filme são excelentes, é um cenário muito bonito; névoa, nuvens, céu aberto, e a imponência do maçico dos alpes. Esta foi a 6ª Mostra Internacional de Filmes de Montanha. Parabéns a todos que colaboraram e tornaram possível este evento, especialmente à Larissa Cunha e Alexandre Diniz. Torcemos para que no ano que vem tenhamos a 7ª edição! Este texto foi escrito por: Filippo Croso <div class=$