Viajar de moto pelos cinco continentes não é nenhuma aventura hoje em dia. A definição é do próprio autor da idéia, que ele considera inédita para um brasileiro. “Não sou aventureiro, sou um viajante. Nesta expedição terei momentos de aventura, mas não tenho essa pretensão. Estou indo atrás do meu sonho”, revela Raphael Karan. Por causa de um desejo ele cai na estrada a partir de amanhã para encarar 64.946 km sozinho, dormindo em albergues e gastando até 30 dólares por dia na expedição Cinco Continentes, que tem o apoio da Webventure.
Partindo de São Paulo, Karan vai seguir até o Alasca. De lá, volta ao Canadá para três meses de estudo, frutos de uma bolsa que ele conseguiu ao buscar patrocínio. Se tiver apoio financeiro, seguirá para a Europa, depois Ásia, Oceania e, por último, a África. “Não tenho data marcada para terminar a viagem, mas não pretendo voltar ao Brasil antes de concluí-la”, avisa o dono de uma Yamaha XTZ 750cc.
Sempre em moto, Karan já rodou pela América do Sul (1996), Europa (93), além de pontos do Brasil como a Chapada Diamantina e o Parque Nacional de Aparados da Serra (RS). “Mas mesmo nessas regiões, ainda há muitos lugares a conhecer, como Foz do Iguaçu, por exemplo, minha primeira parada após São Paulo”, confessa. Entre os lugares que Karan não vê a hora de visitar estão o lago Titicaca, na Bolívia e as ruínas maias no México. Curiosamente, locais quase desertos, um diferencial para quem aponta como um dos objetivos da empreitada, conhecer pessoas. “As duas coisas são muito importantes para mim. Visitar o local e entrar em contato com gente. E a moto, então, torna tudo mais fácil. Nela você está exposto, em contato direto com o clima, o chão está há poucos centímetros… Prefiro muito mais do que um carro.”
Sorte e prudência – Viajar solitário é outro trunfo para aproveitar melhor a viagem, diz Karan, que é fã de Amyr Klink. “Se eu chego em uma cidade, logo vou cumprimentar as pessoas, fazer amizade. Quando estou acompanhado, chego conversando com aquela pessoa, me isolando dos demais.”
No entanto, o paulista não nega os perigos de viajar em duas rodas. “É preciso muita atenção, mas o motoqueiro em geral tem isso, porque se desgrudar da moto, cai. Aliás, nunca tive um acidente. É uma combinação de sorte e prudência”, explica. Ele garante que, apesar de sofrer preconceito na cidade, o motoqueiro é bem visto aos olhos dos outros quando viaja. “As pessoas estão sempre curiosas. Na Europa, é mais comum, mas todo mundo é muito gentil. Quando cheguei na França, não falava nada. Um motoqueiro chegou a me guiar até a porta do albergue, ao invés de simplesmente indicar o caminho”, conta.
Dormir em albergue, além de econômico, é outro meio de se fazer amigos e garantir histórias incríveis. “Cheguei a conhecer no Chile um espanhol que também viajava de moto. Ali ele tinha encontrado uma brasileira que fazia um roteiro de bicicleta. Não deu outra: apaixonado, ele despachou a moto de volta para Madri e comprou uma bike para acompanhá-la. Quando a viagem dela terminou, os dois foram embora para a Espanha.”
Se por um lado é apegado à simplicidade, Karan não dispensa a tecnologia nesta esta ‘volta ao mundo’. A moto vai equipada com três baús de 40l, à prova d’água. Dentro deles, além de barraca, cantil e ferramentas, câmera fotográfica, minigravador e um microfone a ser instalado no capacete quando ele quiser gravar a narração de trechos especiais da viagem. Todos os detalhes estarão a Webventure a partir das próximas semanas, confira!
A expedição Cinco Continentes tem apoio de Webventure, Berlitz, DHL, Morumbi Shopping, Michelin, Leather Way, Braitner, Mercearia, Eldorado FM e revista Motociclismo.
Este texto foi escrito por: Luciana de Oliveira
Last modified: janeiro 7, 2000